ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Apoiadores que o prefeito Ney Santos (Republicanos) “comprou” ao arranjar cargos na prefeitura em troca de votos demonstram ter perdido a paciência com o “patrão” e já estão cobrando até cesta básica, porque “o arroz já está acabando”. Centenas de comissionados foram empregados ao apoiar candidatos a vereador da chapa de Ney e o próprio prefeito, mas foram dispensados após a eleição. Esquecidos, até pararam de bajular Ney nas redes sociais.
Em áudio obtido pelo VERBO, um comissionado que foi mandado embora após o candidato que apoiava perder a eleição faz cobrança em um grupo de WhatsApp em que está o prefeito – o “Amigos do Ney Santos” -, ao compartilhar um informe da prefeitura sobre a entrega de cesta básica aos servidores públicos, a partir desta segunda até sábado. Ele diz que está sem receber pelos dias trabalhados e indica que está passando necessidades.
“Boa noite, pessoas do governo. Vocês sabem informar se nós comissionados que fomos dispensados vamos ter direito a essa cesta básica? Porque o arroz já está acabando. A cesta saiu no mês passado e ainda não acertaram a nossa rescisão. Alguém do governo pode passar alguma informação para nós. Se quiser, pode chamar no privado”, diz Edison Quirino no áudio. Durante a campanha, ele era um dos apoiadores mais ferrenhos de Ney no Facebook.
Procurado por este portal, Quirino até disse que ia salvar o contato. Questionado se foi preciso fazer a cobrança, ele aí silenciou. Ele teria motivos para se preocupar sobre receber. Segundo denúncia de uma moradora, Ney – que é candidato a deputado federal em 2022 – alegou que a prefeitura não tem dinheiro para pagar a “rescisão” e teria feito a proposta de os comissionados abrirem mão do dinheiro a receber em troca de serem contratados de novo.
O “filme” já foi visto na cidade. Em 2019, a gestão Ney alegou não ter dinheiro para pagar enfermeiros dispensados na troca da empresa que gerencia a saúde e sugeriu que os profissionais abrissem mão dos direitos trabalhistas em troca de serem contratados pela nova empresa, senão procurassem a Justiça. Muitos aceitaram o “acordo”, apresentado pela então secretária-adjunta Maria Serrano. Mas após um mês de trabalho foram demitidos.
OUÇA ÁUDIO EM QUE COMISSIONADO MANDADO EMBORA FAZ COBRANÇA AO GOVERNO AO NÃO RECEBER