ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O delegado Rodrigo Falcão assumiu a Secretaria de Segurança de Taboão da Serra na segunda (2), “oficialmente”. Ele chegou a ser nomeado pelo prefeito Aprígio (Podemos) durante a posse em 1º de janeiro e passou a mandar “de fato” na pasta mesmo sem ser liberado pelo governo do Estado. Ele só conseguiu a licença no último dia 27. Antes de ser empossado, porém, Falcão voltou a hostilizar a guarda civil feminina vítima de assédio moral.
Conforme revelou o VERBO com áudios, na madrugada de 14 de janeiro (4h) Falcão encontrou a base da GCM no Intercap fechada. Ele diz: “Você não está cumprindo?” A GCM: “Cumprindo o quê?”. Ele: “O que estou mandando fazer”. Após falar que o ex-comandante da GCM Sandro Leo, também no posto, “era mais um funcionário do [ex-prefeito] Fernando Fernandes”, ele avisa que “não é mais bagunça, a população tem que entrar aqui”.
Contrariado, Falcão fala: “Passa o pano, está fudendo aqui dentro, batendo punheta na sua cara”. A GCM se revolta: “Está fazendo o que aqui dentro?”. Ele fala: “Não sei o que está fazendo, não estou acusando. Abre a porta”. Ele ameaça fazer “comunicado” contra os GCMs. Em outro áudio, com Falcão já dentro da base, a GCM diz: “Então o senhor me conduza para a delegacia e fala qual o crime que estou cometendo, por favor”. Ele diz: “Administrativo”.
A GCM reage: “Administrativo nenhum também, eu conheço a nossa lei”. Ele passou a falar a Leo “eu tomo ou você que toma [a arma da guarda]?” Ela: “Ele [Leo] vai fazer documento [de entrega] e assino, não tem problema”. Com a insistência de Falcão em querer a arma, ela fala ao colega: “Eu quero a nomeação dele de secretário”. Falcão: “Quer amanhã?!”. Ele tentou desarmá-la. Ela: “Tira a mão! Tira a mão! Tira a mão! Está errado! Não encosta em mim!”
Após este portal publicar sobre Falcão ter obtido a licença, na sexta-feira, a GCM comentou em postagem do texto, sem ser direta, mas em tom de reprovação à nomeação. “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto (Rui Barbosa)”, escreveu.
O então iminente secretário respondeu à GCM na própria postagem. “O papel ‘tá’ aí e base da GCM no Taboão da Serra não é lugar para guarda vagabundo dormir (Rodrigo Falcão)”, disse, irônico, também como “pensamento”. “Papel” foi uma referência à nomeção oficial – o policial usou o termo na abordagem aos GCMs em janeiro ao sugerir que mandava na corporação mesmo sem ter portaria publicada. A agente feminina retrucou: “Que papel?”
A GCM reagiu ao ataque. “Precisa de melhores argumentos, para alegar que eu estava fudendo na base ou batendo punheta”, disse, contundente. Em janeiro, à reportagem, Falcão negou acusar a GCM de atos sexuais na base. “Nunca”, disse, apesar da fala “está fudendo aqui dentro, batendo punheta na sua cara”. Ele, porém, atacou: “A população exige segurança pública e não cochilantes noturnos, como havia anteriormente” – sem provar.
No último dia 16, indagado sobre ter posado para foto como secretário, ainda não licenciado, Falcão negou assédio moral contra a guarda. “Ela já está sendo indiciada por esses fatos. Para ter assédio moral, precisa de uma relação patronal, e eu, porra, não sou guarda, não sou corregedor. Eu não sou nada! Sou delegado de polícia”, disse, apesar de ter indicado ser secretário ao ser instado sobre a nomeação (‘quer amanhã?’) e dado ordem aos GCMs na base.
VEJA EMBATE ENTRE GCM VÍTIMA DE ASSÉDIO MORAL E FALCÃO ANTES DE SER NOMEADO ‘OFICIALMENTE’
