ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Em “desespero ensandecido” diante da possibilidade cada vez mais real de cassação do “pupilo” Renato Oliveira (MDB), acuado pelos governistas dissidentes, o prefeito Ney Santos (Republicanos) partiu para o “vale tudo” e decidiu “jogar pesado”. Ele se movimenta para tirar um vereador da Câmara de Embu das Artes e substituir por suplente “condescendente” com racismo para “salvar” o presidente. O alvo é Ricardo Almeida (Republicanos), apurou o VERBO.
O prefeito quer tirar Ricardo do mandato pelo vereador ser favorável à cassação de Renato. Ricardo – que é negro – é “contra a atitude racista do presidente”, segundo interlocutores. Ele também não aceita irregularidades no uso de bem público. Renato foi indiciado por injúria racial, além de outros três crimes, acusado de que falou para um funcionário de condomínio carioca que “negro fede”. Também responde por ter ido de carro oficial ao Rio de Janeiro.
Ney já tentou “derrubar” Ricardo outras vezes, mas agora foi até a executiva estadual do Republicanos para obrigar o vereador a deixar a vereança e assumir uma secretaria na prefeitura. Segundo apurou a reportagem, no último dia 13, em encontro que não foi a primeiro, ele se reuniu com o presidente estadual do partido, Sergio Fontellas, para pedir “socorro” para fazer Ricardo aceitar “na marra” a ida para uma pasta para fazer o suplente ficar com a cadeira.
O pastor Marco Roberto, pré-candidato a deputado estadual lançado pelo prefeito em Embu das Artes, também participou da reunião há menos de dez dias. Presidente municipal do Republicanos, ele também está pressionando na manobra. Ney não parou por aí. Ele recorreu até a Igreja Universal do Reino de Deus, à qual o partido é vinculado, para “ameaçar” Ricardo – que em 2024 não seja mais o nome da igreja para disputar novo mandato de vereador.
Portanto, Ney está apelando à pressão na executiva estadual do partido e na igreja para fazer Ricardo ceder e emplacar o suplente na Câmara para defender Renato. Ele já executou a “jogada política” uma vez na quarta-feira (20) ao fazer o então secretário Luiz do Depósito (MDB) voltar para a Câmara, no lugar de Lucio Costa (MDB), que já havia sinalizado voto para cassar Renato – a “operação” foi sem dificuldade por Lucinho, como chamado, ser suplente.
Com o integrante do Republicanos pressionado fora da Câmara, a cassação de Renato como desfecho perderia força, em número de favoráveis. “O voto do Ricardo é hoje o mais importante, decisivo. Com os demais [eleitos do partido dissidentes], Ney não tem o que fazer. O Ricardo tem o peso da pressão ‘igreja’. Os demais não. O Ney sempre usou com cada vereador uma ‘arma’ como ameaça. Para mantê-los na rédea”, disse um aliado do parlamentar “perseguido”.
No caso de o “golpe” de Ney ser bem-sucedido, Ricardo seria substituído, a princípio, por uma suplente, Rosana do Arthur, atual secretária de Turismo. Considerada “fiel escudeira” do prefeito, ela teria a missão de defender um indiciado por racismo. A articulação estaria provocando outras acomodações. Na noite desta quinta-feira (feriado), Ney “exibiu” no gabinete o ex-vereador Doda Pinheiro, do Republicanos. Ele está inelegível, mas integraria o “plano”.
“Ricardo é contra o ato de racismo de Renato. Por isso, Ney está usando essa estratégia para tirá-lo do mandato, usando métodos sujos. Toda essa manobra é para defender o pupilo, ele quer proteger esse racista a todo custo. A questão é que Ney sabe da dificuldade que terá em se manter como prefeito e precisa que alguém de extrema confiança assuma no seu lugar”, disse o aliado. Ney foi cassado na terça-feira (19) em segunda instância (TRE-SP).