ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Em nova evidência de má gestão financeira, o governo Ney Santos (Republicanos) ainda não pagou os contratados do “Bolsa Trabalho Volta às Aulas”, criado para garantir mão-de-obra emergencial para execução de medidas de prevenção à covid-19 nas escolas municipais de Embu das Artes. O programa, iniciado em agosto, tem remuneração de R$ 1.100 por 40 horas semanais, mas os trabalhadores já estão há mais de dez dias sem receber.
Os 260 selecionados começaram a trabalhar no fim de agosto, no dia 20, e ainda não viram a cor do dinheiro – deveriam ter recebido em 20 de setembro. Contratadas procuraram o VERBO desesperadas. “Venho fazer um pedido de socorro. Estou trabalhando no programa ‘Bolsa Trabalho Volta às Aulas’ da prefeitura de Embu das Artes, hoje completa 41 dias, e ainda não recebemos o nosso salário”, contou uma jovem bolsista, na sexta-feira (1º).
Os bolsistas reclamam do descaso – não têm informação acerca do pagamento ao ligar para a prefeitura. “Quando perguntamos, não temos resposta nenhuma. Por favor, nos ajude, temos criança dentro de casa passando fome. Não temos alimentação, nem sequer um lugar para tomar água. Temos que levar café da manhã e marmita, mas sem salário fica impossível”, relatou, desolada, a moradora, que ainda denuncia péssimas condições de trabalho.
“Fora que lá nem máscara descartável forneceram para a gente, trabalhamos na limpeza da escola e não temos proteção nenhuma contra a covid. Luva, faz apenas uma semana que chegou. Por favor, nos ajude”, completou a bolsista. A maioria dos contratados (160) deve “auxiliar” na limpeza e desinfecção de banheiros, salas de aula a “cada troca de turma” e materiais, na “orientação do distanciamento” e na “organização do momento da refeição”.
Nesta segunda (4), a bolsista voltou a falar com este portal, ainda sem resposta. “Mais uma vez, sem informação nenhuma do dia do pagamento. Hoje faz um mês e 14 dias que a gente está trabalhando, e nada, não falam quando vão pagar. A informação da diretora [da escola] era de que íamos receber quando completasse um mês, no dia 20. A gente assinou um contrato, mas não deram uma cópia. E tem gente testando positivo para ‘corona'”, disse.
Outra contratada relata o mesmo sofrimento. “Liguei na prefeitura e na Secretaria de Educação, mas eles falam que não tem data certa para nós bolsistas recebermos. Eu tenho três filhos, sou pai e mãe, pago aluguel. Estou desesperada. Esse programa está uma desordem total. São mais de 200 famílias na mesma situação. Por favor, nos jude, não sabemos mais o que fazer, só queremos receber o que é nosso por direito”, disse, também na sexta-feira.
A bolsista também voltou a conversar com a reportagem nesta segunda. Perguntada como estava, ela falou: “Não tem como a gente estar bem. A gente trabalha quase 45 dias e não recebe. Nem recebi nem tive confirmação de nada, nenhum respaldo de ninguém. Sem data ainda”. Devido às condições de trabalho, ela está com sintomas da covid-19. “Estou ruim. E o pior que não tem dinheiro para ir ao médico, fazer nada”, disse, com voz cansada.
A prefeitura estaria preocupada apenas com possíveis contaminações. “Eles estão preocupados para se safarem, mas do nosso salário, eles não falam nada. Cinco bolsistas fizeram teste para covid na UPA [de Embu] que deu negativo. Mas uma fez na UPA de São Paulo e deu positivo. Hoje, a funcionária da secretaria perguntou do resultado. Ela falou: ‘Não se preocupe, a diretora vai conseguir pegar antes de vocês’. Tudo muito estranho”, disse.
OUTRO LADO
O VERBO questionou o prefeito sobre a “desordem” do programa – “[…] O senhor atrasou e ainda não pagou a ‘Bolsa Trabalho Volta às Aulas’ aos contratados que estão cuidando da limpeza e desinfecção das escolas para as crianças estudarem com segurança. Pior, pelo governo do senhor não disponibilizar máscara, os trabalhadores estão se contaminando com coronavírus. Quando vai pagar o que deve aos bolsistas?”. Ney não respondeu.