GABRIEL BINHO
ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O secretário de Cultura do prefeito Ney Santos (PRB), Júlio Campanha, ameaçou na segunda-feira (15) “colocar à disposição do governo” – para serem remanejados – os funcionários da pasta, inclusive concursados, por entender que não estão atendendo convocação para trabalhar na Paixão de Cristo em Embu das Artes, na sexta-feira (19). Ele disse enfrentar “muita negatividade” e que quem “se negar” a comparecer não ficará mais na secretaria na próxima semana.
Júlio exerceria o papel de cobrar os subordinados, mas o “aviso” não foi bem recebido. “O secretário [está] ameaçando os funcionários”, reagiu um servidor. O VERBO teve acesso ao áudio da fala de Júlio aos servidores. “Boa tarde a todos os colaboradores da Secretaria de Cultura, aqui quem vos fala é o secretário de Cultura, Júlio Campanha. Veja, estamos na semana derradeira da Paixão de Cristo, eu preciso do apoio de todos os funcionários para esse evento”, iniciou.
“Estou tendo muita negatividade com os funcionários da Secretaria de Cultura, a gente pede para vir nos ajudar e estão se negando. Vou dizer o seguinte: aquele que se negar a trabalhar na Paixão de Cristo, a semana que vem vou colocar à disposição do governo para outras secretarias, essa secretaria demanda muito do apoio de todo mundo, se não podem nos ajudar no momento em que a gente mais precisa, vou colocar vocês à disposição de outras secretarias. Ok?”, falou.
Júlio é vereador e aceitou “entregar” a cadeira por pressão de Ney em negociação para fazer Gideon Santos (PRB) – apenas segundo suplente – herdar a vaga em troca de votos de grupo ao qual Gideon é ligado aos candidatos Ely Santos (PRB) e Hugo Prado (PSB). A manobra foi um fiasco, os dois tiveram votação pífia no “curral” de Gideon. Júlio, insatisfeito, chegou a se exonerar da pasta, mas recuou após “ameaça” de Ney de não ser mais atendido no governo.
Júlio tem perfil incisivo, polêmico muitas vezes, mas franco. No ano passado, ele não gostou de o colega Doda Pinheiro (sem partido) se “apropriar” da praça da Juventude com a ideia de a chamar de arena multiuso. “É a mesma indicação que já fiz, e que [pela qual] já apanhei muito [pelo atraso na obra], quase perdi a eleição por causa disso, e agora ele vem trocar o nome para dizer que é o bonzão. Não é assim que funciona, é ele querer me fazer de otário”, disparou.
OUTRO LADO
Procurado pelo VERBO, Júlio não se negou a falar e confirmou o que disse. Ele afirmou, sobre aos comissionados, que “não os ameacei de exonerar”. “Só disse que os colocaria à disposição do governo para troca de secretaria. Pois a secretaria requer muita disposição de todos os colaboradores, se o senhor [repórter] não sabe, a Secretaria de Cultura é uma das que trabalham à noite e fim de semana, e quem trabalha nela tem que estar disposto a isto”, disse.
Júlio apontou que os que não ajudam são “protegidos” no governo. “Inclusive eu, secretário, também me sacrifico com os compromissos da secretaria. Não é justo alguns servidores aceitarem trabalhar e outros não, por acharem que são protegidos por algumas pessoas. Foi isso que eu disse. E isso não serve só para a Paixão de Cristo, mas para todos os eventos se for necessário”, disse, ao citar as próximas realizações – Festa de Santa Cruz, Corpus Christi e festa junina.
“Nesta secretaria ou está disposto a trabalhar ou pede pra sair ou ir para outra secretaria. Senão as coisas não funcionam. Achei de muita maldade a sua pergunta, ainda mais me conhecendo como conhece. Mas tudo bem, estou a sua disposição para mais esclarecimentos pessoalmente. Muito obrigado pela atenção”, finalizou Júlio. Porém, os próprios servidores acusam a “ameaça”. Apesar de a reportagem já ter o áudio, Júlio fez questão de enviar a fala dele.
> OUÇA ÁUDIO DA FALA DO SECRETÁRIO JÚLIO CAMPANHA AOS SERVIDORES DA CULTURA
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