Prefeito de São Paulo, ‘guerreiro’ Bruno Covas morre aos 41 anos vítima de câncer

Especial para o VERBO ONLINE

Bruno Covas (PSDB), prefeito de SP, que morreu neste domingo (16), na capital; neto de Mario Covas será sepultado em Santos (litoral), onde nasceu | Governo SP

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em São Paulo

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), morreu neste domingo (16), às 8h20, aos 41 anos, vítima de câncer do aparelho digestivo (entre esôfago e estômago). Covas será velado no Edifício Matarazzo, sede da prefeitura, a partir das 13h, restrita à família e amigos próximos devido à pandemia da covid-19. Depois, o corpo será conduzido em cortejo em carro aberto por ruas da área central. Ele vai ser sepultado na cidade natal, Santos (litoral paulista).

Covas estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde o dia 2. No dia seguinte, ele foi intubado e levado à UTI após ter um sangramento na região onde o câncer foi diagnosticado pela primeira vez. Ele ficou um dia na UTI e chegou a celebrar a melhora ao posar para foto com o filho no dia 4, mas teve piora no quadro na sexta (14), quando o hospital anunciou quadro irreversível. Ricardo Nunes (MDB), o vice, assumirá a prefeitura.

Covas nasceu em 7 de abril de 1980, em Santos, filho de Pedro Mauro Lopes e de Renata Covas Lopes, mas era mais lembrado por ser neto do ex-governador Mario Covas – que também morreu de câncer, em 2001. Ainda adolescente, ele decidiu seguir os passos do avô e em 1995 se mudou para São Paulo – foi morar com Covas, no Palácio dos Bandeirantes. Em 2004, ele disputou a vice-prefeitura de Santos, mas não se elegeu e voltou à capital.

Covas se formou advogado e economista, mas não exerceu nenhuma das profissões para se engajar na política – para seguir o legado do avô. Em 2006, ele foi eleito deputado estadual (122.312 votos). Em 2010, foi reeleito como o mais votado (239.150 votos), mas em 2011 deixou o cargo para ser secretário de Meio Ambiente (gestão Alckmin). Em 2014, ele se mudou para Brasília como o quarto deputado federal mais votado por São Paulo (352.708 votos).

Na Câmara Federal, Covas foi uma das figuras mais combativas na oposição ao PT. “Eu venho aqui hoje dar voz a todos os paulistas que, anônimos, foram para as ruas dizer basta. Eu voto sim!”, discursou ao votar pelo impeachment da presidente petista Dilma Rousseff, em 2016. Cinco meses depois, ele ajudou a compor a base de apoio do presidente Michel Temer (MDB) ao votar a favor da PEC (emenda constitucional) do Teto de Gastos.

Ainda em 2016, Covas deixou mais uma vez o mandato de deputado (que acabaria em 2018) para assumir como vice de João Doria (PSDB) na prefeitura de São Paulo. Em 2018, Doria resolveu disputar o governo do Estado. Covas assumiu a prefeitura e tinha apenas 33 meses para imprimir a própria marca. Mas em outubro de 2019 descobriu o primeiro câncer. “Foi um soco na cara, como um carro a 200 [km] por hora que bate na parede”, comparou.

Após 30 dias entre internação e recuperação em casa, Covas voltou ao trabalho. “É vida que se segue, colocando não apenas a minha saúde, mas a cidade de São Paulo em primeiro lugar”, disse. Ele voltou a ser internado, com o avanço do câncer. Em 2020, apesar da doença, ele encabeçou as ações de combate à pandemia de covid-19 na cidade, epicentro da doença – ele chegou a contrair o coronavírus, em junho, mas teve apenas sintomas leves.

Apesar do tratamento duro, Covas concorreu à reeleição – com “força, foco e fé”, conforme o lema da campanha, e o apoio de dez partidos. No segundo turno contra Guilherme Boulos (PSOL), ele foi reeleito com 59,4% (3.169.121 votos). No começo do novo mandato, descobriu novo nódulo, no fígado, que gerou acúmulo de líquido no pulmão. O próprio Covas orientou os médicos a tratar com total transparência o estado de saúde que apresentava.

Em abril passado, no dia 15, com a aparição de novos focos do câncer, Covas voltou a ser internado. No dia 27, ele chegou a deixar o hospital. “Partiu casa. Mais uma vitória entre muitas batalhas”, comemorou. No dia 2 de maio, voltou a ser internado e se licenciou da prefeitura. Quinze dias depois, não resistiu. “Eu gostaria muito de ser lembrado por aquilo que me motiva a fazer política, que é mudar a vida daqueles que mais precisam”, disse Covas.

O prefeito Aprígio (Podemos) expressou pesar pela morte de Covas. “São Paulo e o Brasil perde um grande homem, que lutou muito pela vida contra o câncer. Neste momento difícil, minha solidariedade a todos os seus familiares, amigos e eleitores do prefeito de São Paulo. Descanse em paz!”, disse. O ex-prefeito Fernando Fernandes e a deputada estadual Analice Fernandes (PSDB) disseram que tinham Bruno como “um menino da nossa família”.

“Um amigo. Um cara especial, que tínhamos orgulho de ter como prefeito de São Paulo. Infelizmente, a vida nos prega peças, o Bruno lutou como poucos, fez tudo que estava ao seu alcance, foi um grande guerreiro, frente a vida e frente a prefeitura de São Paulo. Seu legado ficará para sempre. Nossos mais profundos sentimentos à família do Bruno Covas!”, escreveu Fernando, em postagem com uma foto com Analice e com Bruno Covas entre ambos.

VEJA MANIFESTAÇÕES DE PESAR DO PREFEITO APRÍGIO E DO EX-PREFEITO FERNANDO FERNANDES

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