Doria estende quarentena até dia 22 e diz que pessoas que fizerem aglomeração poderão ser presas

Especial para o VERBO ONLINE

Doria entre secretário da Saúde e membros do comitê anti-covid-19 ao anunciar a extensão da quarentena por duas semanas no Estado |Governo de SP/Divulgação

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em São Paulo

O governador João Doria (PSDB) afirmou nesta segunda-feira (6) que os comércios não essenciais devem permanecer fechados e os moradores do Estado precisam continuar a obedecer o isolamento social ao anunciar a extensão da quarentena contra o coronavírus por mais duas semanas, até 22 de abril. Ele chamou a atenção pelo tom do comunicado. Disse que as pessoas que desrespeitarem a restrição e fizerem aglomerações poderão ser presas.

Doria avisou que de início as pessoas serão orientadas pela Polícia Militar para que se dispersem e voltem para suas residências. “A Polícia Militar de São Paulo está autorizada a agir para evitar aglomerações, primeiro com advertência e orientação, inclusive com automóveis que possuem gravações que já foram feitas para orientar a dispersão das pessoas e que elas retornem a suas casas e fiquem em casa. A primeira medida será orientativa”, afirmou.

Ele disse que em caso de resistência a PM fará uso legal da força. “Eu tenho convicção de que as pessoas seguirão a orientação. Até porque se não o fizerem, a segunda etapa será a de medidas coercitivas, podendo penalizar essas pessoas com as penas previstas em lei, que vão inclusive à prisão. Eu tenho certeza de que isso não será necessário, de que as pessoas compreenderão a necessidade de ficar em suas casas e atenderem a recomendação”, disse.

Doria disse que os prefeitos têm “o dever e a obrigação” de seguir a orientação e usar o “poder de polícia em caso de desobediência”. “Guardas Municipais ou Metropolitanas deverão agir e, se necessário, recorrer à Polícia Militar para que imediatamente possa haver a dissipação de qualquer movimento ou aglomeração. Esta é uma deliberação que deverá ser rigorosamente seguida pela população do Estado na defesa de suas vidas e de seus familiares”, afirmou.

Doria fez as declarações depois que o secretário estadual de Saúde, José Henrique German, e o coordenador de testes de coronavírus, Dimas Tadeu Covas, afirmaram que sem a adoção de medidas de isolamento social, como a suspensão de aulas e a recomendação de que a população fique em casa, o cenário previsto será de até 5 mil mortes no Estado até 13 de abril. “Sem essas medidas […] seriam 10 vezes mais casos do que os 4.600”, disse German.

“Precisamos da adesão das pessoas. Precisamos mostrar que a redução está funcionando em níveis superiores a 70%”, destacou Tadeu Covas. O número de mortes pela covid-19 entre 17 de março e 5 de abril (275) já é quase igual ao total de óbitos por gripe ao longo de todo o ano passado (297). As internações de infectados em leitos de UTI cresceram 1.500% desde 20 de março, de 33 para 524, no último dia 3. As mortes subiram 180% em uma semana.

A extensão da quarentena foi decidida após o comitê apontar que o contágio já chegou a cem cidades paulistas e mais de 400 hospitais públicos e privados e já lota centros hospitalares – somente o Hospital das Clínicas já atende 220 pacientes suspeitos ou confirmados, dos quais 110 em UTI. O Instituto Butantan mostrou projeção de que a quarentena pode evitar 166 mil óbitos no Estado, além de 630 mil hospitalizações e 168 mil internações em UTIs.

Doria voltou a fazer críticas a Jair Bolsonaro sobre o combate à doença. “Será que a Organização Mundial da Saúde está errada? Será que ministros e secretários de Saúde de 56 países do mundo, que recentemente fizeram uma conferência com o diretor-geral [da OMS], recomendando o afastamento social e as medidas de cada um dos países, respaldado na medicina e na ciência, estão todos errados? Será que um único presidente no mundo é o certo?”, falou.

O Estado registra 4.866 casos e 304 mortes por covid-19 desde 26 de fevereiro. O cenário de São Paulo é melhor que o de outros países. A quarentena foi decretada pelo governo apenas 26 dias após o primeiro caso, quando havia 810 infectados e 22 mortes. A curva de casos apresentou tendência de achatamento. Na Itália, foi decretada 49 dias após o primeiro caso, já com 47.021 casos e 4.032 mortes, e mesmo assim a curva de contágio continuou crescente.




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