Adjunta de Aprígio ‘coage’ servidoras com remoção e processo por motivo banal

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UBS Suiná sem funcionário na recepção, enquanto Thamires transferiu e abriu processo contra duas servidoras por motivo banal, diz denúncia | AO/Verbo/TF

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O governo Aprígio (Podemos) transferiu duas servidoras de uma unidade básica de saúde e abriu processo administrativo contra ambas em punição por motivo banal, em abuso de poder e “politização” da gestão por parte da secretária-adjunta Thamires May (Saúde), aponta denúncia recebida pelo VERBO. A reportagem esteve na UBS e confirmou que as funcionárias concursadas foram removidas do posto, em prejuízo ao atendimento à população.

No último dia 19, uma técnica de enfermagem e uma auxiliar em saúde bucal trabalhavam normalmente na UBS Suiná, quando a adjunta chegou ao posto. Segundo o relato, Thamires pediu para ir ao banheiro e ouviu das servidoras para olhar se tinha papel higiênico antes de usar. Ela saiu olhando os sanitários. “Voltou até as meninas e falou que elas estavam mentindo, que tinha papel, e não sabiam dar informação”, conta a denunciante.

O papel higiênico geralmente acaba rápido na UBS, já que os banheiros têm muito uso, mas os funcionários da unidade fornecem quando o usuário pede o item em caso de falta, segundo funcionários que trabalham no posto. Apesar da situação banal, ainda conforme a denunciante, Thamires mandou as servidores comparecerem à Secretaria de Saúde. “Lá, transferiu as duas e abriu processo contra elas”, relata a pessoa ouvida por este portal.

As servidoras – com quatro e três anos de prefeitura – foram transferidas para outra UBS, logo no início da semana seguinte, na segunda-feira (22), para indignação dos funcionários do Suiná, pelo motivo alegado pela adjunta. “É a revolta. Falaram que elas feriram a gestão. As meninas foram mal interpretadas quanto a um problema com material. Acho injusto. Quanto ao processo, é lamentável. A transferência já foi uma punição”, acusa a denunciante.

A simples remoção das servidoras para outro local de trabalho já é considerada um ato imaturo em termos de gestão. “Estamos de volta aos tempos de infância. As meninas não têm nada a ver com isso. Elas foram coagidas e assediadas. Não podem falar por causa que estão sofrendo sindicância. Não são elas que estão abrindo a boca, estão acuadas. Mas alguém precisa ajudar. Quem defende elas? Quem defende quem trabalha?”, diz a profissional.

O fato não seria pontual e se inseriria em contexto de desmandos da secretaria e desvalorização do funcionalismo. “O problema é que está complicado lá [na UBS], muito caso de abuso de poder. Muita gente já saiu por isso. Agora trocaram a gestora [diretora]. Mas as injustiças são diárias. Se alguém abrir a boca, ‘roda’ [é transferido] e toma processo. Na recepção está todo mundo apavorado. Está todo mundo cansado e com medo. Muito medo”, relata.

OUTRO LADO
A reportagem esteve na segunda-feira (29) na UBS Suiná e conversou com a recém-nomeada diretora. A enfermeira Elaine Rampazzo confirmou que a secretaria retirou as duas profissionais da unidade. “Foram transferidas”, disse. Indagada sobre a transferência e o processo contra as funcionárias, a Secretaria de Comunicação, chefiada por Arnoldo Landiva, não respondeu. Questionada sobre os atos e se assediou as servidoras, Thamires também calou.

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