RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
A família da estudante Camilly de Souza, 15, desaparecida desde 12 de junho, no Parque Luiza, em Embu das Artes, continua à procura da adolescente que saiu de casa, deixando um bilhete em que dizia que ficaria “bem e segura” com um suposto namorado, desconhecido dos amigos e familiares. Para o VERBO, a mãe da adolescente, Regiane de Souza, disse que ainda não há pistas da filha e que o pedido de quebra de sigilo telefônico, requerido pela autoridade policial, foi negado pela Justiça.
Nos dias que antecederam o desaparecimento, pessoas próximas de Camilly notaram um comportamento estranho da jovem. Segundo familiares, ela aparentava manter conversas “sigilosas” em um grupo denominado “clã”, de um aplicativo de mensagens. A mãe conta que, no dia que a filha desapareceu, saiu para trabalhar às 4h30 da manhã e, como de costume, mandou mensagem para a filha na hora do almoço para saber se estava tudo bem.
“Era costume eu ligar para ela na hora do almoço, normalmente eu ligava por chamada de vídeo para saber se ela tomou café, se almoçou, se ela estava bem”, disse Regiane de Souza. Nesse dia, a tentativa de contato de Regiane com a filha foi em vão. Camilly não atendeu a mãe e, a partir daí, ninguém soube mais do paradeiro da jovem. “Mandei mensagem e não chegou, liguei para saber [o que aconteceu] e caiu na caixa postal”, contou a mãe.
“Foi quando entrei em desespero e liguei para o pai dela para que ele fosse até a casa para saber o que estava acontecendo”, relatou Regiane. O pai, Ricardo de Souza, foi e se deparou com casa vazia e o bilhete deixado pela adolescente. “Ela geralmente dorme com a cabeça coberta. Quando [no quarto] descobri o edredom, só tinha o boneco [de pelúcia da filha]. Então não foi uma coisa de imediato, ela teve tempo, ela se preparou”, concluiu o pai.
Segundo os pais, Camilly saiu de casa sem dinheiro e, além da roupa do corpo, portava uma mochila com um caderno e duas camisetas de personagens de anime (desenho japonês). Eles registraram boletim de ocorrência na Delegacia Central de Embu no mesmo dia do desaparecimento, mas até hoje não tiveram nenhuma pista da filha. A mãe contou que o pedido de quebra de sigilo telefônico requerido pela Polícia Civil foi negado pela Justiça.
De acordo com o jurista Joaci Mendes, a Constituição Federal resguarda o princípio da inviolabilidade, ou seja, a quebra de sigilo é uma exceção e só ocorre quando se trata de investigação criminal ou instrução de processo penal. “Fora esse casos, o juiz fica ‘amarrado’. Se o inquérito policial não configura crime, o juiz não pode decretar quebra sem ferir princípio constitucional. A carta [deixada por Camilly] apenas reforça que o desaparecimento foi espontâneo”, disse Mendes.
Quem tiver informações sobre o paradeiro de Camilly pode falar com Regiane pelo telefone (11) 96513-3209 ou ligar para a polícia no 190.