Ney não reforma e dá boas-vindas a alunos deficientes em escola sob risco de cair

Especial para o VERBO ONLINE

Sala de aula da Armando Vidigal com buracos e vala com terra solta em obra iniciada, mas abandonada pela gestão Ney; escola corre risco de desabar | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O prefeito Ney Santos (Republicanos) não executou a reforma da escola Armando Vidigal, no São Marcos, e deu “boas-vindas” aos alunos com deficiência na volta às aulas com o espaço com a estrutura totalmente comprometida, a ponto de chocar os pais das crianças e jovens matriculados. A unidade corre o risco de desabar. No fim do ano passado, com o prédio já precário, o governo, sob pressão das famílias, prometeu recuperar o colégio. Não cumpriu.

A escola está em um estado que choca pelo desprezo com o espaço – de educação – que deveria ser no mínimo um ambiente acolhedor aos alunos, ainda mais aos com limitações. As paredes estão sujas e rachadas, o piso está não só se soltando, mas com buracos, entre outros problemas graves de estrutura que não passam despercebidos pelos responsáveis pelos estudantes. “Está um ‘lixão'”, define a moradora Carmen Fernandes, mãe de aluna, com tristeza.

O governo até iniciou a reforma, mas sem critério e não acabou. “Não fizeram. Pelo contrário, tem paredes rachadas, pisos cedendo. A gente achou que tivessem contratado um engenheiro para fazer a obra e acompanhar. Mas não, simplesmente mandaram [bolsistas da] frente de trabalho para lá, quebraram o restante da escola, removeram algumas paredes, inclusive uma que ia cair. Primeiro, tentaram fechar os buracos com massa”, conta Carmen.

Os alunos voltaram à Armando Vidigal na segunda-feira (7), na retomada das aulas presenciais, mas não retornaram por falta de condições do prédio e estão sem estudar. “Falaram que a verba tinha sido liberada. Depois, falaram que não chegou. Estão culpando o governo federal ao dizer que a verba tem que ser liberada por um órgão, o FNDE [Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação]. E os nossos filhos estão sem escola”, lamenta Carmen.

Ao se depararem com as cenas de destruição da escola, as mães e pais cobraram uma reunião com o secretário Pedro Angelo (Educação), que aconteceu nesta quinta-feira (10), na prefeitura. O encontro foi tenso, já antes de iniciar, pela postura do gestor, segundo as famílias. “Como eu postei fotos de como era a escola antes e como está hoje, os pais ficaram impressionados e foram em número maior. Eles não queriam nos receber”, relata a moradora.

Em vez da secretaria, Pedro Angelo resolveu receber as mães e pais na sala de reunião do governo. “Ele chegou sem nenhuma solução. Na cabeça dele, a solução é colocar nossos filhos dentro do Armando nessas condições. É chocante. Na parte que ele acredita que dá para atender, na segunda-feira uma criança caiu. Tropeçou no piso que está levantado e se machucou. Por causa do autoritarismo do secretário, foi uma reunião muito pesada”, diz Carmen.

“Teve muita discussão, principalmente por ele achar que com essa epidemia [da covid-19] vão atender 107 jovens em apenas quatro salas e naquelas condições”, acrescenta Carmen. Um pai deixou a reunião antes do fim, indignado com a falta de sensibilidade do secretário em apresentar uma alternativa aos alunos da Armando Vidigal. “Saí antes para não fazer uma besteira. Os pais estão diante do caos da escola e da educação especial em Embu”, disse.

Com a “inércia”, as famílias pediram que o governo alugue imeditamente um espaço para receber os alunos. “Falei para ele: ‘Os nossos filhos têm direito de fazer o cronograma escolar. Se vocês acham que vão colocar os nossos filhos naquele ‘lixão’, para depois suspenderem [as aulas] para fazer uma obra que não tem engenheiro, não tem verba, não vão. Vocês deveriam ter tirado o recurso do município pela emergência que é'”, comenta Carmen.

Na reunião, o vereador Abidan Henrique (PDT) argumentou que uma simples reforma não é suficiente. “O secretário não quer ouvir, acha que vai passar uma massa lá e vai resolver. Ele não sabe o que está fazendo. A escola não tem material didático, não tem mobília. Não tem estrutura! Os nossos filhos estão há três anos fora da escola. Alguns já estão com depressão. Muitos choram para ir para escola. E o governo foi totalmente omisso”, critica Carmen.

OUTRO LADO
O VERBO indagou Pedro Angelo sobre as condições da escola. Também questionou Ney: “O senhor foi capaz de dar as ‘boas-vindas’ às crianças e jovens com deficiência na volta às aulas com a escola Armando Vidigal com a estrutura totalmente comprometida, em completo abandono, a ponto de chocar e revoltar as mães e os pais dos alunos, depois de prometer reformar a unidade, o que não cumpriu. O que tem a dizer?”. Ambos permaneceram calados.

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