Com atores com deficiência, Paixão de Cristo da ‘inclusão’ é aclamada no Pirajuçara

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no Pirajuçara, em Taboão da Serra

Mesmo ainda sem o ato da ressurreição, a 18ª Paixão de Cristo no Pirajuçara, em Taboão da Serra, teve no elenco pessoas com deficiência e foi ovacionada pelo público, na sexta-feira (19), no ginásio Zé do Feijão. Cerca de 1.500 espectadores assistiram com olhar vidrado e de compaixão a 24 cenas que culminaram com a crucificação de Jesus. Fiel ao evangelho, a dramatização da “inclusão” terá a cena em que Jesus vai “reviver” neste domingo (21), a partir das 17h.

Com o esposo José, Maria
Com José, Maria foge com Jesus menino diante da ordem de Herodes de matar crianças, no início da 18ª Paixão
Jesus encontra Maria
Jesus dialoga com Maria ao se despedir da mãe para iniciar a ‘história de salvação’ pela qual seria perseguido
Cristo parte o pão
Cristo parte o pão na última ceia com os apóstolos, em memorial que originou o ato dos católicos de comungar
Parte
Cego bate tambor em um dos atos com atuação de pessoas com deficiência, destaque da Paixão no Pirajuçara
Após condenado
Após condenado pela omissão de Pilatos, Jesus é torturado em cena na quadra do ginásio, próximo ao público
Jesus é crucificado
Cristo, vivido por José Nascimento, único ator profissional no palco, pela 1ª vez no papel de Jesus, é crucificado
Após Jesus ser descido da cruz morto, Maria
Maria, vivida por Catia Costa pela terceira vez, canta sofrimento pela morte de Jesus, única parte com musical

Realizada por fiéis da paróquia (São João Batista) do padre Kieran Ridge, a 18ª Paixão de Cristo foi encenada por mais de 70 atores amadores, com exceção do personagem de Jesus, vivido pelo artista de teatro José Nascimento, que representou o protagonista com serenidade e sentimento de amor ao próximo, principalmente aos mais necessitados, como na cena em que defendeu a mulher acusada de adultério – “quem nunca pecou que atire a primeira pedra”.

Antes de lavar os pés dos apóstolos, gesto que pediu que fosse repetido em sinal de serviço, Cristo saudou cada um com um abraço fraterno na célebre ceia do Senhor, partilha do pão que originou o milenar ato dos católicos de comungar a hóstia consagrada. Entre outras partes marcantes, a encenação retratou o batismo de Jesus por João Batista, a traição de Judas, a tentação a Jesus pelo diabo, a conspiração de Caifás e o interrogatório perante Herodes.

A propósito, a Paixão começou com a ordem de Herodes pai de manda assassinar as crianças para tentar matar Jesus recém-nascido, episódio que não tinha sido incluído em edições anteriores recentes da da encenação. “Tínhamos deixado de fazer essa cena há algum tempo. Alguns diretores optam por não ter por ser muito forte. Optamos em fazer, ficou forte, reduzimos um pouco a violência, mas manteve a novidade”, disse o diretor-geral Edson Ferreira.

Se escapou da morte nos braços de Maria em fuga com José, Cristo cumpriu a “missão” de dar a vida, três décadas e três anos depois, após angústia diante do “destino” também representada com carga dramática. Acusado de “agitador”, Jesus foi sentenciado à crucificação pela omissão de Pilatos em condenar um “inocente”. Ele foi torturado com açoites durante três voltas pela quadra ao lado do público em cadeiras e nas arquibancadas com semblante de consternação.

Nascimento, 35, fez a décima peça com a 18ª Paixão de Cristo, mas a primeira como Jesus. “Quando fui convidado, tive receio por causa da vida conturbada, sem tempo, mas assumi o desafio, algo diferente na minha trajetória. Representar Jesus é um exercício de autoconhecimento por ser um personagem profundo. Procurei passar que Jesus é serenidade e amor. Ele tinha convicção no que falava e sabia pelo que ia passar, mesmo assim não abandonou ninguém”, afirmou.

Depois de Cristo ser descido da cruz morto, Maria o teve nos braços – em cena imortalizada na escultura “Pietà” -, no derradeiro ato da Paixão diferente das últimas duas edições, quando foi musical. “Neste ano, tratamos mais das raízes do teatro, com um palco modelo italiano para fazer as cenas. Só a última cena que teve a música de Maria, quisemos dar destaque para ela”, disse Ferreira. Aclamada no papel, Catia Costa viveu a mãe de Jesus pelo terceiro ano seguido.

O grande destaque, porém, foi a inclusão, um dos personagens (soldado) foi feito por um ator com hidrocefalia, e outras pessoas com deficiência bateram tambor. “Tivemos a oportunidade de incluir pessoas deficientes visuais, com comprometimento intelectual, problema de mobilidade. Participaram do início ao fim, principalmente na percussão, ao vivo, outra novidade”, exaltou Ferreira. Ao final, o público explodiu em palmas. A “ressurreição” promete mais emoção.

SERVIÇO
18ª Paixão de Cristo no Pirajuçara
> Encenação da ressurreição de Jesus
Neste domingo (21), a partir das 17h
No ginásio de esportes Zé do Feijão (altura da estrada Kizaemon Takeuti, 1.950, Parque São Joaquim).
Classificação livre e entrada gratuita
– Direção-geral: Edson Ferreira
– Direção: Rosana Ferreira, Joel Macedo, Susana Macedo, Josy Matos, Marcelo Nunes
– Adereço e contra-regra: Ricardo Telles, Osmar Bertoleza e Suzana Macedo
– Figurino: Thais Frois e Rian Jesus
– Elenco (parte): Jesus (José Nascimento), Maria (Catia Costa), Caifás (Carlos Jerônimo), Pilatos (Eduardo Bueno), Herodes (Lucas Renan), Claudia (Ana Laura Viana), Longino (Flávio Almeida, ex-Jesus), Everaldo Silva (Chefe da Guarda Romana)

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