GABRIEL BINHO
ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O prefeito Ney Santos (PRB) exonerou no dia 11 o secretário-adjunto de Esportes, Leandro de Souza, mais conhecido como Betinho, sob alegação de que o livre-nomeado estaria sublocando espaços públicos e lucrando financeiramente com as cessões dos equipamentos, conforme um site ligado ao governo. Na verdade, o ato de Ney foi uma retaliação ao ser cobrado por não cumprir promessa de viabilizar obra social conquistada pelo líder comunitário, revela o irmão.
Em nota, segundo o site “Primeiro Notícias”, o gabinete alegou que Ney tomou a decisão com base em uma denúncia de que Betinho estaria fazendo sublocação de espaços públicos na região do Santo Eduardo, feita à Ouvidoria do município. Um munícipe não teria concordado em pagar o valor e entrou em contato com a prefeitura, para esclarecer a questão. Diante do relato, o governo Ney decidiu afastar o funcionário até a conclusão da investigação administrativa.
“O gabinete do prefeito Ney Santos vem recebendo diversas denúncias sobre suposta sublocação de espaços públicos, como campos e ginásios para realização de eventos, e lucros indevidos. O beneficiado seria o então secretário-adjunto de Esportes Betinho. Portanto o prefeito decide por exonerá-lo das funções até que tudo seja apurado e esclarecido”, afirma a gestão, que diz ter “compromisso com a transparência e justiça” e não aceitar “nenhum desvio de conduta”.
Um dia depois da reportagem do site sobre ter sido exonerado, na quinta-feira (13), Betinho, ao lado do irmão Junior Freire, fez uma “live” em que se defendeu da acusação de sublocação de espaços públicos e criticou Ney. “Eu mandei uma mensagem para o prefeito onde nos desentendemos, eu falei que não queria mais fazer parte do grupo, digitei um documento pedindo demissão, e discuti algumas coisas que estão acontecendo no governo e não concordo”, disse.
“Ele falou para mim que não precisava [pedir demissão], que ia me exonerar no outro dia. E, de repente, vi uma notícia no jornal [site], falando que eu fui exonerado porque cobrei dinheiro, sublocava espaço público. Qualquer evento que você vá fazer em espaço da prefeitura, precisa de alvará […]”, disse, ao indicar que a liberação é feita pela Secretaria de Governo. “As pessoas têm direito de abrir um boletim de ocorrência, de me processar se fiz algo errado”, continuou.
“Quando a gente é acusado de algo que não cometeu, eu deito e durmo. […] Quando eu pedi voto para você, prefeito, acreditei que você ia ser diferente, e acredito que vai ainda, dá tempo ainda, é só parar, raciocinar, ver o que está errado e arrumar. Mas, prefeito, não queira manchar a imagem das pessoas, a mão de Deus pesa, o mesmo Deus que te colocou [na prefeitura], ele tira, não aceita coisas erradas. Deus gosta de pessoas sinceras, não de mentirosas”, falou.
Na “live”, Betinho não disse quais eram as “coisas erradas” do governo nem o real motivo para ter saído. Procurado pela reportagem, disse que o irmão ia falar por ele, “até porque o que aconteceu envolveu ele junto”. Junior Freire contou que Betinho foi exonerado depois que, via rede social, cobrou do prefeito não ter cumprido a promessa de ceder área para reconstrução de uma creche no bairro Dom José viabilizada pelo irmão – ele já tinha reivindicado na prefeitura.
“Em 2017, após o governo assumir a prefeitura, estive com alguns amigos na Secretaria de Governo para tratarmos sobre a creche. Apresentamos a possibilidade de construção, pois alguns empresários se prontificaram ajudar na reconstrução, realizando o sonho dos moradores […]. Nos ligaram e confirmaram que a prefeitura detinha os documentos do terreno e que seria possível sim a reconstrução por intermédio dos empresários”, diz Freire no post.
“Após toda esta peregrinação, o governo nos ligaram [sic] para tratarmos sobre a creche! Lá, foi nos informado que não seria mais possível a reconstrução da creche do Dom José, porque a Secretaria de Educação teria um projeto melhor neste terreno que seriam iniciadas as obras em 2018!!! […] Ocorre que até a presente data, não obtivemos nenhum posicionamento, e diariamente somos cobrados pela população”, relatou Freire, que chamou a situação de “descaso”.
“Meu irmão conseguiu cinco empresários para doar todo o material e a construtora para reconstruir gratuitamente para a comunidade a creche demolida no governo passado. Sentamos lá no governo das 8 da manhã até 5 da tarde, sem tomar café e almoçar, tomando chá de canseira. Ficou acordado de construir, mas uma semana depois recebemos a ligação de que não era para construir, que tinha um projeto para lá. Não sei se foi boicote”, disse Freire à reportagem.
“Ficamos aguardando até agora [o projeto], e não construíram. Fui na rede social e coloquei o questionamento. Ele [Ney] ficou chateado e ligou para o Betinho, que disse que ia deixar o governo. Ney disse: ‘Não precisa pedir as contas, vou exonerar você’. A opinião dele é que vale, a dos outros não vale nada”, criticou Freire. Questionado se perseguiu Betinho, Ney não comentou. A reportagem indagou se poderia considerar que quem cala consente. Ele não respondeu.
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