Sem ortopedista e tala, UPA na gestão Ney imobiliza braço de garoto com papelão

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Uma criança de 12 anos deu entrada no domingo (23) na UPA Santo Eduardo com fortes dores no braço, passou por raio-X que mostrou que os dois ossos do antebraço estavam quebrados e precisava ser atendido por um médico especialista para tratamento que incluía a imobilização do membro. Mas, segundo a família, a unidade de pronto-atendimento não tinha o ortopedista nem o material para engessar, e o garoto teve o braço imobilizado com papelão.

UPA Santo Eduardo, e menino de 12 anos
UPA Santo Eduardo, e menino de 12 anos com antebraço quebrado (rádio e cúbito) imobilizado com papelão

Familiares contam que os atendentes da UPA imobilizaram o braço do menino precariamente, no improviso, sem a autorização do responsável pela criança. Eles foram orientados a procurar um pronto-socorro que tivesse médico e material adequados, mas não tinham dinheiro para o transporte e nem sabiam que unidade da cidade tinha ortopedista. Sem ambulância e vaga disponíveis, o garoto teve de esperar sete horas para poder ser transferido.

O menino chegou à UPA às 15 horas e conseguiu ser encaminhado o Hospital Geral do Pirajuçara por volta das 22h. Durante todo esse período, o garoto reclamava das forte dores no antebraço. No hospital, segundo a família, o paciente teve a “imobilização de papelão” removida e o antebraço quebrado engessado. Segundo informações, os médicos do HGP teriam ficado impressionados com a improvisação ou “gambiarra” feita para imobilizar o membro do paciente.

De acordo com a família, o menino se machucou ao brincar na rua perto de casa. Ele ia ao encontro de um amigo com uma pipa, quando acabou escorregando e bateu o braço em uma pedra. Vizinhos observaram que provavelmente o garoto tinha quebrado o braço e chamou os pais, que imediatamente o levaram à UPA de Embu. Após o atendimento, a mãe postou em uma rede social a foto do filho com a tala de papelão e protestou contra a gestão da saúde municipal.

“Isso é completamente indigno, desumano e vergonhoso, uma criança na UPA com 2 ossos quebrados, e simplesmente colocaram um papelão, porque simplesmente não tinha material, [e] sentado de qualquer jeito em uma cadeira cheio de dor, quando deveria estar em um leito. E o que está sendo feito com as verbas. Meu Deus, alguém deve agir para nos ajudar, isso já passou dos limites […] Vergonha da gestão que comanda Embu das Artes”, escreveu Michela Silva.

OUTRO LADO
Indagado pelo VERBO sobre o uso do papelão, o secretário Raul Bueno (Saúde) justificou a falta de ortopedista e a tala improvisada. “Pelo que consta, o menino fraturou o braço no sábado e foi levado à UPA domingo à tarde. A UPA, como é similar em outras cidades, não tem serviço de emergência de ortopedista. Quando chega um caso, é encaminhado ao PS, que possui serviços e estrutura para tanto. E quando requer cirurgia vai para o hospital de referência”, disse.

“Como na UPA tinha um enfermeiro, que é técnico em gesso, ao observar duas fraturas e a necessidade de intervenção cirúrgica imediata, pediu-se vaga no HGP, que atendeu o paciente na sequência e realizou o procedimento cirúrgico. O Ministério da Saúde aprova o uso de papelão em talas. No caso, não seria prudente o uso de gesso. Foi imobilizado sem fechamento para chegar ao HGP pronto para a cirurgia, que, pelo que consta, foi realizada sem problemas”, finalizou.

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