Celsinho diz que Ney como cumpridor de acordos é ‘folclore’ e rompe com prefeito em ‘definitivo’

Especial para o VERBO ONLINE

Ney, acusado por Celsinho de não respeitar e desprezar aliados; ex-correligionário diz que prefeito cometeu erros de 'amador' e ruma para o 'ostracismo' | AO/Verbo

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O ex-secretário de Embu das Artes Celso Vasconcelos, o Celsinho, rompeu politicamente com o prefeito Ney Santos (Republicanos) e em “defintivo”. Ele fez várias e incisivas críticas a Ney, de quem foi “escudeiro” por 12 anos – com hiatos de afastamento, mas por ter sido “preterido”. Celsinho sempre demonstrou insatisfação por Ney ter recrutado para o grupo político figuras como Jones Donizete e Renato Oliveira, mas a eleição deste ano foi a gota d’água.

Celsinho deu depoimento ao VERBO para falar das rusgas com Ney e da decisão que tomou. Afirmou que rompeu por Ney impor que apoiasse candidatos a deputado estadual que lançou, Jones, Marco Roberto e Daniel Bogalho. “Fui convidado várias vezes para coordenar a campanha da irmã dele [Ely Santos, a federal] e do pastor Marco Roberto. Eu disse que não apoiaria nenhum dos candidatos estaduais dele. Isso culminou no meu rompimento”, declara.

Inicialmente, Ney teria aceitado a condição. “No primeiro momento, ele concordou, disse que eu podia só fazer campanha da Ely, não teria problema nenhum, até porque ela teria várias dobradas fora. Depois ele disse que não, se não fosse para apoiar nenhuma das candidaturas [a estadual] dele que não tinha interesse. Falei: ‘Quem não tem interesse em apoiar as suas candidaturas sou eu. Ser for para apoiar obrigatoriamente, prefiro me abster'”, conta.

A relação começou a ruir. “Eu tinha um compromisso político com ele. Ele passou a não querer cumprir, dizendo que eu estaria falando mal dele. Eu nunca falei mal dele, muito pelo contrário, sempre fui muito autêntico com ele. A partir do momento em que ele impôs, quando eu pedi para não apoiar, começou a se criar uma instabilidade. Da instabilidade se criou uma insatisfação. Acabou tendo um atrito entre eu, ele e o engenheiro Daniel [Bogalho]”, diz.

Após a confusão – pública -, Celsinho deixou a órbita de Ney. “Achei por bem romper com ele, entendendo que meu ciclo político com Ney Santos tinha acabado ali”, diz sobre a união de 12 anos, turbulenta. Ele foi escanteado após Ney agregar Jones e Renato, em 2015. “Fui preterido lá atrás quando ele se aliou com o grupo político que hoje dá sustentação para ele. Tive que conquistar meu espaço peitando, provando minha liderança na cidade”, lembra.

Após ser chefe-de-gabinete do presidente da Câmara Hugo Prado (MDB), a convite de Ney, Celsinho se tornou secretário de Serviços Urbanos. Mas durou só 1 ano no cargo. “O meu trabalho estava ofuscando alguns secretários, inclusive esse grupo político dele. E fui me afastando automaticamente. Achei melhor me afastar definitivamente. Além de ser uma posição pessoal, minha família não quer mais que eu me aproxime deste grupo político do Ney”, diz.

Celsinho passou a desfilar defeitos do aliado, ao indicar que Ney não honra acordos e é desleal, a começar por ter perseguido vereadores aliados. “Ney Santos tem um jargão, de que é um prefeito que cumpre, mas é folclore. Ney não é um prefeito que cumpre, prova disso que recentemente sofreu um desgaste na Câmara. Só reatou porque sabia que o rompimento ia custar muito caro, para o projeto de lançar a irmã candidata a deputada federal”, afirma.

“O prefeito Ney Santos só valoriza, só respeita as pessoas quando servem ele. Depois, ele descarta. Na vida pública, pagam um preço muito caro aqueles que subestimam e desprezam os aliados. Ney acaba cometendo muitos erros, de amador, quando briga publicamente com o prefeito de Itapecerica [da Serra] e bota um secretário lá [Jones] para ser oposição. E quando briga e rompe com o prefeito Aprígio. Ele colaborou com a eleição de Aprígio”, avalia Celsinho.

“Ou seja, ele [Ney] só pensa no projeto político-pessoal dele, não pensa no projeto político regional. Infelizmente, já chegou no ápice da política, não vai passar disso. Ele subestima demais as pessoas […]. Ele não mede consequências. Ele tem feito e usado do poder para se promover politicamente, [para promover] a vida pessoal e familiar dele. Não merece o respeito de todos nós da região. Ele só merece e goza do direito dos que se tornam serviçais dele”, critica.

Celsinho prenunciou os dias vindouros de Ney. “Muitos que hoje estão com ele não estarão mais. Muitos estão com ele pela vida financeira que ele oferece, [mas] essas no futuro também não estarão com ele. Estou há 30 anos na vida pública, conheço esse histórico de qualquer prefeito. O dia que ele deixar de ser prefeito não vai conseguir contar nos dedos da mão quem estará ao lado dele [de tão poucos]. Ele é um político que migra para o ostracismo”, afirma.

“Já tivemos ciclos políticos-partidários na cidade. Tivemos a era Geraldo Cruz, a era Chico Brito e agora estamos passando da era Ney Santos”, raciocina Celsinho. Ele indicou que Ney é ingrato e demonstrou querer rivalizar com o grupo do ex-aliado. “Se eu me viabilizar politicamente tenho interesse em disputar a prefeitura de Embu das Artes, tanto na eleição suplementar como na eleição de 2024”, revela, ao considerar que Ney terá a cassação confirmada.

Celsinho deu a declaração ao ser indagado sobre não apoiar candidatos majoritários de Ney, após aparecer na propaganda de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No vídeo, ele critica Jair Bolsonaro (PL) sobre a compra de imóveis em dinheiro vivo. “Em um podcast, ele [Ney] declara que quem vai ganhar a eleição é o Lula. Depois, muda. Ele se torna um bolsonarista por oportunismo. E hoje é um prefeito que nenhum governador quer posar ao lado dele”, dispara.

OUTRO LADO
Procurado para se manifestar sobre as afirmações do agora ex-aliado Celsinho, o prefeito de Embu foi hostil com este portal, como em situações anteriores. “Já falei para você, meu amigo, não perder tempo em mandar mensagem para mim. Você é vagabundo que nem o Celsinho. Vocês dois é [sic] da mesma iguala [sic]. Por isso vocês estão perdendo tempo me chamando”, disse Ney Santos. “O que seria ‘iguala’?”, perguntou a reportagem. Ele não respondeu mais.

OUÇA DEPOIMENTO CELSO VASCONCELOS EM QUE ANUNCIA ROMPIMENTO COM NEY E CRITICA PREFEITO

OUÇA RESPOSTA DE NEY SANTOS AO SER INDAGADO SOBRE AS AFIRMAÇÕES E CRÍTICAS DE CELSO

VEJA VÍDEO DA CAMPANHA DE LULA EM QUE CELSINHO CRITICA PRESIDENCIÁVEL APOIADO POR NEY SANTOS

Vídeo – Divulgação

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