RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Em alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra e ao Dia Nacional de Tereza Benguela (25 de julho), o Coletivo de Negras e Negros de Taboão da Serra e Região (CNN) realiza a exposição itinerante “Mulheres Negras – Cultura e Protoganismo”, em Taboão. A mostra, que já esteve na praça Nicola Vivilechio (centro), nos dias 18 a 23, e em uma choperia no Monte Alegre, no dia 24, pode ser visitada no Poupatempo de Taboão (Pirajuçara) até sábado (31).
Com acervo, pesquisa e projeto de Kátia Trindade – sobrinha da multiartista Raquel Trindade (1936-2018) – e fotografia de Guilherme Griebler, a mostra retrata o diverso protagonismo das mulheres negras “que não se observam na mídia tradicional nem nos livros de história”, observa o CNN. “Com concepção itinerante, a exposição permite a valorização da cultura afro-brasileira e a democratização do acesso e conhecimentos socioculturais”, diz.
As fotografias revelam mulheres negras em várias profissões e funções e como produtoras de saberes e lideranças. “Mulheres que atuaram e atuam no cotidiano para enfrentar o racismo e desigualdades. As imagens potencializam mulheres e meninas negras que se veem representadas como raramente acontece em outros espaços e desvelam ao olhar das pessoas não negras realidades existentes para além das que estão habituadas”, destaca o CNN.
As obras fotográficas propõem imagens “sem o vício da estética eurocêntrica”, ao focar os “modos de percepção e vivência” de mulheres negras brasileiras. “Destaca realidades e contingências muito necessárias nestes tempos duros que vivemos de recrudescimento e renovação de opressões, e simplesmente apresenta o existir e o viver da mulher negra em toda a sua potência secular, histórica, cultural, filosófica e política”, salienta o grupo.
O 25 de julho foi instituído como o Dia Internacional da Mulher Negra Afro-Latino-Americana e Caribenha em 1992 na República Dominicana e no Brasil é também o Dia Nacional de Tereza Benguela, líder do quilombo do Quariterê, Mato Grosso. “Tereza criou um parlamento local, organizou a produção de armas, a colheita de alimentos, chefiou a fabricação e venda de tecidos para as vilas próximas e manteve centenas de pessoas vivas por décadas”, diz.
“Outras mulheres negras, antes e depois de Tereza, também atuaram de forma contundente e significativa e foram apagadas da história brasileira. É necessário saber que as mulheres negras se levantam todos os dias ara enfrentar o racismo, o sexismo, as desigualdades e os violentos impactos por eles gerados. E durante julho as mulheres negras convocam a sociedade para enfrentar problemas que são responsabilidade de todos”, afirma o coletivo.
“Atualmente, as mulheres negras continuam compondo a parcela da sociedade que mais sofre com a pobreza, violência e o descaso do governo”, aponta o coletivo, ao mencionar que, segundo o IBGE, as mulheres negras “ganham 45% menos que pessoas brancas no desempenho das mesmas funções”. “Os marcos de 25 de julho existem para lembrar que as conquistas são resultado de lutas e precisam ser mantidas”, ressalta o CNN.
SERVIÇO
Exposição itinerante “Mulheres Negras – Cultura e Protagonismo”
De 25 a 31 de julho, das 9h às 17h (até dia 30) e 9h às 13h (dia 31), no Poupatempo Taboão (estr. Kizaemon Takeuti, 2.424, Pirajuçara, Taboão da Serra)
Organização – Coletivo de Negras e Negros de Taboão da Serra e Região (CNN)
Gratuita