RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Uma moradora que foi assistida no improvisado pronto-atendimento da covid-19 de Taboão da Serra diz que apesar de não estar se sentindo bem o médico quis que fosse para casa com a justificativa de que faltava espaço na unidade, mostrou nesta terça-feira (6) a TV Globo. Fechada pelo prefeito Aprígio (Podemos) para ser local de triagem, a UBS Clementino foi transformada no PA mesmo sem ter estrutura para receber o equipamento.
O relato da moradora foi mostrado pelo “SPTV 1ª edição”, que esteve em Taboão para noticiar mais uma vez o colapso da saúde municipal com mortes diárias na UPA Akira Tada ao longo de praticamente um mês, entre 5 de março a 3 de abril, quando morreram 50 pacientes na unidade para covid-19. A reportagem também mostrou o pedido de abertura de investigação contra Aprígio por omissão em relação aos óbitos dos doentes por falta de UTI.
Na atual gestão, a UPA se tornou um equipamento de “porta fechada”, virou apenas um local de internação. Os moradores que têm sintomas do coronavírus têm que ir ao chamado “PA da covid-19”, à UBS do Clementino desativada. A reportagem mostrou que a munícipe Maria Elza foi atendida na unidade e que mesmo após ter alta, na quarta-feira passada, precisa voltar diariamente para tomar remédio, mas reclama do atendimento prestado.
“[O médico me disse] Que não estava precisando de oxigênio, que era para desocupar lugar. Foi bem claro, não tenho dúvida”, disse Maria Elza à reportagem. Ela conta que só continuou internada na UBS depois de argumentar com o médico de que não tinha condições de ir embora. “Passei mal a noite inteira, o senhor vai me mandar embora, para quê? Para virar estatística? Não vou, o senhor chame a polícia para me tirar daqui”, relatou ainda.
Aprígio contratou no mês passado para atender no local, sem licitação, a empresa Associação de Desenvolvimento Social e Comunitário Instituto Prius, no valor de R$ 3.510.925,62 por três meses, R$ 585.154,27 por leito, valor considerado acima do mercado. O hospital de campanha que funcionou de abril a setembro de 2020 custou R$ 8.912.455,94, com 60 leitos, R$ 148.540,93 por leito, quatro vezes menos e por período maior, cinco meses.
O Instituto Prius teve pedido de concessão do “Certificado de Entidade Beneficente” negado em março de 2019 pelo Ministério da Saúde, conforme revelou o jornalista David da Silva. O certificado é necessário para se firmar convênios com o poder público. A Prius foi qualificada como “organização social” pelo secretário José Alberto Tarifa (Saúde), em 19 de janeiro. O mesmo pedido foi negado pelas prefeituras de Osasco e Jundiaí, em 2018 e 2019.