Aprígio usa ‘fachada’ de ação social como ato político e palanque para Nóbrega

Especial para o VERBO ONLINE

Observado por Aprígio, Nóbrega tem 'privilégio' em discursar e ataca ex-aliado e adversários em evento com feição de ato político em vez de ação social | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O prefeito Aprígio (Podemos) usou no sábado (26) um evento chamado de ação social como “fachada” para um ato político em defesa do governo, para ataque a adversários e ex-aliado e ainda como palanque ao pré-candidato a deputado estadual que apoia, o secretário Eduardo Nóbrega (Manutenção). O produto de marketing “Impulsiona Taboão” já começou direcionado pelo local, escolhido a dedo, uma escola cujo diretor é filiado ao partido do prefeito.

Em informe à imprensa, o governo diz que nas “seis horas de evento passaram cerca de 4.500 pessoas no local, que conheceram e participaram dos serviços e programas disponibilizados pelas secretarias”, inclusive “aplicação de vacinas e testes de covid-19 e avaliação odontológica”. Um observador isento disse ao VERBO que a ação, em março, teve “bastante coisa para mulher, massagem, cabelereiro e outras quinquilharias”, mas quase “nada de saúde”.

O governo lista no evento ações da Habitação, Assistência Social, Saúde, Desenvolvimento Econômico, Educação, Esporte, Transporte e Assuntos Jurídicos, mas não de Manutenção. No entanto, Nóbrega não só discursou como foi o único entre um ou dois secretários a ter a palavra que falou por dez minutos, cinco vezes mais que o tempo previsto. Além de falar apenas de passagem sobre a “ação social”, ele citou sobre a saída da prefeitura – para ser candidato.

Nóbrega fez discurso que não lembrou um evento de serviços à população, mas um ato político ou comício, a começar por exaltar o prefeito, a quem se referiu como pessoa que construiu “patrimônio gigantesco, pelo trabalho e dignidade”. “Não é fácil representantar o nome Aprígio. O nome Aprígio significa aqueles milhões de brasileiros que vêm do Nordeste para tentar um sonho na cidade de São Paulo”, disse, como fio condutor de reação aos críticos.

Nóbrega mirou primeiro o vice-prefeito José Vicente Buscarini (PSD) – Aprígio admite que rompeu com Buscarini por “ouvi dizer” que o ex-aliado articulava para que perdesse o cargo (fofoca). “Não é possível receber um ataque tão covarde, vil, do vice-prefeito desta cidade, te chamando de alguém medíocre e sem palavra. O Aprígio é medíocre por que veio do Nordeste, não tem competência por que não tem nível superior? Isso é preconceito, é arrogância”, disse.

“Compara a história deste vice com a sua história e vamos ver nas ruas o que vai dar, quem tem palavra e quem não tem. Chegou o momento deste grupo político que representa o Aprígio de responder a todos os ataques”, falou Nóbrega, sob palmas, mas contidas. Ele disse ainda não aceitar que o vice fale para Aprígio “procurar médico” e alfinetou o próprio prefeito. “Deveria ter procurado antes de ter feito uma péssima escolha de vice”, falou.

“Estamo sendo atacados por pessoas que estavam no poder e não fizeram nada e agora querem apontar o dedo. Quando criticam o Aprígio, eu me sinto criticado também, como todos vocês que aqui estão deveriam ter o mesmo sentimento”, continuou Nóbrega – era uma delas no passado. Ele passou a investir contra o ex-prefeito Fernando Fernandes (PSDB) e a deputada estadual Analice Fernandes (PSDB), ao dizer que “a saúde estava destruída”.

“O povo votou no Aprígio porque tudo estava destruído e agora com 14 meses de governo levanta-se o ex-prefeito Fernando Fernandes para dizer que vai dar conselhos e orientar Vossa Excelência? Por que não fez durante oito anos? […] E tem uma deputada estadual chamada Analice, que foi ao Bom Prato com cinto de R$ 3 mil e sapato que deve custar R$ 10 mil, pegando um prato como algo que não dá para comer. E não comeu, acho”, declarou.

“Saio [do governo], prefeito, sabendo que se um dia precisar procurar Vossa Excelência, basta eu procurar uma casa aqui mesmo em Taboão, Vossa Excelência não vai fugir para bairro rico”, disse Nóbrega, ao acusar os Fernandes de deixar Taboão. “Que o 3º ‘Impulsiona’ seja um marco do nosso governo. Todos tenham orgulho de bater no peito e dizer que faz parte do time da reconstrução. Quem não quiser nos deixe, não aceitamos gente fraca ao nosso lado.”

Em áudio vazado, o secretário-adjunto Pai Joel (Cultura) disse: “Não se preocupem, os livre-nomeados não irão bater ponto. Só quem vai bater ponto são os efetivos. Os livre-nomeados, a gente tem que ir”. Segundo este portal apurou, a gestão convocou só de servidores efetivos 450 pessoas para tabalhar em evento eminentemente político, na escola Therezinha Volpato Baro, do diretor Francisco de Paula da Silva Junior, que articulou a ida de Aprígio para o Podemos.

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