ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Vulnerável a ataques virtuais, o governo Aprígio (Podemos) completou nesta sexta-feira (3) uma semana sem atender os moradores de Taboão da Serra para marcar simples consultas (clínico, ginecologista, pediatra) nas unidades básicas de saúde, em prejuízo à população. Os munícipes que procuraram as 13 UBSs ficaram frustrados ao se deparar com avisos e até cartazes na porta de que os postos não estão agendando para “passar no médico”.
Em sofrimento aos pacientes, que podem parar no pronto-socorro por infarto ou AVC por falta de atendimento na UBS, a prefeitura está “sem sistema” desde que foi alvo de ataque cibernético no último dia 27. A gestão informou que um vírus hackeou “o servidor principal e o de backup” e criptografou (roubou) “todo seu conteúdo, solicitando um resgate através de moeda virtual (bitcoin) para devolver os documentos” – um bitcoin vale cerca de R$ 260 mil.
Apesar da gravidade do fato, pelo sofrimento causado aos pacientes, ao longo da semana, o governo Aprígio – ocupado em fazer marketing “fútil” ou dispensável como lembrar efemérides – não prestou esclarecimento sobre o caso e medidas para normalizar o serviço, em desrespeito ao cidadão em busca de informações. “Alguma notícia sobre o ‘sequestro’ da internet do sistema de Taboão?”, perguntou o professor Flávio Balduino a este portal.
A reportagem ligou para quatro postos nesta sexta-feira e ouviu a mesma resposta ao perguntar sobre a marcação de consultas. “A gente está sem sistema desde a sexta-feira passada [dia 27], e ainda não voltou. O sistema da prefeitura foi hackeado, estão tentando resolver para ver se na semana que vem volta”, disse um atendente da UBS Jardim das Margaridas. Indagado se a normalização do atendimento era garantida, ele disse: “Não, não é certeza”.
“Desde sexta-feira está sem sistema para nada, para marcar consultas, exames. Está todo esse tempo sem internet, parece que hackearam o sistema da prefeitura”, disse uma funcionária da UBS Panorama, já impaciente, após provavelmente ouvir muita queixa. “O senhor retorna na semana que vem e fala ‘voltou o sistema?’ ‘Ah, voltou’. ‘Então estou indo marcar’. Em vez de vir só perguntar só para perguntar, o senhor liga novamente, ok?”, falou.
As UBSs terão “alívio” na procura por reabrirem só na quarta-feira, após o feriado emendado da Independência. “Por enquanto, a gente não está conseguindo, senhor. Estão tentando recuperar os dados, tudo está no sistema, agendamento, consulta”, disse o atendente da UBS Jardim América. Indagado se o problema era recente, ele falou: “Não, senhor! Desde a sexta passada. É melhor dar uma ligada [na semana que vem] para não dar viagem à toa”.
A UBS Dra. Maria José Albuquerque, a 500 metros da prefeitura, também ficou inoperante. “Rackearam o sistema da prefeitura, e a gente não está conseguindo marcar. Estamos desde a sexta-feira passada sem sistema, hoje está com oito dias já. Quando for na quarta, o senhor dá uma ligadinha novamente para saber se voltou”, disse a atendente. Indagada se na semana que vem deve voltar, ela disse: “Não é certeza. Esperamos que sim, né?”.
Na UBS Suiná, na quinta-feira, os pacientes deram de cara não com um, mas com dois cartazes “Devido a falta de sistema ‘não’ [em letra maiúsculo e grifo] estamos agendando consultas”. Um dos avisos estava afastado da entrada, em estímulo para o usuário nem ir até a porta e dar meia-volta, em gestão equivocada – em uma (rara) UBS, profissionais acolheram casos delicados e anotaram o nome para ligar aos pacientes na volta do atendimento.
OUÇA UBSs INFORMAREM NÃO MARCAR CONSULTA POR FALTA DE SISTEMA, UMA VIZINHA DO PREFEITO