ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Um morador de Taboão da Serra denunciou o desvio de vacinas contra covid-19 na UBS Santo Onofre (Pirajuçara) à Polícia Federal, ao encaminhar à PF reportagem do VERBO que revelou o furto. Ele se diz indignado pela vacina ter sido comprada com “recurso federal, dos brasileiros”. Ao falar pela primeira vez sobre o ocorrido, nesta quinta-feira (29), o prefeito Aprígio (Podemos) defendeu a posição de não levar o caso à polícia – não registrar ocorrência.
Na entrega de base de segurança no Parque Marabá, questionado por este portal sobre a sindicância que diz ter instaurado sobre o caso, quantos funcionários são alvo da apuração interna e se o governo fez boletim de ocorrência, Aprígio disse que não providenciou o BO. Ele admitiu não ter “informação” sobre o desvio, motivo que seria suficiente para acionar a polícia, mas curiosamente usou a deficiência para afastar a investigação policial.
“O boletim de ocorrência seria, talvez, o primeiro passo. Mas como eu não tenho informação de quantas [vacinas] sumiram, quem está envolvido, o que primeiro fizemos foi exonerar a pessoa que estava em [à] frente, a secretária [sic] que estava lá, exoneramos… a diretora. E estamos investigando quem estava atuando junto com ela e quantas vacinas ‘sumiu’ para saber o que ocorreu, com certeza, e fazer o boletim de ocorrência”, argumentou Aprígio.
Aprígio evitou dizer quantos servidores são alvo da apuração da prefeitura. “Não temos uma definição. Só sabemos da diretora. Nós a afastamos, exoneramos inclusive, se é que está envolvida, para apurar. E agora estamos chamando um a um dos que trabalhavam lá para ver se sabem o que aconteceu. Apurando, vamos à delegacia falar ‘sumiram tantas vacinas’ e quem está envolvido. Não podíamos fazer um boletim sem ter quem acusar”, disse.
O prefeito falou que “não diria” que houve roubo de vacinas. “Uma coisa é roubo, outra coisa é, se aconteceu, pelo que a gente está entendendo, é fura de fila. Furaram a fila. E aí aplicaram em alguém que ainda não tinha idade [para tomar]”, disse. Questionado qual a garantia de que outras UBSs não tiveram o mesmo crime, ele disse que não teve informação de desvio em outro posto, mas “estamos investigando as outras unidades também”, falou.
“Quando isso aconteceu, pegamos cada posto de saúde, designamos uma pessoa para ir lá, sem ninguém saber, para confiscar todas as fichas de aplicação da vacina e contar quantas vacinas tinha disponíveis no posto. Estão em nossa posse todas as fichas e a quantidade de vacinas que foram entregues lá e as que havia, para fechar a conta”, afirmou Aprígio. A diretora era indicada pelo vereador Alex Bodinho (PL) e a UBS, loteada com apoiadores dele.
O desvio ocorreu no dia 8 de abril. Cerca de 300 doses de vacina (30 frascos) foram desviadas, segundo relatos de funcionários. Outra denúncia é de que as vacinas foram misturadas a outro líquido para render mil doses. Questionado pela reportagem sobre não ter comunicado a população sobre o desvio, até para tranquilizar os moradores sobre a procedência da vacina, Aprígio disse que informará “depois que tiver o resultado” da apuração.
Um morador denunciou o caso à PF. “A vacina […] é paga com dinheiro do Tesouro Nacional do Brasil. […] Como cidadão brasileiro, com 65 anos de idade, peço-lhes que apure a responsabilidade sobre o desvio de 300 doses na cidade de Taboão da Serra, conforme matéria veiculada pelo jornal digital VERBO ONLINE. O dinheiro é do povo e a responsabilidade por desvendar o desvio é da nossa Polícia Federal”, escreveu ao superintendente em São Paulo.
À reportagem, o morador (ex-síndico de condomínio na cidade) disse estar indignado. “O dinheiro da vacina é nosso, como cidadão temos que exigir nossos direitos. A Polícia Federal que tem que apurar o desvio, por isso encaminhei a reportagem do Verbo direto à Superintendência em São Paulo, que abriu processo. Já tem procolo. Taboão vai tremer com a Polícia Federal. Que haja punição exemplar aos participantes do desvio”, declarou.
VEJA A DENÚNCIA DE MORADOR SOBRE DESVIO DE VACINAS DA UBS NO PIRAJUÇARA À POLÍCIA FEDERAL
