ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O empresário Léo Novais se filiou ao PT, na terça-feira (16), no diretório municipal do partido, no Independência. Ex-presidente do PL (antigo PR), Léo foi secretário de Serviços Urbanos nos dois primeiros anos do governo Ney Santos (Republicanos) e figura-chave da gestão, inclusive chegou a ser escolhido por Ney para ser candidato a deputado federal. Por conta da ligação com o inimigo político do PT, a filiação de Léo “convulsionou” o seio petista.
Léo indicou ter se filiado ao PT por afinidade e falou que integrou a gestão Ney “por acaso”. “Conheço a militância do PT desde 99 – Paulo Giannini, Paulino, Geraldo Cruz, Maria das Graças, Gabino, Angelo. Tenho relação com o povo do PT muito antiga. Eu cresci politicamente e empresarialmente ao lado do PT. Fiz parte do outro governo por acaso, a política é dinâmica. Mas a minha relação, minha ligação é muito forte com o PT”, disse ele ao VERBO.
À reportagem, o presidente do PT de Embu disse que Léo – um dos donos da Transartes – foi até ele. “O Léo me procurou com a intenção de se filiar ao PT. A executiva achou que não tinha problema, achou até importante. Até porque o Léo, nos 16 anos que o PT foi governo, foi sempre um parceiro, principalmente quando estava à frente da cooperativa de transporte. Não tinha como não aceitar, não tem nada que o desabone”, disse Gabino Silva.
“É um companheiro que agora está filiado ao PT, veio para participar da vida política do PT, para ajudar a discutir política, já foi presidente de outro partido no município, tem conhecimento”, acrescentou Gabino. Segundo o dirigente, Léo o procurou no “fim de janeiro, começo de fevereiro” – apesar da procura antes da anulação das condenações de Luiz Inácio Lula da Silva, a filiação foi confirmada após a decisão favorável ao ex-presidente.
O PT decidiu relevar que Léo foi aliado de Ney. Gabino chegou a comparar que antigos militantes ficaram décadas no PT e depois saíram – em alfinetada em Geraldo (PDT), que ficou 40 anos. “Lógico que a executiva analisou o fato de ele ter ficado dois anos no governo Ney. Mas ele veio querendo construir um novo caminho, todo mundo tem que ter oportunidade de construir nova história. Teve gente que ficou mais de 30 anos e acabou saindo”, disse.
Simpatizantes do PT e apoiadores da candidatura de Rosângela Santos a prefeita em 2020 rejeitam a filiação de Léo ao acusar que na cooperativa trabalhadores eram explorados e avaliam que o PT “deu tiro no pé”. Gabino retrucou, ao criticar escolhas passadas da sigla. “O PT deu um tiro no pé quando fez Chico Brito prefeito de Embu. Ele acabou abandonando o partido e elegendo quem está aí [Ney]”, disse, em nova estocada em Geraldo, que lançou Chico.
Rosângela, que será candidata a deputada federal em 2022, não participou do ato de filiação de Léo no PT. Gabino disse que a principal liderança petista não compareceu devido à covid-19 e negou que a ex-vereadora foi contra. “Pelo contrário, ela é da executiva, e toda a executiva concordou. É que resolvemos que nem todos iam participar, estamos numa pandemia, em situação de emergência. Foram só poucos membros, o Léo e a esposa”, disse.
Indagada sobre a filiação de adversário até “ontem”, Rosângela relacionou ao “momento do PT” com Lula elegível. “A filiação do Léo Novais e de tantos outros que estavam em outros partidos é mais uma prova do reconhecimento de que Lula foi o melhor presidente que o Brasil já teve e que o PT fez o melhor governo. […] Sobre o futuro de Léo no partido, não temos que julgar, temos que esperar. Desejo toda a sorte e luta para o Léo”, declarou a petista.