Ney ‘organiza festa’, mas não paga OS e profissionais da saúde não recebem rescisão

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Depois de não repassar o recurso em dia à gestora da saúde de Embu das Artes e provocar o atraso do salário dos funcionários dos pronto-socorros, o prefeito Ney Santos (PRB) não pagou de novo o que deve à OS (organização social) e deixa os profissionais sem receber os direitos como a rescisão e passar até necessidades. Trabalhadores alvo de calote chamam a atenção de que o prefeito vai promover shows na cidade, mas não honra os pagamentos devidos.

Ney Santos e mensagens
Ney e alguns ex-funcionários da Edusa cobram direitos; eles pediram para ter identidade ocultada por medo

Desde terça-feira (30), quando o governo Ney teria prometido acertar os valores não pagos, dezenas de profissionais da saúde contratados pela Edusa que foram dispensados ou seguem na rede ao terem sido absorvidos pela organização privada que assumiu a gestão da saúde de Embu – a AMG – procuram o VERBO para denunciar a falta de pagamento dos direitos trabalhistas. Todos acusam descaso de Ney e pedem anonimato por terem “muito medo” de represálias.

Em mais um capítulo do caos na saúde sob a gestão Ney, os profissionais contataram a reportagem desesperados. “Sou funcionária da saúde de Embu, estamos precisando da ajuda de vocês, há 31 dias fomos demitidos, porém, não recebemos a nossa rescisão e não temos nenhuma resposta concreta. Somos mais de 200 funcionários”, disse uma prejudicada. Ela aceitou falar o nome só após saber que não seria revelado. “Não sabemos mais a quem recorrer.”

Na terça-feira (30), uma ex-contratada da antiga gestora, desligada em 1º de abril, também denunciou o descaso. “Sou ex-funcionária da empresa que recentemente foi trocada pelo prefeito, e até o momento não recebemos nossa rescisão. Quando questionamos a empresa, a mesma diz que está dependendo do repasse da prefeitura. Entramos em contato com a prefeitura, mas sem sucesso. Estamos em situação difícil, a prefeitura só enrola, falando datas”, disse.

Outra ex-funcionária citou que a Edusa assumiu a saúde de Embu, em 28 de julho de 2017, “com a grande promessa de que a situação dos funcionários iriam melhorar, que não haveria atraso no pagamento dos salários”. “Mas só foi cumprida nos dois primeiros meses de gestão, depois disso começaram os atrasos de pagamento, vale-transporte. Como exigiam dos funcionários o melhor se não nos davam suporte básico como pagamento do salário?”, questionou.

“Tem muitas coisas que a população acha que está perfeito sem saber que tem médico que atende num setor que não é especializado, que não tem noção do que deve fazer. A Edusa saiu em 1º de abril – parece até piada, o dia da mentira -, tivemos que lutar para conseguir receber o salário de março, que só foi pago em 17 de abril, mas até agora não nos pagaram nossos direitos trabalhistas, rescisão, FGTS. Será que acham que não temos contas para pagar?”, desabafou.

Também na terça, um ex-funcionário acusou a pendência, ao citar o sufoco de ter recebido o salário só no dia 17, em vez do 5º dia útil. “Hoje é dia 30 e a prefeitura nem a Edusa nos deram uma posição sobre as nossas verbas rescisórias. Disseram que iam estar em reunião hoje e iam nos dar uma resposta, e até agora nada. Será que podiam nos ajudar com uma reportagem para pressionar? Sei que vocês batem de frente com a prefeitura contra o que é errado”, disse.

Outra ex-funcionária da Edusa protestou também no último dia de abril sobre o não pagamento e contra a iniciativa da gestão Ney de fazer uma festa junina. “Amanhã [dia 1º] faz um mês que trocou de empresa e até hoje não recebemos nossos direitos, a prefeitura só nos enrola, dizendo que estão verificando valores e ninguém nos paga, a prefeitura não fez o repasse para a Edusa nos pagar. Enquanto os funcionários esperam, a prefeitura organiza shows”, disparou.

Outra ex-contratada também condenou a “festa” enquanto o governo não honra o pagamento. “Até agora o prefeito não pagou o nosso direito. São mais de 260 funcionários. São 31 dias que fomos mandados embora, não recebemos FGTS nem rescisão, sendo que por lei no artigo 477 tem dez dias corridos para pagar. Como o prefeito tem dinheiro para chamar bandas no parque Rizzo, como pode ele fazer festa e tudo e não pode pagar as revisões?”, protestou.

Uma profissional que continua na rede, pela nova gestora, fez coro em reclamar os direitos. “Sou ex-funcionária da Edusa e atual funcionária da AMG. “Nossa rescisão e FGTS não foram liberados, a data de pagamento, segundo a lei, seria 11 de abril. E até o momento nem responder nossas mensagens os governantes respondem. Estão reformando o PS Central, maternidade, UPA, e Hospital Leito Vazame, mas estamos pedindo somente nossos direitos”, cobrou.

OUTRO LADO
VERBO procurou Ney Santos nesta quinta-feira (2), às 12h15: “O que acontece, prefeito? As pessoas estão passando necessidade!” Ele silenciou. Depois de os profissionais apelarem de novo por ajuda, a reportagem voltou a questionar Ney, às 17h06: “Nada a declarar, prefeito?”. Ele resolveu responder. “Vocês deveriam entrar em contato na Secretaria da Saúde”, disse. A reportagem disse que o secretário Raul Bueno nem a secretária-adjunta Maria Serrano responderam.

“Eles não receberam ainda porque não são funcionários da prefeitura, são de uma empresa terceirizada. A empresa tem uma prestação de contas. Ela está sendo analisada para a prefeitura poder repassar o dinheiro para a empresa poder fazer o pagamento da rescisão de todos os funcionários”, disse Ney. O VERBO perguntou quando ocorrerá o repasse. Disse que “quando a comissão que está analisando as contas der ok”. Indagado sobre prazo, não respondeu.

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