ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O governo Aprígio (Podemos) conduz a inscrição para eleição do Conselho Municipal de Saúde na Secretaria de Saúde e com exigências “burocráticas” para dificultar a participação da população no pleito e eleger “pessoas que tem interesse” – que fariam “vistas grossas” ao mau atendimento e “desmandos” da pasta -, denunciam lideranças. A Comissão Eleitoral, “controlada” pela gestão, ainda fixou prazo curto para inscrição, até esta sexta-feira (15).
A comissão, encabeçada pelo secretário José Alberto Tarifa (Saúde), diz ter dado publicidade à eleição com publicação na “Imprensa Oficial do Município” – que a maioria da população não lê ou nem sabe que existe – e afirma ter fornecido as fichas de inscrição a partir de 1º de outubro. No entanto, em reunião do conselho no último dia 7, admitiu que apenas no final tarde do dia anterior enviou material aos postos de saúde para divulgação.
Uma liderança contesta a alegação da secretaria. “A Comissão Eleitoral só divulgou sobre a eleição do conselho na ‘Imprensa Oficial’. E eles falaram que enviaram a informação na quarta-feira dia 6 aos postos de saúde, mas hoje passando nas UBSs ninguém sabe informar nada”, disse Anderson Borba à reportagem, na quarta-feira (13), uma semana depois. Ele considera grave como a secretaria conduz o processo para escolha dos membros do órgão.
“A inscrição tem que ser feita na secretaria, eles não estão disponibilizando as fichas para serem entregues posteriormente, como foi para eleição do Comsea [conselho de segurança alimentar] e do Conselho do Idoso. A data de inscrição tem que ser prorrogada. Estão dificultando a participação da população na eleição do Conselho de Saúde, estão fechando a eleição para as mesmas pessoas e do interesse do governo”, denuncia Borba.
A “manobra” do governo iria além. “Eles também estão exigindo que a pessoa [candidato a conselheiro] faça parte de uma entidade com atividade de mais de dois anos e a entrega de uma série de documentos, como ata de reunião, ata de indicação. Estão criando uma burocracia com a qual a população não vai participar”, aponta Borba. No dia 7, a comissão foi muito questionada ainda sobre o pouco tempo hábil, com o feriado prolongado do dia 12.
Ledivan Lopes, que foi expulso da presidência do conselho em processo “nebuloso”, sem prova – com voto de comissionados ou “aliados” do governo -, também adverte que a inscrição não ocorre nos postos de saúde. “A comissão está fazendo inscrição para a eleição do Conselho de Saúde dentro da secretaria. É para ser divulgado com pelo menos 15 dias de antecedência em jornais locais e fazer em todas as UBSs. É o que está na lei”, afirma.
“Eles passaram a me perseguir depois que comecei a questionar as mortes [na UPA], o contrato milionário [com a empresa do PA da Covid], o sumiço de vacinas. Agora, às escondidas, eles estão fazendo as inscrições dentro da secretaria. Isso é imoral! É ilegal! A cidade tem que saber o que está acontecendo”, declara Lopes. Questionado sobre as denúncias, Tarifa não respondeu. A eleição para o Conselho de Saúde está marcada para o dia 27.