‘Difamada e caluniada, minha integridade foi completamente ferida por Falcão’

Especial para o VERBO ONLINE

Com Buscarini à mesa e Pedro, 1º-secretário do Conseg, Falcão grita com o vice-prefeito e diretoria do Conseg, para depois difamar e caluniar Elaine | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Rodrigo Falcão foi flagrado por câmera de vídeo ao dar um soco no rosto de uma moradora de Taboão da Serra, em 2020. Já neste ano, em abril, ele, como secretário de Segurança do governo Aprígio (Podemos), feriu outra mulher, na dignidade, ao dizer que a então presidente do Conselho Comunitário de Segurança Monte Alegre integrava a diretoria do Conseg por ser amante do ex-vereador Cido (PSB) e ter feito “rachadinha” (repassar parte do salário ao político).

“A minha integridade foi completamente ferida. Ele me difamou, me caluniou”, diz Elaine Calmon. “Eu estava ali para exercer a minha cidadania e ajudar as pessoas do meu município. E nada disso aconteceu. Com a falta de respeito dele”, frisa, em depoimento dado ao VERBO antes de o secretário ser demitido por socar a mulher, na quarta (19). Falcão, com perfil “misógino”, também atacou duas guardas municipais mulheres. Leia a “Entrevista da Semana”.

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Intenção de “causar”
Elaine Calmon –
Desde o momento em que ele [Rodrigo Falcão] chegou à reunião [no dia 28 de abril no Senac Taboão] foi para “causar”. Não chegou sozinho. Chegou acompanhado de uma legião [guardas municipais à paisana e “assessores” como seguranças] que, para mim, é capanga. E chegou com algumas mulheres para “causar” também, para mim não é mulher que vai realmente para querer resolver questões da região – foram para “causar”. Ficaram me ofedendo, dizendo que eu era “cidete” [alusivo ao ex-vereador Cido]. Na época que estava no gabinete, eu prestava serviço para a população, pegava meu fim de semana para fazer confecção de máscaras [contra covid-19] para ajudar as pessoas… Enfim, eu trabalhei. Trabalhei muito! Se tem gente que é livre-nomeado e não trabalha, cada um com seu cada um. Eu trabalhei, ninguém pode dizer que não. Ridícula a forma como tudo foi conduzido [tumulto de Falcão e apoiadores]. Para mim, foi puramente político. Eles foram “causar” porque o vice do Aprígio [vice-prefeito José Vicente Buscarini] foi, compôs a mesa. Aí começou a baixaria. Baixaria!

Ataque deplorável
Elaine –
Ele [Falcão] disse: “Tem pessoas aqui que têm caso extraconjugal com o Cido e fazia e fazia rachadinha dentro do gabinete”. Lógico, ele não citou nome. Mas a única mulher presente na mesa era eu! A única pessoa que trabalhou no gabinete, na assessoria do Cido, fui eu! Então, ele falou para mim! Eu me senti completamente desrespeitada! No período em que trabalhei com o então vereador Cido, na política, eu era casada. Então, eu nunca tive nenhum, nenhum envolvimento com o Cido. Jamais. Jamais. Meu Deus, jamais passou isso pela minha cabeça. Eu tinha o meu marido, que inclusive era conhecido do Cido. Ele disse que eu só fazia parte da diretoria do Conseg porque eu mantinha, mantinha…, ele afirmou que eu ainda era amante do Cido, e praticava rachadinha. Eu não praticava rachadinha. Ele teria que provar isso!

Difamação e calúnia
Elaine –
Ele disse que eu não tinha prerrogativas para fazer parte da diretoria do Conseg, sendo que participei de todas as reuniões com o capitão Damasceno [então comandante da 4ª Companhia da Polícia Militar], junto com a Sueli Amoedo, com a diretoria [demais membros]. O Conseg passado [integrantes anteriores] nos passou a diretoria. Assinamos [a posse]. Foi feito tudo corretamente. E ele me desrespeita dessa maneira. Ele desrespeitou o Pedro [Iazzetta], o primeiro secretário, menino que faz tudo pelo Conseg. Foi desrespeitado também, não fui só eu. Mas realmente ele [Falcão] me difamou, me caluniou. Sinceramente, foi ridículo aquilo ali. Ri-dí-cu-lo! Eu nunca passei por uma situação tão constrangedora como aquela. Ele foi tão ridículo, tão ridículo com esse comentário, que me deu ânsio de vômito.

Desrespeito e desequilíbrio
Elaine –
Eu pensei em tudo antes de sair daquela reunião. Eu estava realmente ali por uma questão de cidadania, sabe? [Pensava:] “Faço parte, sou vice-presidente do Conseg, vou ajudar as pessoas. Sou bacharel de direito, eu quero ajudar as pessoas do meu município, não estou envolvida em política mais. Eu tenho carteira assinada [na iniciativa privada], tenho meu trabalho, não preciso de política para sobreviver. Eu estava fazendo o que acho que é certo, o que minha cidade precisa, ajudando. Eu não ganho um real para estar no Conseg, não ganho uma bala furada para fazer parte daquilo. Muito pelo contrário, eu tive que pedir para o meu chefe me dispensar mais cedo para que eu pudesse chegar a tempo na reunião, eu me dispus a estar no Conseg para exercer a minha cidadania! Para levar as questões para as polícias, e em conjunto com a comunidade ver o que a gente poderia fazer para melhorar a segurança de onde mora. Eu estava ali por isso! Mesmo porque, como sou da parte do direito, é algo que eu gosto, tenho prazer, e tenho um pouco de entendimento. Um pouco, eu digo, porque nem tudo a gente sabe, mas a comunidade ia estar ali para falar para a gente o que estava acontecendo, o que poderia ser feito. Era para isso que estava ali! E nada disso aconteceu. Com as gritarias, com a falta de respeito dele [Falcão].

Dignidade ferida
Elaine –
A minha moral, minha integridade foi completamente ferida naquela reunião, por isso tive que me retirar, não tinha condições de continuar ali. A minha vontade realmente era acabar com ele ali, processá-lo, enfim. Mas depois que eu saí de lá vi que ia me desgastar muito com isso. Porque ele faz isso com todo mundo aqui em Taboão da Serra e não há penalidade para ele. Mas também pessoas – não vou citar nomes – entraram em contato comigo, pedindo para deixar para lá, por minha segurança, porque ele ameaça. Eu não teria medo. Teria que enfrentar isso, e sinceramente a minha vontade era ir até o final [em processar]. Mas minha mãe ficou muito preocupada comigo, porque esse pessoal realmente é barra pesada. Ela pediu para que eu deixasse para lá e saísse do Conseg [o conselho encerrou os trabalhos após perseguição política de Falcão].

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