ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Em ato esvaziado, com poucos moradores, como próprio admitiu, o prefeito Aprígio (Podemos) inaugurou no sábado (19), no aniversário de 63 anos de Taboão da Serra, o Pronto-Socorro Infantil no Jardim Trianon. Ele transferiu o PSI do Santo Onofre para o prédio que seria a UBS e sepultou a unidade básica de saúde do bairro, para frustração da comunidade. Até o vereador “idealizador” expressou “tristeza”. Aprígio reconheceu que a saúde “não está bem”.
Segundo a prefeitura, o novo equipamento tem quatro consultórios, 15 leitos, salas de procedimento, enfermagem, medicação, além de áreas para inalação e observação. O governo Aprígio ressaltou que antes da covid-19 o PSI de Taboão realizava, em média, 9.600 atendimentos por mês, mas não soube quantificar a alta da demanda depois da doença – limitou-se a dizer que “neste período pandêmico a busca por atendimento cresceu de forma significativa”.
Na inauguração, o secretário José Alberto Tarifa (Saúde) disse que no ano passado “tivemos dois surtos virais”, um de gripe. “Esses dois vírus acometeram as nossas crianças e provocaram uma ida muito grande ao nosso PSI. Verificamos que as nossas instalações estavam muito precárias. […] Hoje o prefeito entrega um pronto-socorro com leitos, quartos individuais. Além de ser o maior, é o melhor pronto-socorro infantil de toda a região”, disse.
Aprígio destacou o novo PSI ao dizer que “há quatro, cinco anos” viu o antigo prédio precário – na verdade, ele visitou a unidade em 2016. “Como cidadão comum, há quatro, cinco anos, estive no PSI. Uma calamidade. Todo mundo reclamando, sentado no chão. Não tinha lugar para os médicos atender, não tinha uma mesa. O ex-prefeito [Fernando Fernandes] chamou a polícia para não deixar eu entrar”, disse, ao chamar o PSI de “UBS Infantil”.
Aprígio lembrou que estava com um desafeto hoje. “Eu estava com o vereador Moreira inclusive. Estou respondendo processo porque entrei no posto infantil. Eu não poderia entrar como muito cidadão comum, porque tinha muita coisa mal feita e poderia denunciar, para não ver 10, 12 pessoas num ambiente só e as mães do lado”, afirmou, para gerar possível situação embaraçosa. O diretor-geral da SPDM (gestora do PSI), Nacime Mansur, estava presente.
Aprígio chamou as salas de internação de “apartamentos”. “É por isso que fizemos aqui 15 salas, quartos. Cada criança vai estar no seu ‘apartamento’ individual. Se chegar a ficar internado, a mãe vai ficar junto, não ‘vai’ ficar 10 pessoas num ambiente só. Isso é cuidar de gente. Este é o maior pronto-socorro infantil de toda a região. É o mais completo e o melhor. Com certeza, vai ter também bom atendimento, vocês vão sentir a diferença”, afirmou.
No entanto, Aprígio reconheceu gestão ineficiente. “Vejo que muita gente critica Taboão pela saúde. É verdade, não está bem, a gente sabe. Mas todos nós sabemos também o que passamos nestes anos”, disse, ao tentar atribuir à pandemia. Ele teve uma mostra da insatisfação da população. “Estou vendo aqui pouca gente pelo tamanho do evento… É hora do almoço, aí entendo que é muita gente que está aqui”, minimizou, diante do constrangimento.
Aprígio pode ter amargado fiasco de público ainda por ter enganado os moradores do Trianon, que esperavam ter a UBS. O vereador Ronaldo Onishi (DC), que indicou a unidade, externou apoio ao prefeito, mas expôs a frustração. “Hoje é um misto de emoção, de alegria e também de tristeza. Eu andei de casa em casa, de rua em rua, solicitando a UBS Trianon. O homem público não pode ser embebido por vaidade. Mas que doeu no peito, doeu”, declarou.