Na ‘calada da noite’, Ney remove canteiro diante de bar de Renato e pastor Marco

Especial para o VERBO ONLINE

Trator destrói canteiro em frente a bar do vereador Renato e do chefe-de-gabinete de Ney, pastor Marco, nesta 4ª; nesta 5ª, prefeitura no local | Divulgação/Verbo

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Em ação em que literalmente o interesse privado “passou por cima” do bem coletivo e na “calada da noite”, um trator destruiu um canteiro no Centro Histórico de Embu das Artes nesta quarta-feira (7). Curiosamente, a porção de jardim ficava em frente ao bar cujos donos, entre outros, são o vereador Renato Oliveira, presidente da Câmara, “afilhado político” do prefeito Ney Santos (Republicanos), e o pastor Marco Roberto, chefe-de-gabinete de Ney.

A remoção do canteiro, na rua Joaquim Santana, altura do número 28, ocorreu pouco antes das 20h, na “surdina”, mas foi registrada por munícipes, que ficaram entre perplexos e indignados. “A prefeitura está destruindo os canteiros de jardim do Centro Histórico a pedido dos comerciantes, que querem mais espaço para mesas e cadeiras para os visitantes”, disse um morador da área central, ao se referir a donos de bares e os frequentadores.

“Um absurdo destruírem patrimônio público de uma cidade turística, na calada da noite”, protestou outro morador. A ação ocorreu após o fim de semana em que Ney foi ao local, no sábado, curtir balada do bar de Renato no passeio público. Ney, o vereador e clientes estavam sem máscara e em grande aglomeração, em desrespeito às medidas sanitárias contra a covid-19. Após a presença do “ilustre”, mostrada pelo VERBO, o canteiro foi removido.

“Já fazia um tempo que ‘eles’ queriam tirar todos os canteiros para colocar mesas. Sempre foi negado pelo Conselho Gestor do Turismo. Agora, passaram o trator também sobre ele”, observou uma liderança comunitária. Nas redes sociais, moradores de Embu manifestaram revolta pela usurpação de poder. Ainda na noite desta quarta-feira, o munícipe João Caetano da Paixão fez uma denúncia de crime ambiental ao Ministério Público.

“Após receber várias denúncias de que a prefeitura estava literalmente passando o trator por cima do canteiro de plantas, localizado defronte ao badalado bar Far West BBQ, rua Joaquim Santana, nº 28, no centro histórico de Embu das Artes, pude constatar que estavam acabando de removê-lo, na calada da noite desta quarta-feira (7), por volta das 22h”, diz Paixão, ao mostrar fotos da máquina ao destruir o canteiro e a frente do bar já sem o jardim.

“Extremamente impotente e indignado, me resta o consolo de recorrer ao Ministério Público para apurar as responsabilidades dos autores, diretos e indiretos, pela prática odiosa deste crime sem precedentes. Consta que o referido patrimônio público estava atrapalhando os negócios daquele estabelecimento. Na semana passada, o canteiro serviu de palco aos cantores contratados pelo bar Far West”, diz Paixão, ao citar os donos Renato e Marco.

“A questão é: se acabaram com um imóvel antigo para construir o bar, não iriam acabar com um canteiro que está atrapalhando o negócio deles?”, questiona Paixão. O munícipe menciona que dias atrás Ney e o dono Renato “estavam curtindo uma balada no local, em total desrespeito às restrições legais impostas pelas autoridades, dentre elas, a própria prefeitura de Embu das Artes, visando prevenir o contágio do vírus da covid-19”.

“O fato foi noticiado pelo jornal Verbo Online, após receber denúncias sobre a aglomeração de uma multidão de pessoas, madrugada afora. As imagens falam por si só”, continua Paixão, ao anexar fotos. “Não bastasse, o referido bar utiliza espaço público para acomodar dezenas de clientes, sem qualquer compensação financeira ao município, além de não respeitar a lei do silêncio imposta a estabelecimentos similares, a partir das 22h”, frisa o morador.

“Não por acaso, a obra de demolição foi realizada na surdina, às vésperas do feriado de sexta (9), quando Embu irá receber milhares de turistas e frequentadores do bar. Logo, a ampliação da ‘sua área’ de atendimento aos clientes irá proporcionar o substancial crescimento dos lucros em detrimento do interesse público, em todos os sentidos. Definitivamente, eles não têm limites, apostam na (certeza da) impunidade. A situação está insustentável”, declara.

Paixão conclui ao requerer ao MP a instauração de inquérito civil “para apurar os gravíssimos fatos narrados”. Ele comunicou ao Condephaat (conselho de defesa do patrimônio histórico e turístico) e ingressará com ação judicial nos próximos dias. Este portal questionou o prefeito se ordenou ou autorizou a demolição do canteiro e se determinou por Renato e o pastor Marco Roberto serem donos do bar em frente do jardim. Ney ficou em silêncio.

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