ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Como no início do ano passado, com a segunda onda da covid-19, o governo Aprígio (Podemos) volta a demonstrar despreparo e desorganização em novo momento delicado da pandemia, com o aumento de casos. É o que dizem moradores que buscaram atendimento na UPA Akira Tada nos últimos dias. Além de não realizar mais testes e demorar a entregar o resultado aos que ainda conseguir fazer, a gestão gera aglomerações com infectados.
No domingo (16), a moradora Márcia Correa foi à UPA às 12h30 já com resultado positivo para covid-19. “Na triagem avisei que já estava com o teste e sem sintomas. O funcionário nem deixou eu terminar de falar e já foi falando que era com o médico”, diz. Ela procurou o responsável pela UPA, que explicou que só tinha dois médicos atendendo, mas que durante a semana com quatro clínicos “já fazem a triagem e dispensa logo as pessoas”.
“Expliquei que só queria entender como era feita a organização, já que tinha mais pessoas com teste positivo, o que já é um risco certo e maior de contaminação para as pessoas com suspeita”, conta Márcia. O profissional disse que ia verificar quem mais, como ela, já tinha o resultado, mas sem sintomas para dar “prioridade e já liberar”. Ela relatou a situação em uma rede social, quando já tinham se passado duas horas da prometida providência.
“Se isso não é falta de organização e planejamento, alguém por favor me explica o que é???”, criticou Márcia, ao finalizar a postagem. Ao VERBO, ela reafirmou a insatisfação, inclusive pela amiga ter sido atendida quase nove horas depois. “É realmente lamentável o que vivemos. É muito aparente a falta de organização, administração. A pessoa que estava comigo saiu de lá às 21h”, diz. Com o descaso, a paciente não suportou esperar tanto.
Márcia procurou a unidade para obter declaração médica pela necessidade de se afastar do trabalho – mas não pegou folga, está a serviço da empresa, trabalhando de casa. “Mas não graças à UPA. Fui embora, já estava lá há mais de quatro horas sem almoçar. Fiz uma teleconsulta para pegar o atestado, como já estava com o teste positivo”, explica. Ela só conseguiu ao não depender de serviço desorganizado. “Com um médico particular”, diz.
Moradores que procuram a UPA ainda enfrentaram aborrecimento ao não conseguir nem fazer o exame de detecção do coronavírus. Na segunda-feira (17), uma munícipe relatou: “Aqui não está fazendo, disseram que a demanda é muito grande. Só no particular, eles falam”. Outra moradora pediu orientação a um amigo. “Onde tem outro lugar que está fazendo teste de covid em Taboão da Serra de graça? Na UPA não está fazendo”, falou.
“Estou aqui na UPA desde as 8 da manhã, consegui passar no médico agora. Minha sobrinha está lá dentro para passar também, queimando de febre, chorando, com dor no corpo. E aqui não está fazendo teste?”, reclamou ainda, quando era mais de 15h. Ela também acusou a negligência. “Todo mundo que vem pegar o resultado e deu positivo retorna no médico. Está todo mundo misturado aqui, quem tem [o vírus], quem não tem”, lamentou.
Na semana passada, moradores ainda conseguiram fazer o exame, mas agora nada de resultado. “Muita gente reclamando que os testes estão demorando, o meu eu fiz há oito dias e ainda não está pronto”, diz a moradora Gabriela Dias, que teve coriza, tosse, dor de garganta e no peito e fraqueza. “Tive de voltar ao trabalho sem saber o resultado, quem é terceirizado não pode ficar tanto tempo sem trabalhar. E também já estou melhor”, explica.
Ao VERBO, Gabriela detalhou o sufoco na UPA ontem (18). “Falaram que alguém iria lá fora para pegar os documentos às 10h. Já era quase 11h e ninguém apareceu. Uma paciente foi averiguar. Aí veio uma enfermeira dizendo que a responsável pela retirada estava afastada e que ia tentar ajudar. Depois, ela voltou dizendo que o sistema estava lento. Quando todos os pacientes reclamaram, aí passou recolhendo os documentos”, relata.
“No fim, vários testes ainda não tinham o resultado. Inclusive o meu”, protesta Gabriela. A UPA não deu data para retirada. “Só disseram que se eu quisesse poderia passar no médico para pegar outro atestado até o resultado sair. É uma falta de respeito! Ninguém vai ao médico por não ter o que fazer, vai por não estar bem, sobretudo nessa pandemia. Mesmo assim ninguém se mexe”, critica. Questionado, o secretário José Alberto Tarifa (Saúde) ignorou.