ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O prefeito Aprígio (Podemos) anunciou nesta segunda-feira (20) que rompeu com José Vicente Buscarini (PSD) pelo vice tentar “tomar a minha cadeira”. Ele acusou Buscarini de se aliar ao ex-prefeito Fernando Fernandes (PSDB) para assumir a prefeitura e de até o ameaçar de morte. Disse que o vice agora é “um inimigo”. Mas não apresentou qualquer evidência concreta de golpe e admitiu que tomou a decisão com base em “comentários da rua” – fofoca.
“Eu resolvi tomar a decisão porque o comentário na cidade começou a se esparramar e muito forte, de que o Buscarini quer se aliar ou pode estar aliado com o ex-prefeito para me derrubar, tomar a minha cadeira, que quer tomar a cadeira dele. A cadeira dele, ele tem. Mas ficou preocupante um vice trabalhando contra a administração e com vontade de tomar a cadeira do prefeito. Eu nunca imaginei que o Buscarini ia falar isso”, disse Aprígio.
Aprígio disse que “demorou a acreditar” na suposta trama de Buscarini até “ouvir por pelo menos três semanas essa conversa, apesar de já estar desconfiado há muito tempo”, ao citar que o vice ameaçou desistir da aliança ainda na campanha. “Depois que ganhou, passou a dizer eu ‘sou prefeito vice, não sou vice-prefeito’, até que muita gente começou a falar ‘cuidado que ele quer a sua cadeira’ e ‘vai querer receber o que tem para trás ainda'”, falou.
Ao anunciar o companheiro de chapa, em dezembro de 2019, segundo bastidores, Aprígio teria aceitado pagar alta cifra e entregar o comando de “algumas” secretarias como exigência de Buscarini para ser vice. “Não sei o que é isso que tem para trás”, disse Aprígio nesta segunda. Ele emendou que se reuniu com o vice na presença de “todos os vereadores” (12 da base entre 13) “para que não ficasse dúvida porque Buscarini está saindo hoje do governo”.
Aprígio disse que o vice o ameaçou. “‘Se o prefeito morrer, quem vai tomar conta da prefeitura?’ Ele que vai tomar conta, não precisa fazer essa pergunta. Ele fala para algumas pessoas que vai conversar com os veredores para saber o que cada um tem na máquina para, se eu morrer, continuar a cumprir o acordo. É muito desagradável. Ele dizer que se aliou ao ex-prefeito para ficar mais forte para buscar a cadeira dele me fez tomar a decisão”, justificou.
Ele disse que se sentiu ameaçado. “Isso é uma ameaça e não foi uma vez só que ele falou isso. [Ele falar] ‘Tenho que saber qual foi o acordo feito’ é outra conversa que rola na cidade. Praticamente é uma ameaça”, comentou. No entanto, contraditório, ele disse que não registrará ocorrência por ser “coisa tão pequena” e o vice não representa ameaça. “Ele não vai matar. E não vai mandar matar. Todo mundo sabe quem são os meus inimigos em Taboão.”
Contudo, Aprígio disse que agora tem Buscarini em pior conta – e citou o nome de Fernando, que evitava. “Ter um amigo que acha que é amigo e de repente ser apunhalado pelas costas dói. Daqui para frente, tenho dois inimigos políticos, o ex-prefeito Fernando Fernandes e o Buscarini, que possivelmente estão aliados para me derrubar”, disse. Acrescentou que o vice não terá mais sala na prefeitura e “pode ficar na casa dele fazendo o que quiser”.
Aprígio fez críticas pessoais ao vice. “Ele é muito vaidoso, é sempre ele que está certo. E, pior, tem pessoas que alimentam a vaidade dele. Filho único, nasceu muito mimado”, disparou. Porém, expôs colisão de egos. “Eu falei: ‘Você é o vice, pode entrar [no gabinete] quando quiser’. Ele falou: ‘Só entro onde sou convidado’. Eu não posso a cada reunião que tiver aqui procurar onde está o Buscarini, não vou fazer isso. É o jeito dele, problema dele”, disse.
Aprígio justificou que, apesar de Buscarini negar contato com Fernando, “eles estão conversando, sim, e ele está conversando com a deputada [Analice Fernandes] também”, mas disse escutar na rua. Sem provar, teria arranjado pretexto para “se livrar” de Buscarini para acomodar outro secretário no lugar da mulher do vice, Adriana Barcellos (Desenvolvimento Econômico), para viabilizar o vereador Wanderley Bressan (PSDB) como secretário de Cultura.
Sobre os cargos do agora ex-aliado, Aprígio disse que na própria reunião Buscarini “exonerou a mulher”, mas falou que “não tem definido” se o escudeiro do vice, Roberto Furtado, o Betinho, secretário de Planejamento, fica. Porém, ao longo da tarde, até depois das 18h, cargos do vice do “baixo clero” já receberam telefonema de que estavam exonerados sumariamente – um comissionado demitido nem sabia que era indicado de Buscarini e ficou desolado.
