Governo Ney manda sair de imóveis em áreas de risco, mas desampara famílias

Especial para o VERBO ONLINE

Casa em área de risco interditada no Jd. Magali, Embu das Artes; imóvel após descer barranco; moradora desalojada reclama auxílio-aluguel; Ney cala | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O governo do prefeito Ney Santos (Republicanos) passou a alertar os moradores de Embu das Artes a deixarem as casas em áreas de risco por conta da possibilidade de deslizamentos devido às chuvas intensas neste início de ano, mas não ampara as famílias para que tenham outro imóvel para morar. Na noite de 29 de janeiro, uma criança e dois adultos – mãe, uma filha de 4 anos e outro filho de 21 anos – morreram soterrados no Jardim Pinheirinho.

Na quarta-feira passada (2), a diarista Joice Aparecida Melo teve de deixar o imóvel onde mora, na rua José Teodoro de Almeida, no Jardim Magali, após inspeção de agentes do município. “A Defesa Civil interditou o meu barraco porque está com risco de deslizamento. A prefeitura, umas meninas que estavam junto me deram um papel para entrar em contato em dois dias com o Cras [centro de assistência social]. Entrei, mas eles não resolvem nada”, diz.

A moradora, que é mãe de duas crianças pequenas e está grávida, diz que a prefeitura prestou ajuda, mas aquém da necessidade da família. “Eles deram três colchões e uma cesta básica. Mas eu queria que me ajudassem com aluguel. Nem que seja de um cômodo, eu me mudo com as minhas filhas e o marido. Que eles ajudem com auxílio-aluguel. Eles só interditaram, falaram que ia cair. Eu saí na hora de lá de dentro com a roupa do corpo”, conta Joice, 31.

Joice foi morar com a mãe, em imóvel de apenas dois cômodos. “Estou na casa dela jogada, com a minha família. Minha mãe já tem um filho especial [com deficiência], e nós estamos sem um centavo para ajudar na casa dela. A minha gravidez também é de risco, estou com toxoplasmose. Tem três meses que não está vindo mais da prefeitura o remédio de alto custo, não estou tomando. E estou grávida de nove meses, perto de ganhar nenê”, relata.

A moradora lamenta a falta de apoio da prefeitura. “Fui lá, um joga para o outro, a Defesa Civil joga para a assistência social, a assistência social joga para a [Companhia] Pró-Habitação, que diz que tem que ter um laudo da Defesa Civil de que não tem como morar lá para ter o auxílio [aluguel]. Fazem de um jeito para ser resolvido daqui a 300 anos. É um descaso da prefeitura de Embu. Só Deus para ter misericórdia”, diz Joice, sobre também a falta do medicamento.

Após o aviso da Defesa Civil, uma moradia caiu no local. “Deu uma chuvinha. Quando eu estava saindo, a casa do vizinho desceu morro abaixo”, diz Joice. Mas o governo Ney só alertou a população sobre as áreas de risco após as mortes no Pinheirinho. Questionados sobre a cobrança, Ney nem o vice Hugo Prado (MDB) responderam. O Estado destinou R$ 1 milhão para Embu devido às chuvas. Outros municípios afetados estão pagando auxílio-aluguel.

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