Derrotado, Ney ameaça para aprovar loteria, mas 8 vereadores da base rejeitam

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Projeto da 'loteria de Ney' é rejeitado por 9 votos, 8 de vereadores da base do governo; prefeito já mandou embora comissionados de Índio e Bobilel | AL-AO/Verbo

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Após ver rejeitado na semana passada o projeto de lei que enviou à Câmara para criar a Loteria Municipal, o prefeito Ney Santos (Republicanos) ficou furioso e resolveu intimidar os oito vereadores governistas que votaram contra a proposta. Ney sempre agiu com “truculência”, mas ultimamente vem ameaçando os parlamentares aliados de perseguição sem precedentes. Segundo um integrante do “G-8”, Ney já montou estrutura para “ganhar” com o jogo.

Na quarta-feira (16), Ney encaminhou o projeto da loteria sem qualquer explicação e ordenou que os 16 vereadores da base aprovassem. O presidente Renato Oliveira (MDB), espécie de “ajudante-de-ordens” de Ney, pôs em votação em urgência, mas parte do aliados não aceitou votar e pediu para discutir. Renato foi obrigado a suspender a sessão, mas ficou no plenário e não se reuniu com o grupo para defender a matéria, diante da proposta imposta e “sinistra”.

Ney mandou o vice-prefeito Hugo Prado (MDB) ir pessoalmente à Câmara “ameaçar” os que se opunham ao projeto. Não adiantou. Em votação “histórica”, o “G-8” impôs uma derrota emblemática ao prefeito – votaram contra a “loteria de Ney” Índio Silva, Gideon Santos, Ricardo Almeida (todos do Republicanos, partido do prefeito), Bobilel Castilho (PSC), Alexandre Campos (PTB), Gerson Olegário (Avante), Joãozinho da Farmácia (PL) e Adalto Batista (PSDB).

Para tentar quebrar a “unidade” dos contrários, Hugo buscou atrair ao gabinete de Sander Castro (Podemos) – “submisso” a Ney – os vereadores Adalto, Joãozinho e Gerson para “fazer pressão”, por julgar mais “influenciáveis”, mas se frustrou. Os três evitaram ir à sala. O vice ainda foi ao gabinete de Adalto para ameaçar, mas na sessão o vereador falou que não demorou a ganhar uma eleição para ser desonesto e votar no que o prefeito manda.

Os governistas contrários não querem aprovar a proposta por medo de “dar merda”, na expressão de um integrante do “G-8”. “Este esquema da loteria vai render muito dinheiro para o Ney e nenhum benefício para a cidade. Os nove vereadores são contrários, mas estão sofrendo perseguição”, disse ele, ao incluir no grupo, como “aliado”, o até então único opositor ao governo Ney na Câmara, Abidan Henrique (PDT), que naturalmente também votou contra.

Ney vai enviar novamente o projeto da loteria para ser votado nesta quarta-feira (23). Ele disse que os vereadores que se opuserem à proposição terão todos os apoiadores indicados aos cargos da prefeitura mandados embora e não atenderá mais nenhum pedido de obras e serviços que fizerem. “Ele ficou desesperado com a reprovação”, disse o integrante do “G-8”. Nesta terça-feira, desde a tarde até a noite, Ney chamou os dissidentes até a prefeitura.

Ney buscou convencer sobre o projeto, mas logo passou a “coagir”. Os oito vereadores não aceitaram a imposição e mantiveram a decisão tomada. Por ora, o prefeito mandou embora os comissionados de Índio e Bobilel. Adalto já anunciou que votará contra. No fim da noite de ontem, Ney tentou passar imagem de que controla a base ao postar um vídeo com o vereador Betinho (PSD), um dos que aceitaram o “negócio”, ao procurar despistar sobre a loteria.

Ney também havia ameaçado os vereadores que continuassem com a intenção de cassar o “pupilo” Renato, alvo de representação por quebra de decoro por injúria racial e por usar carro oficial em férias no Rio de Janeiro. Mas o “G-8” quer que o presidente perca o mandato. O grupo acredita que a chapa Ney-Hugo será cassada, por uso da máquina administrativa, em julgamento em curso no Tribunal Regional Eleitoral, e não quer que Renato assuma a prefeitura.

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