Sindicância inocenta, mas Aprígio e Sandro tiram enfermeira da UBS Margaridas

Especial para o VERBO ONLINE

Aprígio e Sandro Ayres; enfermeira reconhecida pela população foi transferida da UBS Margaridas pelo governo municipal, por 'influência' do vereador | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O governo Aprígio (Podemos) abriu uma sindicância contra uma enfermeira da UBS Margaridas, mas mesmo após a apuração ter inocentado a servidora “perseguiu” a profissional e a transferiu de unidade. Como mostrou o VERBO em dezembro, Lúcia Fernanda Martins foi alvo de acusações forjadas após negar apoio ao vereador “aprigista” Sandro Ayres (PTB). Abaixo-assinado virtual e um em papel somavam quase duas mil assinaturas contra a transferência.

Lúcia era enfermeira da família na UBS na região do São Judas desde 2013. “O que eu sempre ouvi na UBS são elogios a ela. É uma pessoa séria, correta, dedicada, que ‘veste a camisa’. E nunca quis se envolver em política’”, disse uma liderança local. Sandro teria procurado Lúcia para pedir apoio quando candidato e no ano passado, até com oferta de “gratificação”, para estar “a serviço dele”. Ela não aceitou. Sandro nega ter tentado cooptar e prejudicar a servidora.

Contudo, Lúcia começou a sofrer retaliação, primeiro com “reprimendas”. Depois, a diretora Thaís de Lima Santos pediu a transferência da enfermeira, sob acusação de que a servidora “retirou” insumos indevidamente, falsificou asssinaturas de médicos e insuflou usuários contra a direção. Segundo apurou a reportagem, Thaís – cargo de indicação de Sandro – fez a solicitação após o vereador dizer que Lúcia seria retirada da UBS por motivo de furto.

No dia 14 de dezembro, o governo abriu apuração e suspendeu Lúcia por 60 dias. A comunidade reagiu. “Fizemos abaixo-assinado [com 1.145 adesões] e levamos à prefeitura em mãos protocolado pelo secretário de Governo, Mario de Freitas, junto ao secretário de Saúde [José Alberto Tarifa]. Ficaram de dar um retorno. Mas até agora a única coisa que fizeram foi afastá-la e abrir sindicância com diversos furos no processo”, disse uma usuária na ocasião.

Lúcia refutou as acusações de Thaís na sindicância, de peculato, falsidade ideológica e ainda incitação ao crime. “Ela alegou que eu tirava grande quantidade de materiais de curativo de dentro da unidade. Só que ela, sabendo que eu era responsável pelo curativo, não procurou saber quantos pacientes foram assistidos e beneficiados, para onde foram os materiais, mesmo com prontuários identificados dos usuários em quem foram utilizados”, disse ao VERBO.

“Ajudamos os médicos na transcrição das receitas de pacientes que fazem uso da mesma medicação. Todos os enfermeiros ajudavam, eu também, sob verificação dos profissionais. Ela pegou as transcrições como se eu tivesse falsificado as assinaturas dos médicos. E ela alegou que eu me reunia com a minha equipe para difamá-la. O livro-ata tem tudo que aconteceu nas reuniões, e pode pegar o testemunho das agentes de saúde. Vão ter que provar”, reagiu.

Na segunda-feira (14), a sindicância terminou e inocentou Lúcia. Mas, curiosamente, a servidora foi transferida – à UBS Salete – mesmo com o arquivamento do processo. “Mesmo com o apoio da população com abaixo-assinado com mais de mil assinaturas entregue ao secretário de Saúde e liberada para voltar às atividades ao ser inocentada na sindicância com depoimentos fraudados, ela teve sua transferência solicitada”, protestou uma colega de trabalho.

Em uma rede social, um morador manifestou indignação com a transferência a servidora Lúcia. “Vereador tira enfermeira da UBS Margaridas para fazer política com indicação de sua gestora livre-nomeada. [A] UBS nunca esteve tão ruim”, criticou. A usuária que falou com a reportagem em dezembro fez coro à insatisfação. “Inocente, porém transferida. Gestão de merda. E quem paga a conta? A população. Sempre a população sai prejudicada”, declarou.

OUTRO LADO
O VERBO questionou o governo, por meio da Secretaria de Comunicação: “Por que a enfermeira Lúcia Fernanda Martins foi transferida da UBS Margaridas se a sindicância instaurada a inocentou das acusações de que era alvo? Colegas de trabalho e usuários denunciam injustiça e perseguição contra a servidora”. A gestão Aprígio ignorou – o Executivo proíbe os gestores de falar com a imprensa. “Estou sem chão agora. Muita injustiça”, disse Lúcia.

COLEGA E USUÁRIOS DA UBS MARGARIDAS MANIFESTAM INDIGNAÇÃO COM PERSEGUIÇÃO A ENFERMEIRA

Reprodução

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