UPA Embu dispensa paciente suspeito de covid sem fazer teste nem dar dipirona

Especial para o VERBO ONLINE

UPA Santo Eduardo, onde paciente com sintomas de covid não fez teste e nenhum exame, nem encaminhado, além da demora e falta de remédios | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Um morador foi nesta quarta-feira (22) à UPA Santo Eduardo com suspeita da covid-19, com sintomas graves, mas não foi submetido a nenhum exame, nem ao teste para detecção do novo coronavírus, e foi mandado para casa apenas com prescrição de medicamentos sem ter diagnóstico do quadro. Porém, a UPA não tinha nem “Dipirona”, um dos remédios receitados, em mais um relato de descaso na saúde do governo Ney Santos (Republicanos).

O vigilante Ronaldo Gonçalves dos Santos, morador do Santa Tereza, procurou o VERBO para fazer a denúncia. Ele estava no emprego, quando passou a ter sintomas sérios. “Passei mal no trabalho, vim para cá. Ao ser atendido, falei que estava com febre alta, dor de cabeça forte, tosse seca, corpo cansado, que quase não consegui almoçar no trabalho, quase vomitei, sem fazer nada. A médica falou que podia ser covid, como também podia não ser”, conta.

Apesar dos sinais e da suspeita, a médica não pediu exame. “Ela olhou meu pulmão e falou que estava novo, disse que não tinha sintomas”, diz Ronaldo. A reportagem questionou como “olhou”. “Com aquele aparelho que vê as batidas do coração”, explicou. Raio-x não foi pedido. “Não tirou, não”. Ele foi dispensado apenas com a prescrição de quatro medicamentos, mas não tomou nenhum lá, nem a “Dipirona”. “Na UPA não tinha nenhum”, afirma.

Ronaldo pegou a “Dipirona” na UBS no bairro onde mora, mas não os outros três. “Fui no posto, só tinha um remédio, o resto tive que comprar todos, R$ 50 de remédios”, conta. Já em casa, iniciou o tratamento, mas ainda se sentia “mais ou menos”. “Tomei os remédios, mas sinto muita sede, garganta seca, sabe?”. Ele esperava fazer o exame de covid. “Precisava fazer o teste para ter certeza se é ou não”, disse, contrariado com o atendimento.

Ronaldo disse que ia na UBS do bairro para “fazer o teste rápido”, apesar de que na UPA não deram certeza de que a unidade realizava o exame. Preocupado, ele procurou um amigo para saber onde podia fazer o teste ainda na noite desta quarta-feira. “Mandaram para casa, como sempre fazem. Normalmente, a pessoa vai para casa, toma remédio, não melhora, depois intuba e morre. Ele precisa fazer o teste urgente”, disse o amigo à reportagem.

Ronaldo teve orientação do amigo para buscar atendimento, para fazer o teste da covid-19, no Hospital Geral de Itapecerica da Serra ainda na noite desta quarta-feira, urgente. O próprio morador comentou com a reportagem sobre a indicação do HGIS e disse que não ia mais esperar o dia seguinte para ainda saber se o posto de saúde do bairro realizava o exame – falaram para “ir tentar ver se tem”. “Vou ir logo, amanhã [esta quinta-feira] cedo”, disse.

O morador ficou apreensivo e teve que buscar ajuda, enquanto o governo faz propaganda de que criou o primeiro centro contra a covid-19 e que abriu também hospital de campanha no Vazame, e ainda com tomógrafo. Porém, a UPA, mesmo administrada pela mesma empresa que gere a outra unidade, a AMG (Associação Metropolitana de Gestão), não encaminhou o paciente para consulta nem exame no hospital para covid-19, apesar dos sintomas.

O VERBO procurou o secretário Raul Bueno (Saúde) para comentar o caso. A exemplo de outras demandas, ele não respondeu. Também contatado, sobre o procedimento para um paciente com suspeita de covid-19, o secretário Alexandre Santos (Comunicação) disse que o município tem o hospital no Vazame. Questionado sobre o paciente já ter dado entrada na UPA, ele disse que “a orientação [de encaminhamento] deve vir pelos profissionais da UPA”.

Ronaldo também fez questão de deixar claro não ter ficado satisfeito com a falta de medicamentos na unidade de pronto-atendimento como em toda a rede municipal. “Acho que tinha que ter o remédio no posto para servir a comunidade. Quer dizer que se alguém passa mal e vai parar na UPA do Santo Eduardo ali mesmo morre”, disse ele, ao mostrar a receita com três remédios não encontrados e o cupom com o valor que teve de desembolsar.

O sufoco foi além. Ronaldo chegou à UPA ao meio-dia, só passou pela triagem às 15h e entrou em consulta às 17h. “A saúde de Embu está uma calamidade, a pessoa chega cedo e sai à noite. Nesta UPA tem uma funcionária só para fazer a triagem de mais de 200 pessoas. Fui só comentar que estava demorando, ela me tratou super mal. Tem um rapaz que está o mesmo tempo que eu aqui. Olha que cheguei carregado por meu irmão. Atendimento lixo”, disse.

comentários

    • Eu nunca vi em Embu das Artes uma gestão tão ruim assim!! Todo dia tem um vergonha nova. Espero que a resposta venha nas urnas, tanto para o executivo quanto para alguns do legislativo que ja tiveram sua chance e não fizeram nada alem de abaixar a cabeça e dizer, não Sr sim Sr.

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