Na 63ª Paixão em Taboão, Jesus estreante diz que fazer papel ‘uma vez só é pouco’

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no centro de Taboão da Serra

Após atuação quase cativa pela vilania do drama do filho de Deus, ao fazer Judas e depois Herodes por pelo menos quatro anos consecutivos nesta década, o protagonista da 63ª Paixão de Cristo em Taboão da Serra, na sexta-feira (19), no Parque das Hortênsias (região central), revelou não ter “entregue” o personagem pronto e flertou com o denso papel no ano que vem. O experiente ator Joselito Gaza disse que fazer Jesus, “especificamente, uma vez só é pouco”.

Jesus (Joselito Gaza)
Jesus, vivido pelo ator Joselito Gaza (ex-Judas e ex-Herodes), é torturado (flagelado) na 63ª Paixão em Taboão
Paixão
Cena da ressurreição na Paixão de Cristo em Taboão, que teve mais de 20 cenas e durou menos de duas horas
Parte do elenco
Parte do elenco de 53 atores profissionais, além de voluntários, vibra ao fim da Paixão no Pq. das Hortênsias

Com quase duas horas de duração – começou às 19h30 e terminou às 21h20 -, a 63ª Paixão teve mais de 20 cenas, iniciada com o sermão da montanha. Depois de uma música, teve inusitada volta no tempo com o batismo de Jesus. A cena mais impactante foi a da flagelação de Cristo, próxima ao público. A do enforcamento de Judas impressionou também. Após morrer na cruz, Jesus surgiu resplandecente no alto de monte, sob vibração do público e fogos no céu.

“Vão e ensinem o meu maior mandamento, amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Eu estarei com vocês para todo sempre!”, disse Cristo, na voz de Joselito, que se aprofundou apesar da história icônica. “Eu estudei os evangelhos, assisti a filmes, busquei esse material para trazer elementos para a construção deste personagem, mas ele se constrói sobretudo no palco. […] A troca com o público é essencial, a fé das pessoas é o que me alimenta, sobretudo”, disse.

Ao VERBO, Joselito se disse impactado pelo papel de Cristo. “É uma carga de emoção muito grande, sabe? Senti hoje que ainda o estou construindo, falei até para alguns colegas: ‘Fazer esse personagem, especificamente, uma vez só é pouco, para construí-lo na sua dimensão’. Apresentamos o que foi possível trabalhar no espaço de tempo que tivemos. Mas a emoção de fazer a Paixão de Cristo é muito pontual, [com] a fé do povo, a energia que emana de lá”, afirmou.

Apesar de 15 anos de palco, Joselito disse que estava ansioso no início da encenação, ao destacar os diálogos na hora. “Confesso que estava bastante nervoso, fazer ao vivo, com medo de gaguejar por nervosismo e de o microfone não funcionar direito – já tivemos a experiência de fazer ao vivo, mas há anos, e não foi lá muito bem sucedida, mas desta vez acho que deu certo. A gente espera ter passado a mensagem de Cristo, sobretudo de amor, esperança”, declarou.

A fã número 1 de Joselito aprovou a atuação. “Achei que ele foi bem. Estou emocionada. Chorei”, disse Maria Aparecida Teixeira, 71, mãe do ator. Joselito recebeu abraço do amigo ator Clayton Novais, que fez Cristo na Paixão por seis anos, inclusive em 2016 nos 60 anos da encenação – mais antiga que o próprio município. Novais se prostrou para saudar Joselito, que também se abaixou. “Agora é o seu lugar”, elogiou Novais. “Você foi uma inspiração”, falou Joselito.

A Paixão teve 53 atores profissionais e 150 pessoas entre produção e voluntários. A diretora de elenco Maira Galvão, que “dirigiu um pouco de tudo”, exaltou a parceria do Santuário Santa Terezinha na concepção musical e o apoio do secretário Wanderley Bressan (Cultura). “A gente se sentiu em casa nesse processo, tem muita gente que faz a Paixão que não é ator e muitos que são atores. É um casamento que acaba em algo rico para a cultura taboanense”, disse.

Também veterana da Paixão, Maira disse ser “tocada profundamente” pela cena de Jesus com Maria e do enforcamento de Judas, por serem modelos de conduta. “Não existe arquétipo mais poderoso que o da mãe com o filho. Sobre Judas, quem nunca se sentiu um traidor, em relação aos próprios sonhos, desejos, vontades? Quem nunca olhou para um amigo e fez algo que não devia ter feito? É também um arquétipo muito forte, de quem se arrepende do que fez.”

Maira disse que na Paixão os envolvidos têm de estar “a serviço de contar a história de Jesus da melhor forma possível”. “Os egos de todos nós têm de estar abaixo disso, temos que estar concentrados. Acho que houve isso. Esse espetáculo está acima até da questão teatral, é para trabalhar o espírito para que a mensagem do amor prevaleça. […] Estou muito feliz com a escolha do elenco, não me arrependo de nenhum nome, todos superaram minha expectativa”, afirmou.

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