ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
No Conselho Comunitário de Segurança Monte Alegre no dia 28 de abril, o secretário de Segurança de Taboão da Serra (governo Aprígio, Podemos), Rodrigo Falcão, não apenas hostilizou o vice-prefeito José Vicente Buscarini (PSD), como atacou a presidente do Conseg, Elaine Calmon, e ainda pôs em dúvida a idoneidade do Senac Taboão, local da reunião. O VERBO teve acesso a vídeo que registrou o encontro na íntegra – e as “barbaridades” ditas por Falcão.
Um vídeo de menos de 30 segundos da reunião havia sido divulgado até então, em que Falcão grita para Buscarini. “Digo ao senhor que o senhor está diplomado como vice-prefeito. Só exerce algum cargo de autoridade desta cidade caso o prefeito venha morrer ou perder o cargo. Ou seja, o senhor não tem legitimidade nenhuma para tratar de segurança pública municipal aí nesta mesa. Isso eu gostaria de esclarecer a todos os presentes”, fala, exaltado.
O próprio secretário tinha compartilhado a breve filmagem, para expor que tinha “abafado” na reunião ao se impor perante o vice-prefeito sentado à mesa atrás de um monitor de computador, como se tivesse acuado. Ele até fez “questão” de enviar o registro a este portal, irônico. “Pega essa”, escreveu. Mas a cena mostrada não revelou o que foi o encontro na realidade, pelo contrário, deu ideia “errada” diante do tumulto presenciado causado por Falcão.
Conforme o vídeo, diferente da reunião do Conseg em março, na escola Julieta Caldas Ferraz – cujas imagens a reportagem também recebeu -, quando não falou muito e “deixou” os apoiadores que levou confrontarem a diretoria do conselho, Falcão protagonizou os ataques. Ele, que já estava na sala quando Buscarini chegou, elegeu como primeiro “alvo”, justamente, o vice, bastou o político sentar à mesa de trabalhos, quando fez a fala agressiva filmada.
Após repetir que Buscarini não tinha “legitimidade”, Falcão insistiu ainda que o vice não exercia autoridade enquanto Aprígio fosse prefeito. Em discussão acalorada, com Falcão esbravejando, ao próprio estilo, Buscarini disse que estava na reunião, como os demais presentes, “como munícipe” e “para ouvir” as demandas dos moradores. Eram menos de dez pessoas os participantes, fora o “grupo do secretário” (apoiadores e guardas municipais como seguranças).
Em contra-ofensiva, Buscarini respondeu que “sou vice-prefeito”, “tenho mandato até 2024”, enquanto os secretários, “o senhor está nomeado”. Em fala que “pôs Falcão no devido lugar”, segundo participantes da reunião, ele disse ainda que “o senhor só está como secretário hoje porque nós ganhamos a eleição”, ao se referir a si e ao prefeito. O vice-prefeito sugeriu que Falcão devia “mais respeito” com quem também possibilitou que viesse a chefiar a Segurança.
Contrariado, Falcão questionou sobre o Conseg, com o vice-prefeito convidado a compor a mesa, estar reunido em uma entidade privada e acusou “improbidade administrativa”. “Alguém aqui é candidato?”, falou Buscarini à diretoria, incrédulo com a investida. Falcão debochou de uma pessoa ligada ao vice. O 1º-secretário do Conseg, Pedro Iazzetta, reclamou da postura do secretário. Um GCM-segurança de Falcão foi à frente e fez gesto para Iazzetta parar de falar.
Falcão foi além ao se voltar contra a instituição que abria as portas aos moradores para tratar do que os afligia, a falta de segurança na cidade. Ele falou que o Senac tinha “interesse político” por receber o Conseg que discutia “política”. Uma diretora do Senac, atônita, desmentiu o secretário ao explicar que já tinha recebido reuniões do conselho por várias vezes. “É discutido aqui sobre segurança, e não política”, afirmou. Falcão aplaudiu, apesar de ter atacado.
Falcão não se contentou. Em instante classificado como repugnante por participantes, o secretário de Aprígio disse que uma pessoa integra o Conseg por ter feito “rachadinha” no gabinete de Cido e ter tido caso extraconjugal com o então vereador – Cido era o presidente do Conseg e se desligou para ser candidato neste ano. Elaine, que assumiu como presidente ao ser a vice, era a única mulher da diretoria na reunião e que tinha trabalhado para o político.
Alvo de “difamação”, Elaine ficou paralisada, sem acreditar no que tinha ouvido. Ao se recobrar, indignada, ela deixou a reunião aos gritos dirigidos a Falcão, que se fez de “desentendido”. Ela foi hostilizada por uma mulher “que trabalha com Falcão”, Elizabeth Reis, que a chamou de “cidete” – alusivo ao ex-vereador. Segundo apurou a reportagem, na saída, Elaine ainda ouviu “piadas” de aliados de Falcão de que “se entregou” pela reação tida à fala do secretário.
Com os ataques de Falcão e apoiadores desde o início, a presidente sequer pôde iniciar a reunião – para desqualificar o Conseg, outra aliada do secretário chegou a criticar um capitão da Polícia Militar que não é mais comandante na cidade há quase dez anos. Presentes, os integrantes das polícias Civil e Militar da área não se manifestaram. Conforme também apurou este portal, ao discutir sobre os fatos da reunião, a diretoria cogitaria processar Falcão.