ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em São Paulo
A vacina Coronavac, contra a covid-19, será ministrada em crianças de 3 a 5 anos. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou nesta quarta-feira (13) a autorização da aplicação. A recomendação da área técnica para a faixa etária é de um esquema vacinal de duas doses, com intervalo de 28 dias. Os imunossuprimidos, pessoas com baixa imunidade, também poderão receber o imunizante, produzido pelo Instituto Butantan, do governo paulista.
A Coronavac, com a qual se começou a imunização dos brasileiros contra covid-19, é também o primeiro imunizante autorizado no país para aplicação no público de 3 a 5 anos – já era usada para crianças, mas a partir de 6 anos, desde janeiro deste ano. Antes apenas os pequenos de 5 anos também já eram contemplados, com a vacina da Pfizer somente. A vacina para a nova faixa etária é a mesma usada em adultos, sem adaptação para versão pediátrica.
A Coronavac para crianças de 3 a 5 anos foi aprovada por todos os diretores da Anvisa. Diretor-presidente da agência, Antonio Barra Torres ressaltou que a vacina “é produzida no nosso país, por instituição centenária, de credibilidade firmada”, inclusive internacionalmente. “Destaco a ausência de opções vacinais para a faixa etária aqui debatida, o que leva à necessidade de se buscar soluções para contemplar essa relevante parcela da população”, salientou.
Na reunião, a Anvisa também apresentou considerações de especialistas e entidades médicas. O infectologista Marco Aurélio Sáfadi, da Sociedade Brasileira de Pediatria, observou que a “doença é menos grave nas crianças, mas não significa que não traga risco de hospitalização e morte”, e defendeu estender a vacinação. “Até o momento no país já registramos mais de 12 mil hospitalizações e 952 mortes atribuídas a covid-19 nessa faixa etária”, relembrou.
A gerente de Farmacovigilância da Anvisa Helaine Capucho relatou uma redução de óbitos no grupo de 12 a 17 anos no período mais crítico da covid-19 neste ano, mas aumento em menores de 12 anos, sobretudo abaixo de 5 anos. Documento da agência aponta que os eventos adversos em crianças e adolescentes é semelhante ao das demais faixas etárias e, após a aplicação de mais de 103 milhões de doses no Coronavac no Brasil, são “raros ou raríssimos”.
Embora a Anvisa tenha liberado a Coronavac às crianças de 3 a 5 anos, o início da imunização no país ainda depende de definições do Ministério da Saúde, que disse que “vai avaliar, junto à Câmara Técnica Assessora em Imunizações, o uso do imunizante nesta faixa etária”. Nesta quarta, logo após aprovação da Anvisa, o Instituto Butantan anunciou que pediu que a Coronavac seja incluída no Programa Nacional de Imunizações para o novo grupo de pessoas.
O Butantan reforçou esperar a incorporação da Coronavac ao PNI “de acordo com a demanda necessária e mediante contratação”. O instituto, que paralisou a produção da vacina no fim do mês passado por falta de novos pedidos de lotes, ressalta que países como China, Chile, Colômbia, Equador, Tailândia, Camboja já aplicam a Coronavac em crianças de 3 anos ou mais. Agora, apenas os pequenos de 0 a 2 anos não têm vacina anticovid autorizada no Brasil.