ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O secretário de Segurança de Taboão da Serra, Rodrigo Falcão, e apoiadores que seriam ligados a um vereador da base do governo Aprígio (Podemos) tumultuaram a reunião do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) Monte Alegre ao tentar deslegitimar a diretoria por motivação “política”, na noite de quinta-feira (31), relatam moradores e outros participantes. Falcão, hostil, e o grupo “atrapalharam” o encontro mesmo com policiais à mesa dos trabalhos.
O Conseg Monte Alegre é presidido por José Aparecido Alves, o ex-vereador Cido, que foi candidato a vice-prefeito de Daniel Bogalho, adversário de Aprígio. Ele ocupa o posto legalmente. O Conseg é vinculado à Secretaria Estadual de Segurança com participação obrigatória de policiais militares e civis. Já a Guarda Civil Municipal tem presença facultativa, mas tradicionalmente participa, por auxiliar as polícias e até ficar à frente do patrulhamento na cidade.
A reunião aconteceu na escola estadual Julieta Caldas Ferraz e contou com o capitão Müller, comandante da 4ª Cia da PM, o delegado Dalmir Magalhães (1º DP), o vice-prefeito José Vicente Buscarini (PSD) e o advogado Sandro Komatsu (OAB). Falcão, que nunca tinha ido ao Conseg Monte Alegre, chegou com o grupo. Cerca de cinco pessoas ficaram de pé e falaram alto ou aos gritos. Os cerca de 20 moradores foram levar as demandas aos policiais e ficaram atônitos.
Uma aliada de Falcão, Elizabeth Dias, correligionária da família Nóbrega, mirou Cido. “O secretário de Segurança está indo embora. Ele deveria estar aqui falando, não ele. Aqui [da diretoria] ninguém faz parte da polícia”, disse. Um morador quis pôr ordem. “Não confundam gritaria com organização e segurança pública”, disse. “Mas isso aqui não é, não é!”, retrucou Elizabeth. Ele pediu para se ouvir a reunião. “Ouvir o quê, política? É política isso aqui”, atacou ela.
Outra mulher do grupo também afrontou o morador e passou a esbravejar que um homem tinha sido alvo de criminosos. “Eu grito, sim! O pai dele foi sequestrado. Minha filha teve que levantar a blusa para o ladrão. E o Cido vem aqui falar de política. Tanto é política que trocaram luz de LED daqui e não trocaram a nossa. Por quê?”, cobrou. Iluminação pública, porém, é de responsabilidade do governo municipal, ao qual a munícipe estaria ligada.
“Queremos um presidente sem cunho político”, disse a mulher, não identificada. Um aliado de Falcão “promoveu” uma consulta sobre a permanência do presidente ao alegar que Cido fazia política no Conseg, como a maioria entendia, segundo ele. Contra, os que levantaram o braço foram quase somente do grupo de Falcão, que esticou os dois. “Vejo que uma maioria não aceita”, disse o homem. “Onde contou maioria?”, rebateu um membro da diretoria.
Cido explicou que “qualquer pessoa pode apresentar na Secretaria Estadual de Segurança uma chapa”. “Foi assim que fiz. Realmente, não sou um membro da Segurança, sou um cidadão como qualquer um de vocês. Simplesmente faço, de forma voluntária, um elo entre a população e os órgãos de segurança. Eles vieram ouvir os problemas e dar uma resposta”, disse. Ele foi interrompido. “Eu não quero ouvir resposta, quero resultado”, disse um homem.
O presidente reagiu. “Fica difícil com aqueles que vieram aqui atrapalhar a reunião”, advertiu. A mulher retrucou: “Atrapalhar não…”. “A senhora falou até demais”, disse Cido. Ela: “Eu falo mesmo, pago imposto, e o senhor recebe do meu dinheiro”. Cido: “Eu recebo o quê? Eu não recebo um centavo, sou voluntário”. Ela voltou à carga. “A primeira coisa que o senhor tem que fazer é tirar a ‘biqueira’ [de droga] da [frente da] sua farmácia”, extrapolou a mulher.
Cido ouviu pedido da diretoria para encerrar, diante das “provocações”, mas ainda explicou que a reunião é mensal e itinerante. “É itinerante porque está perto da eleição. Quer voto. Aí é fácil pra caralho”, disse outro aliado de Falcão. “Eu acho que o senhor que é candidato”, rebateu Cido. O delegado Dalmir disse que se dispõe a estar no Conseg para “equacionar” problemas de segurança. Ele lamentou que “não pôde expor” as ações da polícia, devido às discussões.
“O senhor é da segurança, o tenente, e o dr. Rodrigo, que nem está aí, o que é um desrespeito”, criticou a mulher. “Todas as reuniões, houve convite para ele. Todas! Está registrado”, falou Cido. “Para ele vir ficar escutando política?”, insistiu Elizabeth. “Para falar de segurança”, respondeu o presidente. Em outro instante, em discussão acalorada com a mulher não identificada, Cido foi enérgico: “Respeite o ambiente, senhora! Eu nunca fiz política neste Conseg!”.
Falcão, que ficou no fundo do corredor e deixou os aliados à frente para o embate, surgiu à frente em outro instante tenso. “Eu não convidei o senhor para participar?”, perguntou a 2ª-secretária do Conseg, Michely Melotti, diante dos questionamentos. “Você entende que na rua tem um monte de coisa acontecendo agora e não tenho tempo…”, disse Falcão. Interrompido, foi agressivo. “Para ficar ouvindo ‘groselha’ da sua boca, você não entende nada disso!”, berrou.
“Segurança é obrigação do Estado, quero saber o que vocês fizeram para poder ajudar, tanto a PM quanto a Civil, até hoje?”, continuou Falcão. Michely: “O sr. gritar não vai me intimidar, tenho educação e posso falar baixo. Vou falar para o senhor…”. Ele: “Eu não quero ouvir. Olha para o povo, não olha para mim, não é [conversa] particular”. Ela: “Se quisesse realmente ajudar, o senhor viria aqui [Conseg]”. “A senhora está sendo usada”, disse ele, ao sinalizar Cido.
Um participante lamentou a postura de Falcão e “de pessoas que levou”. “Quiseram deslegitimar o conselho, dizendo que o presidente não mora no Monte Alegre [na região], o que é uma inverdade. Alguns moradores viram que era uma celeuma e já se levantaram, foram embora. A reunião nem aconteceu, não tinha como, eles estavam querendo baderna”, comentou. Questionado pelo VERBO se tumultuou a reunião, Falcão não respondeu sobre o ocorrido.
OUÇA ÁUDIO DA REUNIÃO DO CONSEG MONTE ALEGRE TUMULTUADA POR FALCÃO E GRUPO DE APOIADORES