Daniel como líder do grupo que o levou ao 2º turno deixou de existir, diz Fernando

Especial para o VERBO ONLINE

Fernando com Analice ao lançar Daniel candidato a prefeito em convenção, e ao visitar obras com o agora ex-afilhado político | Divulgação/Adilson Oliveira-Verbo

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O ex-prefeito de Taboão da Serra Fernando Fernandes (PSDB) enviou nesta terça-feira (26) um comunicado à imprensa em que não esconde a decepção com a decisão de Daniel Bogalho, o engenheiro Daniel, a quem lançou candidato a prefeito de Taboão, de ter aderido ao prefeito Ney Santos (Republicanos). Daniel aceitou o convite de Ney para ser secretário de Obras de Embu das Artes. Mas não só, deixou o PSDB e se filiou ao partido de Ney.

Fernando disse que Daniel deixou de representar o grupo político que pôs para o ajudar a ir ao 2º turno da eleição. “A decisão de Daniel em aceitar o convite do prefeito Ney Santos para ser seu secretário de Obras é de cunho pessoal, foi o caminho que ele decidiu traçar. É claro que ela tem impacto político, ele se tornou uma liderança que representava um grupo político em Taboão da Serra. Agora essa representação deixou de existir”, afirmou.

Daniel venceu o 1º turno e perdeu no 2º para Aprígio (Podemos) por apenas 1.695 votos. “A política é dinâmica, porque é constituída de ideias e escolhas. E um dia é sempre diferente do outro”, completou Fernando, em tom do previa que poderia acontecer. Na última entrevista como prefeito, em 28 de dezembro, ele disse que Daniel, pela votação obtida, seria o “candidato natural” a prefeito do PSDB em 2024, mas alertou para os “diabinhos”.

“O ‘diabinho’ fica aqui [no ouvido]. Já vieram oferecer para ele ser secretário do governo do Ney. ‘Tô’ mentindo?”, disse Fernando. Presente, Daniel desconversou. “Só rumores. Não direto do Ney […] Não teve nenhuma conversa concreta, é papo de…” Fernando não minimizou. “É papo de sondagem. Se chama sondagem. Experimenta falar que você aceita. Posso falar que aceita?”, desafiou. “Não”, falou Daniel. Menos de um mês depois, aderiu a Ney.

Após apoiar Ney a prefeito de Embu em 2016, contra o PT, Fernando e a mulher, a deputada estadual Analice Fernandes (PSDB), passaram a considerar o político como inimigo político. É que em 2018, após Fernando não aceitar que vereadores de Taboão apoiassem Analice em dobrada com Ely Santos, Ney acusou Analice de integrar “facção criminosa” por ter recebido doações de empresas alvos da Lava-Jato. A Justiça tirou vídeo de Ney do ar.

Após votar no 2º turno, ao lado de Analice, e acompanhado de Daniel, indagado pelo VERBO se tinha escolhido o melhor candidato, Fernando disse: “Eu não escolhi o Daniel para ganhar a eleição. Escolhi porque achei que era o melhor: […] acima de tudo, pessoa confiável. […] O que pesou muito na minha decisão quando o escolhi foi a confiabilidade”. Em inauguração de escola em 21 de dezembro, Daniel chegou a ser homenageado por Fernando.

Daniel teria tentado se “sair bem” com os dois lados e disse que, mesmo fechado com Ney, iria apoiar Analice a novo mandato. Conforme apontou a reportagem, porém, ao deixar o PSDB, na prática, Daniel rompia com os Fernandes. Ele admitiu que aceitou ser secretário para conquistar votos para Ney a deputado federal em 2022 – tornar Ney palatável – em Taboão, onde o novo aliado sofre rejeição, identificado como ligado ao crime organizado.

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