Governo Ney desrespeita direito de crianças com autismo de ter auxílio de educador em sala, mostra TV

Morador luta para filho ter auxiliar de classe na escola no Pq. Pirajuçara, relata jornal; pais reclamam que os alunos estão sem os profissionais em 16 colégios municipais

Especial para o VERBO ONLINE

Escola Valdelice, no Parque Pirajuçara, onde Antonio estuda; Joel reclama de que o filho não acompanha conteúdo escolar por falta de auxiliar de classe no colégio | TV Globo

Crianças com autismo podem ter dificuldade para compreender gestos, identificar expressões faciais, expressar as próprias emoções, interagir socialmente (fazer amigos), mas devem ter educação de qualidade, inclusive com a oferta de profissionais que auxiliam os professores na alfabetização do aluno – muitos sinais do TEA (transtorno do espectro autista) até são superados com o ensino inclusivo. O direito não está garantido, porém, em Embu das Artes.

É o que noticiou o “Bom Dia São Paulo” (TV Globo) em reportagem exibida nesta sexta-feira (31), por ocasião do Dia Mundial de Conscientização sobre Autismo, comemorado neste domingo (2). O jornal mostrou que pais reclamam que Embu não oferece assistente de ensino na rede municipal. Para o morador Joel Rocha, ver as folhas em branco ao abrir o caderno do Antonio, de 10 anos, é alerta de que o filho não está acompanhando o conteúdo da escola, relata o “BDSP”.

“A gente sabe que ele é esforçado, tem um bom entendimento. Ele é ótimo em matemática, tem uma boa interpretação. Mas tem pouco material porque não tem condição de escrever”, diz Joel. Antonio está no sexto ano do ensino fundamental – foi diagnosticado com TEA no terceiro. Ele estuda na escola Valdelice Prass, no Parque Pirajuçara. Segundo o pai, a criança está sem acompanhamento em sala de aula desde o retorno presencial pós pandemia da covid-19, há 2 anos.

Em 2021, o próprio pai teve autorização da direção para acompanhar o filho nas aulas. “Chegava às 7h, ele entrava, eu esperava dar 8h na porta para poder entrar já encontrá-lo [na sala], após o lanche. E ficava até as 11h. Eu ficava ao lado dele. Evitava me envolver na matéria, mas ficava [falando] ‘Antonio, copia’, ‘Antonio, copia’. Que era só o que eu queria”, diz. Pelo menos 13 mães reclamam que os filhos, autistas, estão sem auxiliares de classe em 16 escolas, diz o jornal.

“A luta para ter a assistente é para estar ali ‘puxando’ ele: ‘Antonio, tem que fazer a lição’. Ele rende pelo menos 50% a mais do que está rendendo agora”, reclama Joel. A reportagem informa que o que os pais de crianças autistas querem não é favor nenhum, que uma lei estadual diz que a pessoa com autismo tem direito a profissional especializado na sala de aula e o aluno deve ter acesso a um plano de ensino individualizado de acordo com as próprias características.

A prática revela que quando o direito é respeitado a diferença é visível, diz o “BDSP”, sobre o exemplo da escola estadual Província de Nagazaki, no Jardim Brasil (zona norte de SP), onde os autistas contam com auxiliar de classe e suportes pedagógicos. O aluno Ali avançou. “As pessoas falavam com ele, e ele não respondia. Hoje, perguntam para ele: ‘Você fez a lição?’ [Ele:] ‘Sim, eu fiz hoje’. Antes, ele não respondia, não conseguia interagir”, conta a mãe Tássia Brito.

A reportagem lembra que a assistência adequada a toda criança na escola é o básico, mas precisa virar regra. “O ensino [tem que ser] mais humanizado, [com] mais empatia. A gente tem muitos fatores [possibilidades]. [Mas] Parece que eles estão ali passando um cronograma e a criança tem que acompanhar, e a nossa criança especial precisa de auxílio para poder se igualar [aos demais alunos]. Isso é inclusão!”, diz o pai Joel, sobre a educação municipal de Embu.

Questionada pelo “BDSP”, a Prefeitura de Embu (governo Ney Santos, Republicanos) disse, em nota, que “nesta semana foi aberto um processo de contratação emergencial de professores efetivos que queiram completar a jornada de trabalho atuando como auxiliares”. “Mas não houve respostas sobre quando esses profissionais começam a atuar. Coincidência, né? – exatamente na semana que tratamos do assunto”, comenta o apresentador Rodrigo Bocardi.

O VERBO noticiou no último dia 21 que mães denunciam que Ney é negligente com os alunos com autismo, devido a falta de auxiliares de classe. O vereador Abidan Henrique (PSB) lamentou que Embu seja tema de mais uma notícia negativa. “Nossa cidade cada vez mais famosa pela incompetência da atual gestão. Quero destacar a observação que o Rodrigo Bocardi fez: muito curioso que na semana da reportagem eles estejam contratando os profissionais”, aponta.

“Já estamos no último dia de março, as aulas começaram em fevereiro e só agora vão começar a contratar. Mais uma vez vemos o descaso com a educação e a falta de comprometimento com o povo embuense. Essa gestão é vergonhosa”, afirma Abidan. Ele pede que a população acompanhe nas redes sociais a luta da Associação de Mães Atípicas de Embu das Artes (Maeb) pela contratação de auxiliares de classe nas escolas municipais de Embu – clique aqui

VEJA REPORTAGEM DO ‘BOM DIA SP’ SOBRE A FALTA DE AUXILIAR DE CLASSE PARA CRIANÇAS AUTISTAS EM EMBU DAS ARTES

Vídeo: ‘Bom Dia São Paulo’|TV Globo/Reprodução – Facebook Abidan Henrique

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