UPA entrega lençol infectado a mãe de paciente; PA do Clementino aglomera e tem mau atendimento

Especial para o VERBO ONLINE

UPA Akira Tada, que deu lençol contaminado a mãe de paciente, segundo ela; PA Covid com o que não devia ter, aglomeração | PMTS/Facebook Neusa Kuraoka

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Uma moradora de Taboão da Serra relatou na quarta-feira (14) que o filho foi transferido após ficar internado com covid-19 na UPA Akira Tada, mas quando foi retirar os pertences do ex-paciente, chamada pela direção da unidade, recebeu – em um saco que seria destinado a descarte de lixo hospitalar – lençóis utilizados por doentes infectados para que levasse para casa. Com a situação, ela disse ter ficado envergonhada em ser moradora da cidade.

A funcionária pública Tereza Spoliante contou o episódio constrangedor em rede social. Ela ironizou o descuido. “Meu filho teve covid e quando foi transferido da upa pediram para que fôssemos lá retirar os pertences dele. Ao chegar lá, me entregaram um saco branco daqueles que colocam lixo hospitalar com os lençóis que pertencem à unidade para que eu levasse para casa. O resto nem vou falar porque senti vergonha de ser taboanense”, disse.

Outra moradora de Taboão, Neusa Kuraoka, sem acreditar, quis saber se tinha entendido direito o que tinha lido, que a cidadã tinha recebido lençóis usados da UPA para levar para casa. Tereza disse “sim” e confirmou a situação. Ela disse que não ficou com os tecidos. “Mas me recusei quando vi o saco que colocaram”, disse Tereza. A reportagem procurou a moradora para ter mais informações sobre o episódio, mas não conseguiu contato.

Tereza fez o relato em postagem de Neusa, que apontava outra situação lamentável na saúde. Ela denunciou aglomeração e o mau atendimento no que chamou de “hospital de campanha”, em tom de ironia, ao se referir ao pronto-atendimento da covid-19 no que foi transformada a UBS Clementino desativada. “Isso mesmo. Se você não tem o vírus, vai pegar, com certeza”, disse, sobre foto com pacientes sentados bem próximos uns dos outros.

Neusa disse que, nas UBSs, o atendimento também potencializa o risco de contaminação. “Com a competência de funcionários que operam o WhatsApp enquanto atendem, com muito mau humor, diga-se de passagem, as pessoas que procuram atendimento. Esses mesmos funcionários pelo jeito não tiveram nenhum treinamento e seu conhecimento é apenas o ‘QI’ (quem indicou). Isso mesmo, se acham os donos dos equipamentos”, declarou.

Neusa se dirigiu ao responsável maior. “Pelo amor de Deus, prefeito Aprígio exija de seus funcionários nomeados de outras unidades para serem dignos de receberem salários pagos por nós, munícipes, mesmo porque é você o responsabilizado por essas atitudes”, disse. Ela voltou a reprovar a aglomeração. “Lembrando que no Clementino a empresa contratada deveria ter no mínimo noção de distanciamento para não deixar que aglomerem”, falou.

“Os funcionários são de ‘quinta’. Nem olham na cara das pessoas, são mal educados e trabalham com o celular na mão o dia todo”, disse Neusa à reportagem. Segundo relatos, a direção do PA protege funcionários indicados pela vereadora Luzia Aprígio (Podemos), mulher do prefeito, e pelo secretário Eduardo Nóbrega (Manutenção) e “maltrata” os de vereadores que eram oposição, como os ligados a Joice Silva (PTB) e Carlinhos do Leme (PSDB).

OUTRO LADO
Questionado sobre a UPA ter entregue lençóis usados por pacientes infectados para Tereza levar para casa e acerca da aglomeração e do mau atendimento no PA do Clementino, o governo Aprígio, por meio da Secretaria de Comunicação, não quis responder – os equipamentos são geridos por organizações sociais privadas, mas o governo tem de fiscalizar. Procurados ainda pela reportagem, Luzia Aprígio e Nóbrega também não responderam.

VEJA POSTAGEM E COMENTÁRIO DE MORADORAS SOBRE PA-TRIAGEM DO CLEMENTINO E UPA AKIRA TADA

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