Mandado a júri por tentar matar repórter, Renato chama imprensa para café da tarde

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Mandado pela Justiça de Embu das Artes a júri popular por tentativa de homicídio qualificado – por motivo torpe e por dificultar a defesa da vítima – contra um repórter e chargista, Gabriel Binho, do VERBO, o secretário de Comunicação do prefeito Ney Santos (PRB), Renato Oliveira, convidou a imprensa regional para um café da tarde nesta quarta-feira (3), às 15h, na prefeitura. Embora faça uma reunião institucional, numa repartição pública, ele não convidou este site.

Secretário de Comunicação, Renato Oliveira, que
Secretário Renato Oliveira, réu por tentativa de homicídio contra repórter, faz ‘café com jornalistas’ nesta 4ª
Carro i30 usado por Renato e o comparsa Lenon em atentado a Binho
i30 usado por Renato e Lenon no ataque; Binho com tornozelo quebrado, quando criminosos eram ignorados

Renato é réu confesso do atentado contra Binho. Na madrugada de 28 de dezembro de 2017, o então subsecretário de Comunicação de Ney perseguiu Binho e o derrubou da moto na rodovia Régis Bittencourt. Binho teve um tornozelo quebrado e teve de ser operado, fazer fisioterapia e usar muletas por seis meses – ele ainda manca, como sequela do ataque. Renato alegou querer conversar com Binho, mas o observou por quatro horas na praça e não o abordou.

Dois meses depois do crime, após tentativa de incriminar um guarda municipal, Renato e o segurança Lenon Roque, que estava no carro, confessaram autoria. Três meses antes, sobre quem considerava adversários do governo, Renato disse: “Peço todos os dias pra vocês deixarem eu resolver. Mas ninguém autoriza”. Indiciado, ele apagou o comentário. Corréu pelo mesmo crime que Renato, Lenon teve a prisão decretada. Ele já está preso, por porte de arma raspada.

Renato foi indiciado em 16 de fevereiro de 2018. Dois dias depois, Ney fugiu dos jornalistas na sessão de aniversário de Embu para não falar do caso. A imprensa regional cobrou que Renato não mais representasse a Comunicação da prefeitura. Sob pressão, Ney o exonerou três dias após a acusação formal. Mas Renato nunca foi desligado do governo, foi assessor “às escondidas”, até que há dois meses foi “promovido” a secretário, mesmo com o processo em curso.

Em decisão proferida há duas semanas, o juiz Rodrigo de Godoy constatou que os “acusados perseguiram a vítima pelas ruas da cidade até o local do evento” e citou Renato alegar “assuntos pendentes” a sanar com Binho. “Posto isso, a tese de que os acusados queriam apenas conversar com o ofendido e que não deram causa aos seus ferimentos, trata-se de versão controversa que não pode ser acolhida nesse momento, pois não se mostra indene de dúvida”, diz

Godoy agravou que Binho não teve condições de se proteger. “Prosseguindo, a qualificadora do recurso que dificultou a defesa da vítima deve ser mantida, já que não se mostra manifestamente impertinente no caso em tela, considerando que há indícios de que a vítima foi abordada de inopino [inesperadamente] e pelas costas, reduzindo sua capacidade de resistência à agressão”, diz – em contestação da versão de Renato de que “deu buzina e farol” para Binho parar.

O julgamento ainda não tem data para acontecer. Mas não deve demorar, já que um dos réus, Lenon, está preso. Apesar de alegar que não quis derrubar Binho na rodovia, que foi um acidente, Renato não convidou o VERBO para o café. Na eventualidade de Binho ser enviado pelo site ao evento, Renato não poderia permanecer no local. Por ordem judicial, ele é alvo de “proibição de contato com o ofendido, […] devendo aguardar a distância mínima de 300 metros”.

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