Em ação de ‘selvageria’, GCMs de Embu abordam homem desarmado a pontapés

Especial para o VERBO ONLINE

GCMs agridem homem desarmado, embriagado, com chutes simultaneamente, em praça no Pq. Pirajuçara, Embu; agentes foram afastados, disse Ney | Reprodução

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Dois guardas civis municipais de Embu das Artes agrediram com pontapés um homem desarmado e embriagado, na noite de sábado (28), na praça da escola e centro cultural Valdelice Prass, no Parque Pirajuçara. A abordagem violenta foi filmada e chocou a população. As imagens mostram o morador já caído no chão cercado pelos GCMs, ao lado da viatura da corporação. Depois, os agentes dão sete chutes no peito e nas costas da vítima, dois simultaneamente.

Após os chutes, o homem conseguiu se levantar e foi empurrado por um dos GCMs. Ao se afastar dos agressores, ele foi seguido pelo outro guarda. O agente o segurou pelo braço e disparou spray de pimenta nos olhos do morador. Ele ainda derrubou a vítima. Os dois GCMs não se incomodaram mesmo ao serem gravados. Uma testemunha que seria o autor das imagens ainda advertiu os agentes. “Tudo sendo filmado. Ninguém está fazendo nada de errado”, disse.

Os dois agentes foram identificados como GCMs Melo e Rubens. Procurado pelo VERBO, o secretário de Segurança de Embu, Gustavo Arenzon, disse que o governo Ney Santos (Republicanos) tomou providências sobre o caso. “Assim que recebemos o vídeo e tomamos ciência do ocorrido, foi encaminhado para a Corregedoria [da Guarda Municipal], e o prefeito determinou imediatamente que eles fossem afastados das ruas até o término da investigação”, disse.

“Eu, como secretário, e o prefeito não admitimos esse tipo de conduta dos guardas. Será apurado e eles serão responsabilizados pelos atos”, afirmou Gustavo. Segundo o secretário, o GCM Melo está há quatro anos na Guarda, e o GCM Rubens, três anos. Ele encaminhou uma nota do prefeito. “Chegou ao meu conhecimento um triste vídeo em que aparece [sic] dois guardas civis municipais agredindo um senhor com pontapés no Parque Pirajussara”, diz Ney.

Ney disse que a abordagem dos agentes “não é o comportamento desejado por nós, nem tão pouco treinamos nossos GCMs para isso, temos oferecido uma capacitação contínua da corporação para que excessos como esse não aconteçam”, e chamou de ato isolado. “Não podemos a aceitar que atitudes isoladas como essa manche a imagem de mais de 200 homens e mulheres que estão todos os dias na rua para proteger a população, e não agredi-la”, afirma.

“Determinei o imediato afastamento de ambos e abertura de processo administrativo para que seja aplicada às [sic] as punições cabíveis”, encerra Ney na nota. Depois, ele gravou um vídeo para reprovar o que chamou de “abordagem irresponsável” dos GCMs. “Em nome da Guarda Municipal e como prefeito, peço desculpas a esse cidadão e aos familiares”, disse. Ele falou que a agressão ocorreu no Centro Histórico da cidade, quando foi no Parque Pirajuçara.

Este portal conversou com um guarda civil de Embu sobre a ação dos colegas. Ele fez uma ponderação, apesar do registro contundente da abordagem violenta, mas reconheceu o excesso. “Eu não estava lá, não sei o que aconteceu, então não posso dizer muito. Tirar conclusões por parte de um vídeo é fácil. Temos que ver o vídeo inteiro. Mesmo assim, não agiram conforme o que nos foi ensinado”, afirmou o GCM, que se referiu aos dois como “novatos”.

O repórter Rômulo Ferreira, do VERBO, obteve o contato do homem agredido. Ele tem 41 anos e é mecânico. Abordado, como “não devia nada”, ele recebeu ordem dos GCMs para correr. Ao se recusar por não fazer nada de errado, foi atacado pelos agentes. Na noite deste domingo, procurado pela reportagem, ele confirmou que foi a pessoa agredida e demonstrou estar abalado. “Sou eu mesmo. Não estou em condições de falar no momento”, disse.

Em uma rede social, uma conhecida do homem fez um comentário indignado contra os GCMs. “É revoltante isso. Por que vocês não pegam os bandidos, vai fazer isso com um pai de família e trabalhador?”, disse. Ela falou com a reportagem. “Conheço, é meu vizinho. Ele tem uma oficina de carro no centro de Embu, é um trabalhador”, disse. Este portal vai preservar a identidade da vítima da “selvageria”, como moradores classificaram a ação dos agentes.

O advogado Ariel de Castro Alves, especialista em direitos humanos, observou que o homem, em Embu, foi “agredido brutalmente, de forma covarde, sem esboçar nenhuma reação, com chutes, socos, rasteiras, em intenso sofrimento físico e psicológico praticado por agentes públicos, do Estado, o que configura tortura”. “A vítima foi alvo de uma verdadeira sessão de tortura. Esses guardas precisam ser responsabilizados por esses crimes”, disse Ariel ao VERBO.

VEJA VÍDEO EM QUE GCMs DE EMBU AGRIDEM HOMEM DESARMADO E EMBRIAGADO A PONTAPÉS NO SÁBADO

comentários

>