ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
A candidata derrotada à prefeitura de Taboão da Serra em 2020 Najara Costa (PSOL) expressou apoio à paralisação do funcionalismo no dia 24. “O salário da maior parte da categoria está congelado há 20 anos, o vale-transporte prometido por vários governos nunca foi pago. Muitas categorias recebem salário-base abaixo do mínimo”, postou. Em agosto, ela acusou que, enquanto os servidores sofrem, “a máquina está inchada de livre-nomeados”.
“Temos livre-nomeados […] de uma mesma família, ganhando salários altíssimos, em uma cidade tão desigual. Isso é estarrecedor”, disse Najara. Questionada pelo VERBO que famílias têm muitos comissionados no governo Aprígio (Podemos), ela citou a dos secretários Olívio (Esporte) e Anderson Nóbrega (Manutenção) e de Junior (Administração) e Wagner Eckstein (Assistência), além da do próprio prefeito – Valdemar Aprígio (Obras).
“O apadrinhamento pela contratação de livre-nomeados nas atuais condições pode não ser algo ilegal, mas com certeza é imoral”, condenou Najara. Acontece que no segundo turno o então presidente do PSOL de Taboão, Rodrigo Martins, não seguiu a posição do partido, de pregar o voto nulo, e declarou apoio a Aprígio. Ganhou cargo de indicação política no governo. A reportagem perguntou se a nomeação de Martins também foi imoral.
“O Rodrigo escolheu estar nesta gestão. Isso é outra coisa. Foi uma decisão pessoal. Não foi uma posição do partido”, disse Najara. Este portal voltou a indagar se a nomeação de Martins foi imoral – “pode responder a pergunta?”, disse. “Não penso assim. Isso é outra coisa. O Rodrigo fez uma escolha pessoal à revelia de minhas convicções e das do partido. A escolha foi dele e as consequências também estarão em sua biografia”, afirmou.
Questionada qual a diferença em relação a Martins, sobre a crítica que dirigiu aos comissionados, Najara indagou se a pergunta era “se o Rodrigo foi imoral, ou o Aprígio em contratá-lo como LN [livre-nomeado]?”. Para dar uma resposta emblemática. “Neste caso, o Aprígio não foi imoral em contratar o Rodrigo. Faz parte do jogo político. O Rodrigo sim foi imoral em estar nesta gestão à revelia do que definimos coletivamente no partido”, disparou.
Logo que anunciou apoio a Aprígio, Martins foi afastado da presidência do PSOL em Taboão. Até o mês passado, a infidelidade partidária estava em análise pela sigla em Brasília. “Está na comissão de ética. Questão de tempo para ser expulso em definitivo”, disse um dirigente municipal. Indagado se a direção estadual recomendou a expulsão, ele disse: “Sim”. Nomeado em 1º de fevereiro, Martins foi exonerado em 18 de maio, “a pedido”, segundo a gestão.
OUTRO LADO
Procurado, Martins reagiu. “Najara não fala em nome do PSOL, usa de uma luta tão legítima para se autopromover. Vampira, sanguessuga, que sempre está ao lado de quem pode tirar vantagem e sugar tudo. A imoralidade está em quem não tem capacidade de viver aquilo que diz. Golpista! Sem consultar o grupo, no segundo turno, Najara falou em nome do partido, não tem respeito pela luta das pessoas que construíram o partido”, disse, com agressividade.
Ele subiu o tom. “Quem é este ser desprezível na cidade? A apresentação dela na cidade foi minha, a apresentação e defesa dela no partido foi [sic] minha. Ela trabalhou no governo Evilásio [Farias]. Coitada, bem notada foi, é um ser que não tem expressão alguma, digna de dó. Precisa aprender sobre respeito e gratidão. Minha luta sempre esteve ao lado dos trabalhadores desta cidade, dos estudantes, e tenho muito orgulho disso”, continuou.
Martins disse que Najara era ausente. “Não preciso dela para provar isso, pois nem na cidade ela estava. Seres como ela precisam de palco, pois não têm luta, não têm história. Não quero nem falar de alguém incapaz de criar e reconhecer que os votos que teve foi de um grupo que construiu e constrói o partido, e hoje acha que foi apenas ela. Coitada! Dó é a palavra que usamos para seres dessa espécie. Não merece nem minha atenção”, encerrou.