ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
“Traída” pelo governo Aprígio (Podemos) ao ser exposta ao ter a denúncia de desvio de vacinas vazada por um assessor do prefeito, pastor Cerqueira, conforme acusa, Maryah de Carvalho diz que após relatar o “caso de polícia” passou a não ser mais atendida na prefeitura, ser ignorada pela cúpula aprigista. Porém, após reportagens do VERBO, o secretário Mario de Freitas (Governo) começou a procurar Maryah, mas para a “pressionar”.
“Escondida” na Coordenadoria da Mulher após “intimidação” por parte de funcionários do vereador Alex Bodinho (PL), a quem denuncia pelo desvio das vacinas, Maryah acusa que a coordenadora Gisele de Moraes e a então auxiliar Simone Moreira “montaram” um boletim de ocorrência de que tinha sido agredida pelo marido e que Gisele a filmou no psiquiatra para ser “desacreditada” sobre o sumiço das doses e deixasse Taboão – elas negam.
Com crise de ansiedade ao ser visada após exposta, Maryah foi levada por Gisele ao médico em 12 de maio e acabou afastada até o dia 25. Na volta do atestado, porém, Gisele avisou Maryah que estava dispensada, apesar de dizer ter procurado ajudar. “O médico disse que eu poderia voltar a trabalhar. Liguei para Gisele, falei ‘o psiquiatra me liberou, estou indo para a coordenadoria’. Ela falou: ‘Não, você não vai voltar para a coordenadoria'”, conta.
Gisele disse a Maryah para procurar o secretário de Governo, conforme áudio a que este portal teve acesso. “Você vai conversar com o Mario de Freitas, ele que vai decidir para onde você vai agora”, falou. Sem receber qualquer justificativa para ser desligada, por parte da nomeada da primeira-dama Luzia Aprígio, Maryah foi à prefeitura no dia seguinte (26) falar com Freitas, conforme orientação recebida. Ela esperou duas horas, mas não foi atendida.
À noite, Maryah se queixou com a própria Gisele. “Estou aguardando você me dar um posicionamento. Enquanto não tem, amanhã estou lá na coordenadoria. Eu fui lá na prefeitura, e o Mario disse que desconhecia qualquer conversa comigo hoje, que a agenda dele estava cheia e não foi passado nada para ele. Não posso ficar faltando, né? A secretária do Mario falou que era para abonar minha falta, como ele não estava sabendo de nada”, disse.
Gisele alegou que Freitas “não conseguiu” atender Maryah, ao citar o secretário Roberto Furtado (Planejamento), o Betinho – que na prefeitura tem a função de “filtrar” aliados “problemáticos”, segundo aprigistas. “A secretária do Mario me falou que ele não conseguiu te atender. Quem vai decidir para onde você vai – foi o que o Betinho falou para mim – é o Mario. Amanhã, ele pediu uma reunião comigo, e o que ele falar, eu peço para ele te ligar”, disse.
Gisele teria tentado “se livrar” de Maryah, já que Freitas não a recebeu nem ligou. No dia 27 de julho, questionado pela reportagem sobre não ter recebido Maryah e se quis abafar o desvio de vacinas para blindar o governo e proteger Bodinho, ele despistou: “Quando foi isso? Nunca falei com essa senhora”. “O senhor Mario de Freitas disse que não me conhecia, mas nos áudios a Gisele fala que ele estaria me esperando na prefeitura”, comenta Maryah.
“Fui jogada para um monte de funcionário, como se não tivesse importância. Eu estava quase todos os dias na prefeitura, para falar com o Cristiano [auxiliar do secretário Wagner Eckstein Junior], Freitas, [a ouvidora] Maria Amélia, que me mandou várias mensagens de que queria falar urgente comigo e depois simplesmente não me atendia mais. […] Eu chegava na porta da prefeitura, parecia que eu tinha uma doença contagiosa”, relata Maryah.
“O Junior me tirou dez dias do serviço, depois que voltei do atestado. O Cristiano entrou em contato comigo e falou: ‘O Junior falou que você tem que esperar ele falar com o senhor Aprígio. Fiquei dez dias indo na prefeitura, ligando, mandando mensagem. [Falavam]: ‘Ah, Maryah, você tem que aguardar’, ‘Ah, Maryah, não dá para atender você agora’. […] Fiquei sem saber o que iam fazer comigo, a Deus dará, e tive que sair às pressas de Taboão”, afirma.
Após “conversar mais com o senhor da recepção do que alguém lá dentro”, Maryah passou, com a repercussão, a ser procurada pela prefeitura, inclusive por Freitas, como no dia 29 de julho, dois dias depois de negar contato com a funcionária. “Me ligou a secretária do prefeito. Hoje me ligaram duas vezes, mas todo dia ligam. Só o Mario de Freitas ligou no celular do meu marido do próprio celular, depois que a matéria foi publicada”, conta a denunciante.
Contudo, Maryah estaria sofrendo pressão do secretário. “A secretária Débora ligou para mim e falou: ‘O Mario de Freitas quer falar com você, e não vai atender o seu advogado’. O meu advogado está tentando conversar lá, eu não tenho condições psicológicas nem para sair de casa. O meu salário foi suspenso. Isso porque estou de atestado. Estão querendo me forçar a ir falar com eles”, relata. Questionado sobre forçar Maryah, Freitas silenciou.
A gentileza teria durado pouco não só no primeiro escalão. Após se propor a agendar com Freitas (“marco para você”), até falar “eu te ligo viu minha linda, Deus te abençoe e dê forças”, a secretária de Aprígio disse a Maryah, uma semana depois, no último dia 2: “Por favor, não tenho mais nada a ver com isso, não mande mais mensagem para mim”. “Olha o jeito que ela conversava comigo e a forma que ela me respondeu hoje”, reprovou Maryah.
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