Aprígio vê cidade falida, mas incha de LNs e dá aumento de 50% a filho de auxiliar

Especial para o VERBO ONLINE

Aprígio diz que prefeitura está "quebrada", mas tem mais nomeados 'que mesa para trabalho' e subiu salário de filho de Freitas de R$ 3 mil para R$ 4,5 mil | PMTS

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O prefeito Aprígio (Podemos) passou a falar com frequência neste mês que herdou do governo anterior, do ex-prefeito Fernando Fernandes (PSDB), uma prefeitura endividada e “quebrada”, com “conta” a pagar que só cresce a cada vez que a apresenta. Mas, na contra-mão do discurso, o governante de Taboão da Serra apinhou a administração de funcionários de indicação política e até deu aumento “generoso” ao filho de um secretário.

Na inauguração da base segurança no largo de Taboão, no último dia 10, Aprígio se queixou da situação financeira da prefeitura. “Temos hoje a cidade falida. Peço um pouco de paciência porque pegamos uma cidade quebrada! Eu ouvia outros prefeitos falarem em terra arrasada. Não concordo, mas que a cidade está quebrada, está. Pegamos uma dívida de quase R$ 400 milhões. Não tem como fazer nada neste ano por falta de recurso”, discursou.

Ao entregar a base de segurança reformada no Parque Pinheiros, no dia 17, Aprígio voltou a reclamar da suposta dívida. “Precisamos começar a trabalhar, e estamos começando, mas muito precário. Pegamos a cidade com mais de R$ 400 milhões de dívida, que não é pouca coisa”, discursou. Em 11 de maio, o governo acusou dívida de “mais de R$ 348 milhões”, em informe lacônico, sem reunir a imprensa para esclarecer – e poder ser questionado.

Contudo, Aprígio vem inchando a prefeitura com funcionários livre-nomeados (LNs), sem concurso público, para acomodar correligionários e aliados na campanha e ainda apoiadores de “ocasião”, como os indicados do prefeito Ney Santos (Republicanos) e dos oito vereadores eleitos na oposição, na chapa de Daniel Bogalho – os novos governistas colocaram “apadrinhados” até em equipamentos do outro lado da cidade de onde têm reduto eleitoral.

A nomeação de indicados políticos no atual governo começou em janeiro, mas segue em marcha. Em parca ideia do loteamento, em curto período, a prefeitura tinha em 6 de março 6.305 servidores no total (com os concursados). Hoje tem 6.510, 205 a mais. Como o total de efetivos dificilmente varia para mais ou varia muito pouco, o contingente extra seria basicamente de novos comissionados. Estima-se que os LNs já cheguem a quase mil.

Em relato revelador, uma servidora efetiva disse ao VERBO que a prefeitura não parece “falida”. “Minha secretaria está cheia de livres-nomeados. No ano passado, praticamente os chefes que eram livre-nomeados e alguns servidores em cargos designados”, disse. Indagada quantos comissionados a pasta passou a ter, ela falou: “Umas dez pessoas a mais”. “Cá entre nós, não tem mesa e computadores para toda essa gente que chegou”, completou.

Outra situação é ainda mais emblemática em indicar que a prefeitura não está tão “mal das pernas” assim. Em março, Aprígio aumentou o salário do filho do seu secretário de Governo, Mario de Freitas, em 50%. Ian Fagundes de Freitas deixou de receber R$ 3.000 para ganhar R$ 4.500 – conforme registra o “Diário Oficial do Município” 971 (de 25/3), o prefeito o exonerou do cargo de coordenador e no mesmo ato o nomeou “assessor especial I”.

Fotógrafo, o filho de Freitas está lotado na Secretaria de Comunicação – tem apenas ensino médio. Em afronta ao funcionalismo, uma servidora efetiva da pasta com quase 10 anos de casa e ensino superior ganha salário-base de R$ 1.144,50, quatro vezes menos que o familiar do secretário – ela não terá o nome revelado para ser preservada, mas é a que mais produz na secretaria. Além do salário alto a comissionados, o governo Aprígio pratica nepotismo.

Questionado sobre o aumento ao filho, Freitas silenciou. Nesta quinta-feira, às 19h, servidores da prefeitura realizam uma assembleia geral virtual para cobrar reposição salarial, vale transporte, vale alimentação “digno”, e se posicionar contra o aumento do desconto previdenciário de 14% e pelo “fim do assédio moral”. A comissão afirma que a pauta é a que “entregamos ao governo Aprígio/Buscarini, em fevereiro de 2021, até hoje sem resposta”.

APRÍGIO DIZ QUE PREFEITURA ESTÁ ‘FALIDA’, MAS DÁ AUMENTO DE 50% A FILHO DE SECRETÁRIO…

…ENQUANTO PROFISSIONAL QUE MAIS PRODUZ NA COMUNICAÇÃO TEM SALÁRIO-BASE 4 VEZES MENOR

comentários

>