No 2º ‘teatro’, em ‘cala-boca nos servidores’, Aprígio não protocolou nada no STF

Especial para o VERBO ONLINE

Diante do STF, Aprígio diz 'ajudar' funcionalismo e secretário diz que recurso foi protocado, mas nada foi registrado na corte; servidores protestam | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O prefeito Aprígio (Podemos) não fez nenhum protocolo no Supremo Tribunal Federal, em “defesa” do abono de férias dos servidores públicos de Taboão da Serra, em segunda “farsa” em apenas cinco meses – após “fugir” de reunião no governo de São Paulo. Ele apareceu na quarta-feira (18) ante o prédio do STF, com o secretário jurídico, mas não passou de “jogo de cena”. Um comissionado de Aprígio definiu o ato como “cala-boca nos funcionários”.

Em vídeo, ao lado dos secretários Matheus Mota (Assuntos Jurídicos) e Eduardo Nóbrega (Manutenção) e da deputada federal Renata Abreu (Podemos), Aprígio diz que “estamos aqui em Brasília […] para ajudar, estamos discutindo sobre o 14º dos funcionários”. Mota fala: “Estamos aqui no STF, fazendo conversas para poder defender o 14º de todos os funcionários. O recurso já foi protocolado. Nós estamos lutando por vocês, funcionários”.

No início da noite, para capitalizar a “iniciativa” do político, a Secretaria de Comunicação se apressou em mandar um texto aos sites patrocinados pela gestão: “O prefeito Aprígio está na quarta-feira, 18/8, em Brasília e protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) a defesa do direito dos servidores públicos de Taboão da Serra ao abono de férias”. Sobre a fala de Mota, a pasta reproduziu: “Estamos aqui no STF […]. O recurso está protocolado”.

Uma consulta simples ao setor de protocolos no site do STF revela que Aprígio – ou o secretário jurídico – não “protocolou” nenhum “recurso” ou “defesa” do direito ao abono no Supremo. Na quarta-feira ou mesmo no dia seguinte, nenhum pedido de qualquer natureza tinha sido protocolado. O mais recente era o da semana anterior, 13 de agosto, mas se tratava de ação de particular sobre adicional por tempo de serviço, nada a ver com abono.

Apenas na sexta-feira (20), um novo protocolo foi feito no STF, mas por outro autor e sem qualquer relação com o “14º salário” dos servidores – Evilásio Farias (PSB) tentando anular a desaprovação pela Câmara das contas de prefeito de 2009 a 2011. “Nada a ver com os fatos atuais”, disse o jurista consultor do VERBO, de fora de Taboão, portanto, neutro. Enquanto isso, os funcionários protestavam por reajuste salarial, inclusive pela volta do abono.

“Não vai constar mesmo, o recurso sequer foi protocolado no STF. Subestimam a inteligência alheia”, disse o jurista, sobre o “teatro”. “O protocolo foi aqui em São Paulo, no Tribunal de Justiça, não no Supremo. É um agravo contra decisão do presidente do TJ, que inadmitiu o recurso extraordinário para ser enviado ao STF por não preencher requisitos formais. Ou seja, por ora não irá ao STF até que seu processamento seja destravado no TJ”, explicou.

Na sexta-feira, este portal advertiu para possível manipulação, ao citar que nem Aprígio nem o governo divulgaram o suposto protocolo. Indagada na quinta sobre o documento, com pedido de cópia, a Secretaria de Comunicação calou. “Se protocolou, tem a via do prefeito”, questionou um funcionário, que quis saber ainda a utilidade de o responsável pela zeladoria da cidade, Nóbrega – alheio aos temas anunciados pela comitiva -, estar em Brasília.

É a segunda vez que Aprígio “apela”. Em março, ele chegou a gravar um vídeo com um ofício na mão no Palácio dos Bandeirantes para dizer que tinha se reunido com o secretário de Desenvolvimento Regional para pedir UTI contra a covid-19, mas foi uma “farsa”. Na verdade, o “birrento” Aprígio nem discutiu a necessidade dos taboanenses que agonizavam sem leito intensivo, ele viu na sala o inimigo Fernando Fernandes (PSDB), ex-prefeito, e foi embora.

O próprio secretário jurídico – que deveria ser técnico -, pela fala em tom “político” (com o braço erguido e punho cerrado), atraiu a atenção para a manipulação. Um comissionado de Aprígio traduziu na linguagem política. “Eles não foram lá para ver nada de abono. Da mesma forma que fez um vídeo aqui no Estado, dizendo que falou com o secretário e não tinha falado nada, nem entrou na sala, fez lá: ‘vamos calar a boca dos funcionários'”, disse.

EM E-MAIL À IMPRENSA, GOVERNO APRÍGIO DIZ QUE O PREFEITO ‘PROTOCOLOU NO STF DEFESA’ DO ABONO…

…MAS NENHUM DOS PROTOCOLOS NO STF SOBRE TABOÃO É DO DIA 18 E SOBRE O ABONO DOS SERVIDORES

ACESSE PÁGINA DOS PROTOCOLOS SOBRE TABOÃO DA SERRA NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

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