RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O prefeito Ney Santos (Republicanos) formou o secretariado com figuras que fracassaram na eleição para vereador e políticos de fora de Embu das Artes em troca de votos nas cidades de origem para ser deputado federal em 2022, após se reeleger com o slogan “Para fazer muito mais”. No explícito loteamento do governo, Ney inchou o primeiro escalão como nunca visto em Embu, com 26 pastas, fora a Subprefeitura, chefiada pelo vice Hugo Prado (MDB).
Em uma das áreas mais sensíveis do governo, Ney pôs como secretário de Segurança Gustavo Arenzon, que não tem qualquer experiência no setor. Gustavo do Rancho, como conhecido, foi secretário de Transportes na primeira gestão de Ney, responsável pela licitação que habilitou como operadora do transporte municipal a JTP, que teve os únicos 20 ônibus novos que rodavam em Embu apreendidos pela Justiça. Ele teve 1.864 votos a vereador e perdeu.
Gustavo é citado por Chico Brito em áudio revelador da negociação do ex-prefeito com Ney para ter contas aprovadas pela base “neyzista” em troca de apoiar o aliado à reeleição, ao “tomar” o PSD, pelo qual disputou o agora chefe da Segurança. O que Gustavo não tem é “referência” para pasta já manchada por denúncias e desmandos. Ele é acusado de agressão a um aliado do próprio Ney, Abelcio Oliveira, que tem cargos no governo.
Carlinhos do Embu virou secretário de Cultura. Ele buscou o terceiro mandato de vereador e teve 2.259 votos, mas não foi eleito e ganhou o “prêmio de consolação”. No ano passado, ele confessou ter assinado a demissão de um servidor da Câmara por perseguição política. Questionado por Ivan Embu Tuber sobre o que o qualificava para o cargo, Carlinhos disse, segundo o youtuber: “Um monte de obras de arte que ganhei de vários artistas”.
Ney nomeou Emília Calderoni secretária de Gestão de Pessoas, para recompensar a “lealdade” do marido. Ela é mulher de Dr. Peter (MDB), que foi vice-prefeito até o ano passado. Ele teve atuação política nula e totalmente submissa no governo – para agradar ao prefeito, até repetiu “fake news” de que assumiram a prefeitura com a maternidade fechada. “Rebaixado” a nome a vereador, por acordos de Ney, ele teve decepcionantes 1.048 votos.
Rosana do Arthur voltou a ser secretária de Turismo, após perder a segunda eleição seguida para a Câmara (1.512 votos), prejudicada por composições articuladas por Ney. No Republicanos, serviu de “escada” para eleitos que compraram votos. Já Luiz do Depósito (MDB) foi reeleito vereador, mas “servil” a Ney assumiu a Secretaria de Esportes e entregou o cargo ao suplente Lucio Costa (MDB), “candidato do prefeito”, como arquitetado há meses.
Entre os cooptados em vista do “projeto” 2022, Ney pôs Miro como secretário-adjunto de Esportes, em troca de votos em Itapecerica da Serra, cidade do novo “neyzista”. Em investida mais ousada, Ney atraiu Daniel Bogalho, que era aliado do desafeto ex-prefeito Fernando Fernandes (PSDB), para ser secretário de Obras. Daniel admitiu que aceitou o cargo para obter em Taboão votos ao “chefe”, (mal) visto pela cidade como ligado ao crime organizado.
Raul Bueno agora é secretário de Planejamento. O então secretário de Saúde, que era ausente da cidade e considerado omisso em resolver as demandas da pasta, foi mantido para ajudar Ney na região de Pirapora do Bom Jesus, onde responde a processos por improbidade administrativa quando prefeito. Maria Serrano, que era adjunta da Saúde e é denunciada por desvio de recursos na contratação de médicos, virou secretária da Pró-Habitação.
Para a Saúde, com gestão marcada até por morte de pacientes sob negligência, Ney escolheu a advogada Thais Miana, na mesma lógica “clientelista”. Segundo o “Embu News”, Thais teve nomeadas seis pessoas que indicou, com salário de R$ 6 mil, de onde veio, Mauá (ABC). Ela era “supersecretária” de Átila Jacomussi e em 2019 deixou o governo dias antes de o prefeito ser cassado por corrupção na Operação Prato Feito – na qual Ney também é réu.
Pedro Ângelo foi mantido como secretário de Educação, já que presidente do PSD – posto por Chico ao negociar com o prefeito – e útil ao endossar discurso falacioso de Ney de que reformou 38 escolas em 2020. Ele servirá de cabo eleitoral do “chefe” em Juquitiba, de onde é. Francisco “Cal” segue como secretário de Mobilidade Urbana, um dos poucos do governo com bom trânsito com a oposição. O secretário de Meio Ambiente é Walter Ribeiro.
Nelson Pedroso assumiu a Secretaria de Governo. Ele já chefiou Obras, quando agiu para fraudar a eleição da APA Embu Verde. Jones Donizette, criador do ilegal – e “inútil” – “Cartão Cidadão”, voltou para a Secretaria de Comunicação. Fernanda do Rosário segue como Secretária da Mulher, em trabalho valoroso, apesar do deslize de prestar apoio a um pastor que agrediu a então vereadora Rosângela Santos (PT) – o religioso é aliado de Ney.
Pastor Marco Roberto, que é acusado de má gestão de creche e tem “regalia” de escolta indevida de três GCMs – mal quisto por armar “golpes” contra aliados -, segue como chefe-de-gabinete. Evandro Sartori assumiu Serviços Urbanos. Quando estava à frente de Obras, foi desmentido pelo próprio Ney quando disse que não mais ocupava a pasta. E desmentiu Ney ao revelar que o governo ia recapear 133 vias, e não “mais 300”, como o prefeito alardeava.
Nepotista, Ney transferiu a irmã Ely Santos para a Secretaria de Assistência Social. Ainda manteve Aniello Parzialle como secretário de Assuntos Jurídicos; Edlaine Cristina como controladora-geral; Deive Reis como secretário de Trabalho e Emprego; Lourival da Costa como secretário de Indústria e Comércio, que arrecadou cestas básicas para Renato Oliveira entregar para se eleger vereador; e Manoel Kazu como presidente da Amlurb (limpeza urbana).
Ney manteve Paulo Bittencourt como titular da – insólita – Secretaria de Suprimentos, que autorizou a compra de peças superfaturadas para caminhões já inservíveis em empresas de fachada em concorrência fraudada; André de Paula como presidente da Embuprev, alvo de denúncia de rombo de R$ 90 milhões; e José Roberto em Finanças, que sustentou discurso de Ney que dizia ter recebido de Chico dívida de R$ 250 milhões, nunca demonstrada.
SECRETARIADO DO SEGUNDO GOVERNO DO PREFEITO NEY SANTOS
Subprefeito – Hugo Prado
Chefia de gabinte – Pastor Marco Roberto
Governo – Nelson Pedroso
Comunicação – Jones Donizette
Saúde – Thais Miana
Educação – Pedro Ângelo
Mobilidade Urbana – Francisco ‘Cal’
Esporte – Luiz do Depósito
Cultura – Carlinhos do Embu
Política Públicas para as Mulheres – Fernanda do Rosário
Segurança – Gustavo Arenzon
Assuntos Jurídicos – Aniello Parzialle
Controladoria-Geral do Município – Edlaine Cristina
Desenvolvimento Social – Ely Santos
Gestão de Pessoas – Emília Calderoni
Turismo – Rosana do Arthur
Trabalho e Emprego – Deive Reis
Serviços Urbanos – Evandro Sartori
Obras – Daniel Bogalho
Meio Ambiente – Walter Ribeiro
Planejamento – Raul Bueno
Pró-Habitação – Maria Serrano
Suprimentos – Paulo Bittencourt
Gestão Financeira – José Roberto
Indústria e Comércio – Lourival da Costa
EmbuPrev – André de Paula
Amlurb – Manoel Kazu