Aprígio é ‘mentiroso’ ao dizer que eu o listaria como racista se não assinasse, diz líder do Conegro

Especial para o VERBO ONLINE

Com Buscarini, Aprígio dá imprensa em que acusou Geru de o coagir para assinar carta; o líder do Conegro diz que prefeito eleito é 'mentiroso' | Reprodução

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O líder do Coletivo de Negros de Taboão da Serra (Conegro) Gerusael Ribeiro, o Geru, disse que o prefeito eleito Aprígio (Podemos) mentiu ao dizer que ele o ameaçou de o colocar em uma lista de racista se não assinasse “carta de compromisso” do grupo por políticas de igualdade racial durante a campanha eleitoral. Em entrevista coletiva que concedeu após vencer a eleição, em 3 de dezembro, Aprígio acusou Geru de o coagir a subscrever documento.

Aprígio disse que o Conegro entregou carta com reivindicações que não era “pequenininha”. “Era um plano de governo”, ironizou o vice eleito Buscarini (PSD). Aprígio prosseguiu e ponderou que a criação de uma secretaria do negro dependia da Câmara. “Eu disse: ‘Vamos receber o documento. Vamos analisar e conversar depois’. Aí o Geru [falou]: ‘Não, se não assinar agora vamos colocar na mídia que vocês são racistas’. Falei: ‘Na força também não'”.

Geru, indignado, procurou o VERBO para refutar a fala do prefeito eleito. “Eu assisti o vídeo [da entrevista coletiva], ele falou textualmente que o Geru falou que se ele não assinasse a carta que a gente ia colocar ele numa lista de racista. Isso é uma mentira, eu não falei nada disso!”, disse. Na reunião, no dia 27 de outubro, no comitê do então candidato, o líder do Conegro registrou, após a recusa, que Aprígio era o único dos prefeituráveis a não assinar.

“Quando eu peguei o microfone, eu virei para o nosso pessoal, os integrantes do grupo que estavam lá, e falei: ‘Olha, o Aprígio é o único candidato que não assinou, que não quis assinar a carta’, mas vamos continuar de cabeça erguida, a nossa luta vai continuar”, lembrou Geru. O final da reunião, com a fala incluída, foi filmado pelo grupo. “Tenho o vídeo que prova isso, em nenhum momento falamos em colocá-lo em uma lista de racista”, frisou.

Geru disse que o Conegro acusou Aprígio – e Buscarini – de racista posteriormente. “Falamos da questão do racismo não por conta da carta, era direito dele assinar ou não. Falamos pelas posturas racistas que os dois tiveram em relação ao movimento, o Buscarini falou que nós ‘negrinhos’ tínhamos que estudar [para ingressar na prefeitura]. Das dez pessoas do nosso movimento que estavam lá, nove têm formação acadêmica”, rebateu.

O líder do Conegro citou como outra “fala racista” de Aprígio a de que “a gente queria entrar pela porta dos fundos”. “É outra mentira, ninguém foi lá para pedir cargo para ele. São várias mentiras faladas por ele, e agora por último mais essa relacionada ao meu nome diretamente. Falamos do racismo na nossa nota de repúdio. Na hora da negociação sobre a carta, não colocamos nada disso. Não o ameaçamos de forma alguma!”, afirmou.

Geru disse se sentir ameaçado. “Isso causa até um constrangimento. Sou muito conhecido dentro de Taboão pela minha luta também no movimento de moradia, quando ele cita o meu nome, ele está me jogando na possibilidade de ser agredido na rua pelo pessoal dele, coloca a minha vida em risco”, disse. “Ele vai ter que provar isso [que eu o ameacei para assinar]. Estou pensando, inclusive, entrar na Justiça contra ele por injúria e difamação”, completou.

Na coletiva, Buscarini disse que todos os segmentos da cidade serão ouvidos pelo novo governo, mas falou que o Conegro que foi “mentiroso”. “Chegamos falando a verdade. Não terá nenhum tipo de discriminação. Agora eu quero ver até onde [vai] a coragem de algumas pessoas hoje de olhar no meu olho e no do Aprígio. Foram mentirosos, tentaram uma estratégia errada e agora têm a obrigação de reconhecer que erraram”, alegou.

comentários

>