Denunciada pelo Gaeco, Ely se torna deputada federal e será candidata de Ney

Especial para o VERBO ONLINE

Ely (Republicanos) com Ney e comitiva; posse reforça que a agora deputada será a candidata a novo mandato em 2022 com o impedimento de Ney | Divulgação

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Ely Santos (Republicanos), irmã do prefeito Ney Santos (Republicanos), assumiu nesta terça-feira (9) como deputada federal. Candidata derrotada em 2018 ao ter 49.426 votos, ela era a segunda suplente do antigo PRB. Ely deve ocupar uma cadeira por pouco mais de um ano (até 31 de janeiro de 2023), mas concorrerá a novo mandato no ano que vem, relançada por Ney, que sofreu derrota no TSE e não poderá disputar o cargo, como pretendia.

Ely se torna a primeira deputada federal de Embu – ela assumiu no lugar do deputado Roberto Alves. Ney levou uma comitiva para prestigiar a posse da irmã, com o vice Hugo Prado (MDB) e o presidente da Câmara, Renato Oliveira (MDB) – a prefeitura está “acéfala”. Viajaram no mesmo voo os secretários Jones Donizette (Comunicação), Marco Roberto (Gestão de Pessoas), Pedro Ângelo (Educação), Raul Bueno (Planejamento) e Daniel Bogalho (Obras).

Chamada de “poste” por não ter atuação política e ser colocada pelo irmão como candidato-tampão após a desistência de Léo Novais (então PR), Ely teve menos da metade dos votos esperados – o grupo de Ney alardeava que teria 120 mil. Na região, ela teve 32.729 votos, 66,2% do total. Em Taboão da Serra, alcançou 9.908, apesar do apoio maciço da família Nóbrega. Mas em Embu que amargou resultado desastroso, apenas 15.400 votos (31,2%).

Em 2018, ao ser lançada candidata, Ely – Eliane de Sousa Alves Machado – anunciava ser “ficha limpa”. Porém, ela é ré no mesmo processo a que Ney responde, denunciados pelo Gaeco (grupo especial do Ministério Público de combate ao crime organizado) por associação a facção criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. Alvo de ordem de prisão, em 2016, Ney ficou foragido por 60 dias, enquanto Ely e outras seis pessoas foram presas.

Em dezembro daquele ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo negou habeas corpus a Ney, Ely e demais 12 réus “fichados” pelo Gaeco. “Desde data já distante, até o presente, o paciente Claudinei, contando com o concurso dos demais pacientes e corréus, capitaneia sofisticada organização criminosa, que lavou e continua lavando expressivas somas em dinheiro proveniente do tráfico de entorpecentes”, analisou o desembargador Hermann Herschander.

“A denúncia, apontando os elementos coligidos nesse sentido, refere numerosas indicações do envolvimento de Claudinei com o tráfico de entorpecentes; a par disso, ela relata que esse réu, contando com o concurso dos demais acusados, constitui numerosas empresas sobretudo postos de combustíveis que ocultavam e ainda ocultam a origem ilícita do dinheiro proveniente da droga”, continuou o magistrado, em relatório contundente.

“Tudo refere, de forma eloquente, a alta gravidade concreta dos fatos; esta, de si, traduz a periculosidade de seus autores e partícipes. Some-se a tudo isso a circunstância de, embora estar sendo investigada há anos, a organização ainda manter em funcionamento até o presente, em postos de gasolina ativos, a máquina de lavar por ela estabelecida”, observou o juiz, ao negar liminar e manter a ordem de prisão, expedida pela Justiça de Embu.

Em fevereiro de 2017, Ney, Ely e os outros réus foram beneficiados por habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Melo. Ney apareceu e assumiu a prefeitura. Ely foi solta e virou secretária – ocupava a pasta de Desenvolvimento Social. O caso ainda não foi julgado. Deputada, tem foro privilegiado e só responde ao processo no STF. Na ficha do Gaeco, Ely surge com quatro nomes, dois RGs e dois CPFs diferentes. 

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