Em novo dado do caos da covid, Taboão tem queda de mortes menor que o Estado

Especial para o VERBO ONLINE

UPA Akira Tada, que teve 103 mortes desde 5/3; Taboão registra em maio 104 mortes, 16% a menos que em abril, mas Estado teve redução maior, de 30% | Verbo

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Em mais uma evidência do descontrole da covid-19 sob o governo Aprígio (Podemos), Taboão da Serra registrou redução de mortes pela doença em maio menor que o Estado de São Paulo. Conforme mostrou o VERBO, em abril, Taboão já tinha tido registro de óbitos maior que o conjunto das cidades paulistas, o que derrubou discurso da Secretaria da Saúde e do próprio prefeito de que a pandemia tinha se agravado igualmente no Estado inteiro.

Em abril, Taboão teve registro de 124 mortes por covid-19, crescimento de 49,4% (em março tinha notificado 83). O Estado notificou 21.539 óbitos, aumento de 42,1% (no mês anterior tinha contabilizado 15.159). Isto é, a cidade teve 17% a mais de mortes. Agora, em maio, com 104 mortes computadas, Taboão registrou queda de 16% em relação a abril, enquanto o Estado, com 15.183, apresentou redução maior, de 30%. Ou seja, a cidade teve 47% mais óbitos.

Taboão chegou ao segundo maior registro de mortes por covid-19 em um mês durante a pandemia inteira ao notificar na segunda-feira, último dia de maio, nada menos que oito óbitos, uma escalada de casos fatais que nunca diminui – em pesadelo sem fim. A crise da pandemia continua, o município já iniciou junho com a notificação de mais sete mortes, nesta terça-feira (1º). Agora, passa a registrar 721 vidas perdidas para o coronavírus.

Na pandemia inteira em 2020, em 283 dias (nove meses), sob o governo Fernando Fernandes (PSDB), Taboão registrou 356 mortes por covid-19, média de 1,31 por dia. Neste ano, em 152 dias (cinco meses), notificou 365, 2,4 diários, em prova da explosão do contágio sem qualquer contenção sob Aprígio, que agiu com inépcia ao avanço da doença. Em dado emblemático, Taboão já relata mais mortes em cinco meses deste ano do que em nove de 2020.

O caos da pandemia em Taboão se deve sobretudo ao colapso na UPA, com lotação de leitos e óbitos praticamente diários. De 5 de março até esta terça, em 89 dias, menos de três meses, 103 pessoas morreram na UPA sem assistência de UTI (média de 1,2), mais de uma morte por dia. O governo Aprígio conta 60 óbitos, por considerar só as vítimas que incluiu na fila por vaga. Mas os demais pacientes poderiam ter resistido com UTI à disposição.

Leito de UTI é ofertado pelo Estado, mas as cidades podem criar ou exigir vagas. No dia 10 de março, Aprígio teve a chance de cobrar do governo João Doria (PSDB) UTI para Taboão, mas se recusou a participar de reunião ao ver Fernando na sala. Desde então, ele se limita a esperar vaga – “assiste” às mortes. No dia seguinte, depois de colocar a “picuinha” acima do clamor dos moradores por UTI, Aprígio foi “vistoriar” descarga de privada em prédio público.

Mesmo com o agravamento da pandemia, inclusive com a possibilidade de uma terceira onda, Aprígio não realiza nenhuma ação sistemática contra a proliferação do coronavírus, como a higienização de vias públicas, nem sequer faz pronunciamento de alerta aos moradores para reforçar as medidas de proteção. Ao contrário, promoveu aglomeração ao receber equipe feminina de futsal. Quatro dias depois, quatro atletas testaram positivo para covid.

As sete novas vítimas registradas entre moradores de Taboão (sexo, idade, comorbidades, local de óbito) são:
– 715ª – mulher, 46 anos, sem comorbidades – UPA Akira Tada (óbito em 22/5);
– 716ª – homem, 58 anos, doença cardiovascular crônica – Hospital Geral Santa Marcelina (óbito em 22/5);
– 717ª – homem, 65 anos, cardiopatia e diabetes – Hospital São Luiz Gonzaga (óbito em 24/5);
– 718ª – mulher, 25 anos, sem comorbidades – Maternidade Santa Joana (óbito em 2/4);
– 719ª – mulher, 61 anos, doença cardiovascular crônica e diabetes – Hospital Regional de Cotia (óbito em 21/5);
– 720ª – mulher, 59 anos, diabetes e obesidade – Unidade de Apoio Hospital São José (óbito em 18/5);
– 721ª – homem, 55 anos, sem comorbidades – UPA Akira Tada (óbito em 17/5).

De 720 vítimas (a 340ª não teve perfil relatado), Taboão conta a morte por covid-19 de 411 homens e 309 mulheres – 60 a 69 anos (214), 70 a 79 (171), 50 a 59 (111), 80 ou mais (100), 40 a 49 (76), 30 a 39 (32), 20 a 29 (oito), 0 a 9 (seis) e 10 a 19 (duas). O município tem taxa de mortalidade pela doença de 245,52 mortes por 100 mil habitantes, a mais alta da região (oito cidades) – a segunda mais elevada é de 216,87 (Cotia) -, acima também da do Estado (242,41).

Com 14.873 pessoas infectadas desde o início da pandemia, Taboão registra 14 casos por dia de média móvel nos últimos sete dias (98 no total), 77% a menos em relação à média de 14 dias atrás, de 60,57 (424 diagnósticos). E 4,57 mortes por dia (32 ao todo), 100% a mais do que a média há duas semanas, de 2,28 (16 vítimas). Os novos casos têm queda expressiva. Entretanto, mesmo com menos confirmações da doença, os óbitos voltam a disparar.

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