RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O secretário de Comunicação do governo Aprígio (Podemos) atacou o VERBO no último dia 24 de março após ser alvo de crítica por não responder a questionamento sobre a vacinação contra a covid-19. Arnoldo Landiva hostilizou e tentou desqualificar um repórter deste portal ao dizer “você ficou de mimimi” e “não vou ser o único a ficar te dando audiência, até mesmo porque você não sabe o que é isso”. Ele já investiu antes contra o jornalista.
Na iminência do “feriadão” de dez dias decretado pelo prefeito em que as UBSs não iam funcionar, o repórter Adilson Oliveira, prestes a fechar uma reportagem, perguntou ao secretário por que a vacinação não ia começar no dia 26, para quando tinha sido antecipada pelo Estado. Landiva disse que este portal tinha que esperar o “release”. Indagado se podia informar antes de o texto oficial da prefeitura sair, ele alegou não ter entendido a pergunta.
Oliveira fez uma crítica em uma rede social, sem cunho pessoal – “como pode secretário de Aprígio receber R$ 16 mil e não responder sobre a vacinação?”. Moradores reclamaram não ter conseguido fazer o cadastro obrigatório. Landiva passou ao ataque. “Adilson, seu joguinho está triste de ver… coloque o nome de quem não forneceu a informação sobre a vacinação para você. Aproveite e informe sua ‘audiência’ sem mascarar a situação”, disse.
O repórter falou: “Você e mais 3!”. “Que joguinho? Só relatei o fato, que você Arnoldo Landiva e mais 3 secretários do governo Aprígio não responderam sobre o meu questionamento. Eu não brinco com coisa séria”, acrescentou. O chefe da pasta disse: “Ninguém está brincando. O assunto é sério e você e os seus agindo dessa forma lamentável. Fala que não brinca, mas comenta em ‘postizinho’ de ‘bar’. Para aguentar você nem recebendo 1.000.000”.
O jornalista David da Silva fizera uma postagem ironizando a ineficiência do secretário: “No ‘Landiva’s Bar’ o cliente pede uma marca de whisky, o dono serve outra. Cliente quer dose inteira, vem metade. Se a gente reclama, o dono diz que não entendeu. No ‘Landiva’s Bar’, o cliente bebe, e o dono é quem fica tonto”. Oliveira disse a Landiva: “Ué, mais uma vez a postagem de David expressou uma verdade, que você não prestou informação pedida”.
O repórter aproveitou para reclamar da postura de Landiva – que é publicitário -, sobre não atender pedido de informação. “É ridículo a assessoria de comunicação do governo Aprígio ser ‘concorrente’ da imprensa, coisa de quem não é da área! Sobre o comentário infeliz, sou jornalista, minha consciência não está à venda”, disse. Landiva retirou anúncio institucional do VERBO após este portal publicar reportagens críticas sobre o governo municipal.
Landiva passou a tentar desqualificar o repórter. “Não vou ser o único a ficar te dando audiência, até mesmo porque você não sabe o que é isso!” Oliveira postou o “print” do questionamento sobre a vacinação não respondido pelo secretário. “Já falei que não vou te dar ibope kkk. Encerro aqui… O mínimo de interpretação nesse print revela que você queria informações extra oficiais e que ficou de mimimi porque teve que esperar o release”, debochou.
Nada a ver. Como fica claro no “print”, o questionamento foi sobre a não vacinação dos idosos de 69 anos ou mais no dia antecipado. Sobre como seria a “logística” da vacinação, este portal já tinha publicado a reportagem sem a informação pedida, cuja pergunta o secretário alegou não ter entendido. Landiva apelou: “Inveja é pecado, procure a confissão!” – em janeiro, ele puxara conversa sobre o jornalista ser ligado a uma paróquia da Igreja Católica.
REINCIDENTE
Não foi a primeira vez que Landiva se voltou contra o VERBO. No dia da posse do prefeito, em pleno dia 1º de janeiro, ele teve a capacidade de interferir quando o mesmo repórter deste portal entrevistava o secretário Binho da Saúde (Cultura), na recepção da prefeitura, dentro do prédio. “Gente, entrevista, a gente falou que era depois”, disse, em intromissão desrespeitosa e anti-profissional que fez o entrevistado, constrangido, encerrar a fala.
Landiva ficou contrariado por ter dito que os secretários iam dar entrevista mediante agendamento. Questionado pela reportagem, ele alegou que “a minha abordagem foi feita apenas enfatizando o acordado entre os secretários e a imprensa na coletiva, onde orientei, em ato público registrado em áudio visual, que as entrevistas seriam agendadas diretamente com a Secom [Comunicação]” e que os veículos presentes “cumpriram o que foi acordado”.
Landiva falou a “regra” apenas ao microfone, quis impor a própria vontade, não fez conversa com os veículos. O repórter salientou: “Não foi acordado, não existe acordo unilateral. Tanto não foi, que não seria no caso do Verbo, que nunca poderia atender a esse pedido, com base no princípio de que o jornalismo profissional não pode sofrer qualquer restrição em vista do direito da população de ter informação a qualquer tempo”. Ele encerrou o assunto.
VEJA TROCA DE MENSAGENS DO SECRETÁRIO DE COMUNICAÇÃO COM REPÓRTER DO VERBO
OUÇA ÁUDIO DE TRECHO DA ENTREVISTA COM SECRETÁRIO DA CULTURA EM QUE LANDIVA SE METEU