Aprígio festeja 100 mil aplicações, mas Taboão segue entre cem últimos na vacina

Especial para o VERBO ONLINE

Aprígio celebra ter aplicado 100 mil doses contra covid-19, mas Taboão é o 535º colocado entre 645 cidades e está atrás de quatro cidades na região | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Preocupado em manipular dados da vacinação contra a covid-19 ao imunizar em ritmo lento, o governo Aprígio (Podemos) alardeia desde esta quarta-feira (16) que aplicou mais de 100 mil doses da vacina, mas Taboão da Serra segue entre os cerca de cem últimos municípios no ranking estadual e é apenas o quinto que mais vacinou, em relação à população, entre as oito cidades da região, diferente do discurso falacioso da administração municipal.

“A Secretaria de Saúde de Taboão da Serra ultrapassou a marca de 100 mil doses aplicadas contra a covid-19. Ao todo foram aplicadas 101.355 doses, sendo 71.724 pessoas que receberam a primeira dose e 29.631 pessoas que completaram o esquema vacional com a aplicação da segunda”, disse o governo na noite desta quarta, nas redes sociais. Com um cartaz com indicação das 100 mil doses, Aprígio comemorou que “Taboão avança na vacinação”.

No entanto, Taboão é apenas o 535º colocado na vacinação contra a covid-19, entre 645 municípios paulistas – está entre os 110 últimos no ranking. Conforme os dados apresentados, vacinou 24,4% da população com a primeira dose e 10,1% com as duas doses, o que conta para a proteção devida. Em evidência do atraso de Taboão, o Estado como um todo vacinou 31,33% habitantes com a primeira dose (14.500.358) e 12,94% com as duas (5.990.970).

O governo Aprígio frequentemente afirma que é o que mais vacinou entre as oito cidades da região, ao considerar capciosamente o número absoluto de doses, em vez do total em relação à população, como deve ser computado. Apesar da retórica, Taboão está atrás de São Lourenço da Serra (35,5% da população imunizada com a primeira dose; 149º no ranking), Juquitiba (26,6%; 469º), Cotia (25,3%; 515º) e até de Embu das Artes (25,1%; 522º lugar).

Taboão foi ultrapassado por Embu, que 20 dias atrás era o 607º colocado. Com cinco meses de campanha, a cidade governada por Aprígio nunca avançou para o grupo dos 400 municípios que mais vacinaram, sempre esteve na casa dos cerca de 100 últimos. Atualmente, só figura à frente de Embu-Guaçu (24,2% dos moradores vacinados com a primeira dose; 542º no ranking), Itapecerica da Serra (19,9%; 624º) e Vargem Grande Paulista (19,2%; 627º).

Com muitos moradores ainda sem se vacinar e com comunicação deficiente, o governo Aprígio deveria fazer alguma ação para incentivar os munícipes a procurarem os postos para receber a proteção contra a covid-19 – a pessoa a cada dia sem se vacinar corre risco de se infectar e se internar, com possibilidade de agravamento fatal. Mas prefere fazer “marketing”, em prática perigosa, a sugerir ao público quadro ideal da vacinação que inexiste.

O governo Aprígio, porém, contribui para a vacinação lerda. Depois de não vacinar nas UBSs no início da campanha e não reservar doses para segunda aplicação, entre outras medidas que dificultaram a busca pelo imunizante, a gestão continua a complicar a vida do cidadão. Desta vez, limitou a um dia a vacinação de pessoas de 54 e 53 anos (ontem), 52 e 51 anos (hoje) e de 50 anos (amanhã), e não começou a vacinar as cinco idades nesta quarta (16).

O morador José Afonso da Silva foi se vacinar nesta quarta e se frustrou. “Eles não estão seguindo o calendário estadual. Por isso, só poderei tomar a vacina na sexta-feira, porque o Alecrim Dourado que finge administrar Taboão da Serra tem o seu próprio calendário”, disse. Outro morador enviou à reportagem a foto de Aprígio com o cartaz de que aplicou 100 mil doses. “Doido. 300 mil habitantes e eu nem tomei ainda e ele está feliz”, ironizou.

TABOÃO FIGURA ENTRE CERCA DE CEM ÚLTIMOS NA VACINAÇÃO ANTI-COVID E ATRÁS DE 4 CIDADES LOCAIS

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